"O Secretariado Nacional da União das Misericórdias Portuguesas (UMP) aprovou recentemente a criação da Academia de Estudos
Misericordianos. Por iniciativa e proposta de Manuel Ferreira da Silva,
fundador do jornal Voz das Misericórdias, a Academia pretende ser um fórum de
estudo e reflexão sobre as Misericórdias e todas as dinâmicas que as envolvem e
caraterizam."
Jornal Voz das Misericórdias, Maio de 2013
segunda-feira, 17 de junho de 2013
sábado, 15 de junho de 2013
À Bout de Souffle
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Nas ondas no rio no meio das casas
Os prédios de letras desfazem-se em números
Os símbolos vagos são gotas de chuva
O vento é vertigem ruína de ideias
Conceitos castelos que se desmoronam
A lava das ruas sobe à superfície
A água fervilha e desfolha páginas
Um arranha-céus faz de secretária
A luz de um relâmpago faz de candeeiro
Um salto no espaço no buraco negro
Futuro nas frases nas linhas quebradas
No papel molhado na caneta húmida
Nos cálculos lúbricos e nos teoremas
E na enxurrada de premissas falsas
O vento na cara o livro de rojo
A racha no muro a mesa entornada
Há teses hipóteses planos imperfeitos
Torrente de símbolos dilúvio de ideias
Letras a boiar números desbotados
Sucessão de casas ondas a ruir
Um salto no espaço aberto no cérebro
No círculo certo no centro do mundo
E no convergir de todos os arcos
Arquejar dos astros tempestade cósmica
Golfada de vento espasmo universal
Um salto no centro da falta de fôlego
De um deus quase à beira de criar alguém
E que pára à espera de ouvir o silêncio
No fundo do vento no fundo da chuva
Para lá da lama em fechando o livro
Mas o livro ri-se
Grossas gargalhadas bátegas de riso
Bailam sobre as águas comandam o vento
Saltam no vazio no espaço deixado
Pela falta de ar do sopro de Deus
Preso ao turbilhão da ideia de ser
E do movimento a que deu início
E não quer parar não sabe parar
Não pode parar
Enquanto houver letras enquanto houver livro
E o livro for lei
14/6/2013
Fernando Henrique de Passos
quinta-feira, 13 de junho de 2013
No Aniversário Natalício de Fernando Pessoa
«Acima da verdade estão os
deuses.
A nossa ciência é uma
falhada cópia
Da certeza com que eles
Sabem que há o Universo.
Tudo é tudo, e mais alto
estão os deuses,
Não pertence à ciência
conhecê-los,
Mas adorar devemos
Seus vultos como às flores,
Porque visíveis à nossa alta
vista,
São tão reais como reais as
flores
E no seu calmo Olimpo
São outra Natureza.»*
quarta-feira, 12 de junho de 2013
Santo António e o povo de Lisboa
«Durante a sua vida, não há notícia de que S. António tivesse feito milagres. Mas, depois de morrer, porque a dor, a carência do seu afecto pretendem algo que o continue, a fé nasce no coração daqueles que dantes só o admiravam ou o amavam demasiado humanamente.»
«Mas quando S. António morreu, de repente, tudo se modificou. É então que ele é revelado aos seus contemporâneos, é revelado no vazio que ele lhes deixa.»
«É então que o espanto domina essa multidão até aí tão segura num amor que era quase obstáculo da fé.»
«Então ela compreendeu que é a fé que readmite a grandeza do amor, que lhe dá vida, que tem o poder de conter os vivos na perpétua união com a vida. E foi quando os milagres começaram.»*
* Excertos do livro Santo António de Agustina Bessa Luís, pp. 229-230.
terça-feira, 11 de junho de 2013
Psicanálise sideral
Um sono pesado do lado estranho da montanha
De pé no estrado por cima do rio
Na mão o machado sobre a lenha
O fio da lâmina metalizando o frio
O peso do castelo no ângulo azul do horizonte
A massa de argila lodosa ao pé do barro
A água suspensa do escorregar da fonte
O caminho estreito do burro atrás do carro
A taça que cintila no estalar da luz no arvoredo
O delírio do ídolo das fadas no terraço:
Varandas penduradas sobre os mundos imensos do segredo:
Terror nocturno da solidão do espaço
10/6/2013
Fernando Henrique de Passos
quinta-feira, 6 de junho de 2013
Uma psico-biografia de Santa Teresa do Menino Jesus
Edições Carmelo acabam de publicar uma obra
sobre Santa Teresa do Menino Jesus
«E a paz surge em quem sabe "dar" o Amor, da mesma maneira que o sabe "receber".»
