Identidade
Preciso ser um outro
para ser eu mesmo
Sou grão de rocha
Sou o vento que a desgasta
Sou pólen sem insecto
Sou areia sustentando
o sexo das árvores
Existo onde me desconheço
aguardando pelo meu passado
ansiando a esperança do futuro
No mundo que combato morro
no mundo por que luto nasço
Mia Couto*, Raiz de Orvalho e Outros Poemas
para ser eu mesmo
Sou grão de rocha
Sou o vento que a desgasta
Sou pólen sem insecto
Sou areia sustentando
o sexo das árvores
Existo onde me desconheço
aguardando pelo meu passado
ansiando a esperança do futuro
No mundo que combato morro
no mundo por que luto nasço
Mia Couto*, Raiz de Orvalho e Outros Poemas
(1ª edição em Moçambique em
1983).
*Mia
Couto (nome literário) nasceu, em 1955, em Moçambique. Filho de pais
portugueses, acaba de ser galardoado com o Prémio Literário Camões, o mais
importante da criação literária da língua portuguesa. A sua obra romanesca foi “muito valorizada pela criação e inovação verbal, mas tem tido uma cada
vez maior solidez na estrutura narrativa e capacidade de transportar para a
escrita a oralidade”.
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