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quarta-feira, 12 de junho de 2013

Santo António e o povo de Lisboa

«Durante a sua vida, não há notícia de que S. António tivesse feito milagres. Mas, depois de morrer, porque a dor, a carência do seu afecto pretendem algo que o continue, a fé nasce no coração daqueles que dantes só o admiravam ou o amavam demasiado humanamente.»



«Mas quando S. António morreu, de repente, tudo se modificou. É então que ele é revelado aos seus contemporâneos, é revelado no vazio que ele lhes deixa.»


«É então que o espanto domina essa multidão até aí tão segura num amor que era quase obstáculo da fé.»


«Então ela compreendeu que é a fé que readmite a grandeza do amor, que lhe dá vida, que tem o poder de conter os vivos na perpétua união com a vida. E foi quando os milagres começaram.»*


* Excertos do livro Santo António de Agustina Bessa Luís, pp. 229-230.

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Frente a uma imagem de Santo António






Nasci no dia do Irmão António, a recolher-se jovem ao deserto das vertigens da África mediterrânica. Ao lado da dor da saudade pátria, a panaceia da sua santa idade a vazar-se ali e a ser futuro na Itália, sem retorno. 

Nasci no dia do Santo António de Lisboa, como ele. Nesse dia em que, lembrei-me, minha mãe “celebrava o dia dos meus anos”. Nasci. E achei tudo o que a cercava bizarro. Procurei sair de imediato. Mas vi os seus olhos sedentos de mim. Tentei sorrir. Não fui capaz. Mirei-a. Com as lágrimas em torrente, meus olhos, mal abertos, viram as suas faces começarem a entristecer. Olhou o Santo, na paz da mesa de vinhático em frente ao berço. Orou, olhando-o. Fez um sinal enigmático sobre as minhas lágrimas. 

Precisamente, naquele “dia em que celebrava o dia dos meus anos”, com o espanto a brotar do meu corpo tão pequeno, esbocei, com esforço, um sorriso só para ela. Ninguém o viu. Nem mesmo minha mãe ou só o Santo? 




13 de Junho de 2012 (124 anos depois do nascimento de Fernando Pessoa) 

Teresa Ferrer Passos