«A paz que começa no nosso coração transmite-se aos outros corações. A paz é o fim último do "viver de Amor"»
Teresa Ferrer Passos «Poética do Sofrimento e do Amor em Santa Teresa de Lisieux» in revista Faces de Eva, nº16, 2006, p.59.
sábado, 1 de junho de 2013
No Dia Mundial da Criança - Pequena Homenagem
No
átrio de uma escola, onde não se lembrava de alguma vez ter entrado, Beatriz
viu um letreiro que dizia: «Nuvem pequenina de céu». Ficou pasmada. Nem queria
acreditar. Como podia estar a ver ali um recreio de uma escola?! Correra tão
depressa e chegara, sem dar por nada, àquele lugar?! Só tinha a certeza de não querer
encontrar qualquer outra escola.
Afinal, ali havia também uma escola?! Como,
estando tão distante da sua escola, entrara numa escola que lhe parecia a mesma?
Ela, que fugira de uma escola por não gostar de lá estar, que penetrara num
mundo livre de maldade e logo entrava, de novo, numa escola? «Só pode ser igual
à outra!», gritou desesperada. As escolas não eram todas iguais? Se todas eram
escolas, todas deviam ser iguais, pensava com uma grande desilusão a percorrer
todo o seu corpo encharcado pela água gelada do rio, mas cheio de uma nova
esperança.
A sua cabecinha, estonteada por uma fuga
tão vertiginosamente rápida, sentia-se demasiado confusa e estranha. Ali,
naquela escola via tantos meninos e meninas correndo, jogando, rindo. Mas como
fora ali parar?! Quem a empurrara para aquele lugar que só lhe trazia terríveis
lembranças de um tempo horrível e tão próximo? Precisamente, o lugar que ela
tanto desejara esquecer para sempre, aparecia-lhe, inesperadamente, no fim do
mundo?!
De súbito, Beatriz pensou que talvez se
tivesse enganado na direcção que tomara. Tal a sua precipitação na fuga, tal o
desejo de não voltar à escola… Devia ter seguido por um caminho errado… Mas,
como se enganara?! Haveria mais do que um caminho? E ela que julgava só haver
um destino por aquele rumo…
Restava-lhe fugir de novo, sair dali. Mas
como fazê-lo? Não via uma porta, nem um portão, não via uma rua, nem uma
estrada. Estava dentro de um recinto aberto e, na verdade, completamente
fechado. Naquele lugar, onde todos pareciam brincar divertidamente, também não
descobria uma janela, sequer uma estreita fresta. Onde chegara, afinal?! O
ambiente tão natural numa escola parecia-lhe idêntico ao da escola tenebrosa
donde fugira. Encontrava-se numa escola, era iniludível. Ora, isto só poderia ser
o começo de um novo suplício…
Agora que escolhera a liberdade de ser
outra criança, a liberdade de ter o seu próprio destino, acabava de entrar ainda,
outra vez, numa escola?! Quanto tempo desejara ver-se livre daquele recreio
onde os meninos da sua turma lhe batiam todos os dias, como se ela estivesse
ali a mais, estivesse ali sem dever, como se ela fosse um empecilho, um estorvo
ou um bocadinho de lixo abominável. E, depois da fuga salvadora, caíra numa
armadilha… Tinha a certeza. Entrara de novo numa escola!
Sem ela ter tido tempo de procurar uma
eventual saída, duas meninas e um menino saíram do grupo em que brincavam e,
olhando-a, disseram em uníssono: «Anda Beatriz, vem brincar connosco».
Estupefacta ante o simpático convite, respondeu toda a tremer: «Brincar com
vocês? Vocês não são como os outros?!». «Vem, não tenhas medo. Somos teus
amigos». «Meus amigos, como?», interrogou Beatriz, sem acreditar na sinceridade
das suas palavras.
«Aqui, numa pequenina nuvem de céu, todos
são amigos e, por isso, ninguém fica de fora da amizade», disseram a sorrir. «Mas
eu devo ficar como sempre fiquei! Sempre fui vista na escola como um verme, um verme
repelente…», insistiu Beatriz, sem acreditar no que lhe diziam. Seria um
embuste para a apanharem? Iria cair numa nova armadilha? Ou, pelo contrário,
estavam a dizer-lhe a verdade?! Mas como podia Beatriz acreditar?!
Ao verem-na sem responder e com as faces
incendiadas de medo, já nem conseguiam sorrir. Como a tinham magoado, afinal! Depois,
viram-na a esconder-se por traz de um fiozinho de água de uma das fontes daquela
escola, cheia de fios de água, plantas com frutos e relvados largos com pequenos
esquilos, coalas e lémures a saltitar. Todos os animais que saiam das suas
tocas tinham um pelo aveludado, olhos dóceis e patinhas felpudas.
Entretanto, Beatriz começou a divertir-se
com aqueles bichinhos inesperados. E, os três meninos saídos do grupo, não
resistiram a chamá-la de novo: «Tu abandonaste o tempo da inimizade, rejeitaste
o tempo da cólera, tu tiveste a coragem de escolher o tempo da harmonia e o
tempo da paz. Aqui, encontras esse tempo em que nunca chegaste a viver. Nesta
escola serás tratado por irmã». «Escolhi o único tempo em que eu podia viver, o
tempo da amizade», respondeu Beatriz, já confiante e com um sorriso nos lábios.
Naqueles momentos, a pequena Beatriz começou a
sentir que podia haver escolas com meninos bem diferentes daqueles que estavam
na escola donde fugira. Afinal, havia escolas com meninos amigos uns dos outros,
sem marginalizados, sem os «fora do grupo», sem martirizados, só porque eram
cheios de mansidão. Naquela escola, que estava numa pequenina nuvem do céu, não
havia que ter medo de ficar lá, sempre a aprender novas coisas.
Agora, Beatriz não pensava mais em fugir. Naquela
escola, a amizade apagava a mais pequena sombra de violência. Ali, não havia
meninos a provocarem sofrimento aos que tinham só afecto no coração. Neste
lugar, em que tudo era movido pelo sentimento da fraternidade, Beatriz queria
ficar, sem relutância, sem qualquer susto. Aqui, até poderia ter encontrado um
lugar para sempre, mesmo sendo, e ainda sendo, um lugar chamado escola.*
Teresa Ferrer Passos
*Conto inédito
terça-feira, 28 de maio de 2013
Um poema de Mia Couto
Identidade
Preciso ser um outro
para ser eu mesmo
Sou grão de rocha
Sou o vento que a desgasta
Sou pólen sem insecto
Sou areia sustentando
o sexo das árvores
Existo onde me desconheço
aguardando pelo meu passado
ansiando a esperança do futuro
No mundo que combato morro
no mundo por que luto nasço
Mia Couto*, Raiz de Orvalho e Outros Poemas
para ser eu mesmo
Sou grão de rocha
Sou o vento que a desgasta
Sou pólen sem insecto
Sou areia sustentando
o sexo das árvores
Existo onde me desconheço
aguardando pelo meu passado
ansiando a esperança do futuro
No mundo que combato morro
no mundo por que luto nasço
Mia Couto*, Raiz de Orvalho e Outros Poemas
(1ª edição em Moçambique em
1983).
*Mia
Couto (nome literário) nasceu, em 1955, em Moçambique. Filho de pais
portugueses, acaba de ser galardoado com o Prémio Literário Camões, o mais
importante da criação literária da língua portuguesa. A sua obra romanesca foi “muito valorizada pela criação e inovação verbal, mas tem tido uma cada
vez maior solidez na estrutura narrativa e capacidade de transportar para a
escrita a oralidade”.
quinta-feira, 23 de maio de 2013
Os Espelhos do Amor
“A vida me ensinou que as pessoas são amigáveis, se eu sou
amável, que as pessoas são tristes, se estou triste,
que todos me querem, se eu os quero,
que todos são ruins, se eu os odeio,
que há rostos sorridentes, se eu lhes sorrio,
que há faces amargas, se eu sou amargo,
que o mundo está feliz, se eu estou feliz,
que as pessoas ficam com raiva quando eu estou com raiva,
que as pessoas são gratas, se eu sou grato.
A vida é como um espelho: se você sorri para o espelho,
amável, que as pessoas são tristes, se estou triste,
que todos me querem, se eu os quero,
que todos são ruins, se eu os odeio,
que há rostos sorridentes, se eu lhes sorrio,
que há faces amargas, se eu sou amargo,
que o mundo está feliz, se eu estou feliz,
que as pessoas ficam com raiva quando eu estou com raiva,
que as pessoas são gratas, se eu sou grato.
A vida é como um espelho: se você sorri para o espelho,
ele sorri de volta. A atitude que eu tome perante a vida é a
mesma que a vida vai tomar perante mim.”
Mahatma Gandhi (1869-1948)*
* Esta reflexão foi extraída do Blogue «Carvão em Fundo Branco»
Mahatma Gandhi (1869-1948)*
* Esta reflexão foi extraída do Blogue «Carvão em Fundo Branco»
quarta-feira, 22 de maio de 2013
As Misericórdias, a Lei e o Voluntariado
Rainha D. Leonor
(Fundadora das Misericórdias em 1498)
A Lei de Bases da Economia Social aprovada, por unanimidade, na Assembleia da República, em 15 de Março de 2013, "estabelece as bases gerais do regime jurídico da economia social", "confere às Misericórdias o destaque que merecem no sector, autonomizando-as no elenco das entidades que integram a economia social".
Jorge Gaspar
"Num período de profunda crise, com uma economia anémica e com fortes sinais de depressão, o setor social tem de ser capaz de se renovar, de alterar hábitos de trabalho e de gestão".
Paulo Moreira
"O voluntariado não pode ser visto como uma moda, pois a moda passa e a missão tem de continuar".
Joaquim Caetano (Coordenador do Voluntariado do Montepio)
"A grande maioria dos currículos dos jovens de outros países europeus apresenta o voluntariado como experiência."
Rui Pontes (Voluntário do Montepio)
in jornal Voz das Misericórdias, Abril 2013
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domingo, 19 de maio de 2013
A Propósito da Descida do Espírito Santo sobre os Apóstolos
“O Espírito Santo faz-nos entrar no mistério do Deus vivo e salva-nos do perigo de uma Igreja gnóstica e de uma Igreja narcisista, fechada no seu recinto; impele-nos a abrir as portas e sair para anunciar e testemunhar a vida boa do Evangelho, para comunicar a alegria da fé, do encontro com Cristo. O Espírito Santo é a alma da missão”.
Homilia no Dia Comemorativo de Pentecostes
Roma, 19 de Maio de 2013
Papa Francisco
Subitamente surge. Tem o teu rosto
As árvores abrem-se ao meio.
O que é sucessivo perde-se.
Se o tempo modifica os seres e os objectos
eu sinto a diferença e gasto-me.
O sol é um erro de gramática, a luz da madrugada
uma folha branca à transparência da lâmpada.
Soam então os barulhos. Soam
de dentro das janelas,
de dentro das caixas fechadas há mais tempo,
de dentro das chávenas meias de café.
É tarde e és tu,
acima de tudo,
entre a manhã e as árvores,
à luz dos olhos,
à luz só do límpido olhar.
In Obra Poética (1972-1985)
Nuno Júdice*
* Nuno Júdice foi galardoado no dia 16 de Maio de 2013 com o XXII Prémio Rainha Sofia de Poesia Ibero-Americana, atribuído pelo Património Nacional espanhol e pela Universidade de Salamanca. Em 2003 o mesmo prémio foi atribuído a Sophia de Mello Breyner Andresen.
sexta-feira, 17 de maio de 2013
Lei para adopção de crianças por casais homossexuais?
Rita Lobo
Xavier, especialista em Direito da família:
“O projecto de lei aprovado esta sexta-feira
no Parlamento que prevê a co-adopção por casais do mesmo sexo desvirtua a
finalidade da adopção, que seria a de criar um vínculo semelhante à filiação
natural”.(…) “É de uma grande violência para o instituto da adopção" ligar
"uma criança à fragilidade do vínculo" entre duas pessoas "que
nunca poderiam ser os progenitores naturais daquela criança".
Manuel
Braga da Cruz, ex-reitor da Universidade católica:
“O que hoje se passou é um passo mais na
degradação moral de Portugal”.
“Lamento que o Parlamento português
tenha tomado uma decisão que considero gravosa para a sociedade portuguesa. Nós
estamos a assistir há um tempo a esta parte a um plano inclinado, decisão após
decisão”.
Federação
Portuguesa pela Vida:
“O princípio da vida está necessariamente
ligado à união entre um homem e uma mulher, e todos os diplomas que tenham o
efeito de deturpar este dado da natureza são perniciosos e ofendem a dignidade
da pessoa humana".
Padre
Manuel Morujão, porta-voz da Conferência Episcopal Portuguesa:
“Independentemente do resultado das votações
que hoje tiveram lugar na Assembleia da República, a Igreja reafirma, por
motivos simplesmente antropológicos, que a adoção de uma criança não é um direito
de qualquer pessoa adulta, solteira ou casada, heterossexual ou homossexual”.
17 de Maio
de 2013 (Excertos da Comunicação Social)
Lei para adopção de crianças por casais homossexuais? *
«A
vida transforma os segredos possuídos
pela
sociedade em perigo como um voto de
advertência. A realidade do mundo obstina-se
em
fugir à compreensão do corpo amado»
Nuno Júdice, Obra Poética (1972-1985)
Toda a criança tem geneticamente um pai
e uma mãe. Como se pode defender que a criança seja adoptada por dois homens – dois
pais –, ou por duas mulheres – duas mães
–, desde os seus primeiros anos de vida?
Se nesta faixa etária não se pode pergunta
à criança se concorda ou não com aquela adopção, nem tão pouco explicar porque vai
ser inserida numa família só com dois pais, ou só com duas mães, o que se está a
fazer?
Em primeiro lugar, oferece-se uma
mentira à criança, uma mentira sobre a sua origem genética, sobre a sua origem
existencial. Na verdade, a criança não merece que lhe “mintam” (no sentido de
omitir a verdade) sobre as suas raízes de vida, sobre os autores do seu
nascimento, tão estruturantes da personalidade.
A verdade é que toda a criança teve um
pai e teve uma mãe. Não pode nascer de outro modo. Perdoará ela, um dia, a
falsidade, o desrespeito pela sua verdade originária, o ponto mais alto da sua dignidade
humana? E, além disso, não soçobrará a sua vida bamboleante numa personalidade
desestruturada, com os emergentes conflitos quase insuperáveis no seu carácter?
A criança é um ser frágil que
necessita de ser muito amado, mas não se deve fazê-la alcançar essa finalidade,
sem ter em conta a sua própria palavra. Não é legítimo usar a criança indefesa
para satisfazer interesses imediatos de uma sociedade à beira de se auto-aniquilar,
qual Sísifo, na busca sem travão da felicidade.
17 de Maio de 2013
Teresa Ferrer Passos
* O projecto
de lei n.º 278/XII do PS foi aprovado na generalidade com 99 votos a favor
e 94 contra, além de nove abstenções.
terça-feira, 14 de maio de 2013
A Economia Social conquista força de lei
«A criação da Lei de Bases da Economia Social vem finalmente reconhecer
o mérito e o trabalho deste setor e a sua aprovação, por unanimidade, na
Assembleia da República é o melhor testemunho desse reconhecimento.»
«Pela primeira vez em Portugal é reconhecido com força de lei
a especificidade e autonomia das Misericórdias.»
«Destacamos o primado da pessoa e o respeito e promoção dos
valores da solidariedade, da igualdade, da não discriminação, da coesão social,
da justiça e da equidade, da transparência e da subsidiariedade.»
Mariano Cabaço, Voz
das Misericórdias, Abril de 2013
domingo, 12 de maio de 2013
Ascensão de Jesus ao Céu
Após uma refeição improvisada com os apóstolos, estes
perguntaram entusiasmados:
“Senhor, é agora que vais restaurar o reino de
Israel?”.
(Act 1, 6)
Não confirmando a interrogação, como eles julgavam, Jesus
respondeu que “uma força do Espírito Santo desceria sobre eles e seriam Suas testemunhas
em Jerusalém, por toda a Judeia e Samaria, e até aos confins do mundo”.
(Act 1, 8)
«Dito isto, elevou-Se à vista deles e uma nuvem subtraiu-O a
seus olhos»
(Act 1, 9)
«E eles, depois de O terem adorado, voltaram para Jerusalém com
grande alegria»
(Lc 24, 52)
sexta-feira, 10 de maio de 2013
Cartografia
Não esqueças o mapa das estradas,
O carreiro na orla dos carreiros,
As latitudes perturbadas,
Os labirintos estrangeiros.
Não esqueças o carro abandonado,
A inscrição no muro do convento,
O príncipe exilado,
Os murmúrios trazidos pelo vento.
E se te levam ao tesouro as várias pistas
Mas no cofre não há mais que um pergaminho,
Não desistas:
É outro mapa – retoma o teu caminho.
9/5/2013
Fernando Henrique de Passos
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domingo, 5 de maio de 2013
A Nossa Senhora do Perpétuo Socorro
Mãe querida, desde a minha juventude
A tua doce Imagem encantou-me o coração
No teu olhar eu lia a ternura
E junto de ti achava a felicidade
Santa Teresa do Menino Jesus
As maias
(invoco, para a Lira, o Arcano e Arcaico do Sápido Sol)
às Mães e às mulheres do meu País
Tu nas águas apareces
E apareces nas ervas,
Nos raminhos e nas preces,
Nos veados e nas cervas.
És o verde, em toda a terra,
És a Madre, em todo o ló.
A Madrinha, pela serra,
E a Senhora do Ó.
Tu soergues o somenos
Numa barca de baunilha;
Eis que vem a flor de Vénus,
Primavera, tua filha.
E quando ela são palomas
Da Maria, ou do enfeite,
As amoras são as pomas
E a Senhora dá o leite.
Tomar, Cidade Templária, 01/ 05/ 2006
IN HERBIS ET IN VERBIS
Paulo Jorge Brito e Abreu
sábado, 4 de maio de 2013
Que palavra, Senhor?
Pequeno rio à volta de Alportel
As palavras crescem como
mapas-mundo inomináveis,
crescem como rios cheios de
viscosos laços,
crescem como martírios,
Senhor!
Palavras em busca de palavras,
não sabem ver-Te,
mesmo aqui!
Vem, Senhor, trazei-me a delícia
das Vossas palavras
que as minhas… não!
Senhor vem, depressa, em meu
socorro!
Dizei-me: Onde estais,
em que simples palavra?
Giro à Vossa procura, e
procuro uma só palavra Vossa
e morro porque não a escuto, ela
não está aqui!
Tende piedade, Senhor!
Na poeira de tantas palavras,
não há senão palavras
que não são Vossas, mas vãs...
E procuro mesmo assim a palavra,
arrastando a alma já caída
como um tronco de árvore
entontecido de amor
e sem palavras de céu, de
oração!
Pobre, como eu, sem ter nada,
nem sequer uma palavra
para Vos oferecer, Senhor…
20 de Abril de 2013
Teresa
Ferrer Passos
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