segunda-feira, 27 de fevereiro de 2023

BREVE PASSAGEM de «UM CIENTISTA E UMA FOLHA DE PAPEL EM BRANCO», 2ª EDIÇÃO



Acaba de ser publicada a 2ª edição de «Um Cientista e uma Folha de papel em Branco», Hora de Ler, Leiria, 2023. Eis um pequeno excerto (pp. 74-75):

« - Também não quero morrer quando a morte chamar por mim. Não quero morrer precisamente nesse instante; vou inventar castelos de palavras com paredes de róseo mármore e altas torres de granito feitas de raras sintaxes e montanhas de sentidos e de ideias em direções infinitas. Vou tornar a minha vida um pouco semelhante ao mar. Construir mesmo os sonhos nunca pensados antes; torná-los tão visíveis como a minha visibilidade de corpo. Tudo poderá ser apenas uma gruta ou um tugúrio, mas as palavras os tornarão grandes. Serão florestas intermináveis ao longo de planaltos abandonados pelos deuses»

Teresa Ferrer Passos

sábado, 25 de fevereiro de 2023

LANÇAMENTO EM HUELVA, ESPANHA, A 9 DE MARÇO

Alcantarilha antiga
do pintor Inácio de Mendonça 

 
Foi apresentado em Huelva, Espanha, a 9 de Março, «EL LIBRO DE POSEÍDON O MI ALMA DE AUSENCIAS» do Poeta Manuel Neto dos Santos:

Aqui, uma passagem do livro publicado pela Editorial Autografia (edição bilíngue), Barcelona, 2022, pág. 43:
«Neste instante, inclinado sobre o caderno, o poeta rodeia- se de sons como se fossem frutos maduros para que a voz se vá escapulindo entre as grades das cordas vocais e do meio da cinza do silêncio se inscreva e emerja a sonoridade do poema. Faça-se, pois, silêncio em minha alma com esse desapego de um cristal embaciado pelo último suspiro e aconteçam tréguas dentro em mim, como fragmentos de horizontes sanguíneos sobre a tela de uma folha em branco»

domingo, 19 de fevereiro de 2023

No 29º aniversário do nosso casamento

PRODÍGIO




um lírio cresceu apagado, obscuro, 
desajeitado e a morte destino triste,
esperava-o desabrigada.
mas uma gota de água tocou-o, 
deu-lhe amparo lentamente,
com paciência infinita.
todo o mundo duvidou do efeito benfazejo
só o lírio sequioso absorvia-a em delírio.
os anos passavam cheios de pasmo cada dia
e a gota de água e o lírio dentro do seu casulo
escreviam com doçura a fervura da vida.
o tempo ao ver tal prodígio
apagou-se da terra
e deixou que para sempre existissem.    

19/2/2023

Teresa Ferrer Passos



OS NOIVOS TRANSPARENTES

Há dois noivos em frente a um altar
Mas podeis ver à transparência
Um futuro à beira de chegar
Feito de amor e paciência.

Há já andaimes que se elevam
Preparando a nova construção.
Da terra ao céu, urgência é o que levam,
Mas a pressa não convém à perfeição.

Esperai e vede, à luz da transparência,
O edifício que se ergue devagar.
Não vos falei em paciência?
Vereis no fim como foi bom esperar…

19/2/2023

Fernando Henrique de Passos

MEMÓRIA de JACOB e RAQUEL


Do romance inédito, em elaboração, São Joaquim, uma alma à procura de Deus:

 «Com a criatividade à sua beira, esculpia-se a energia da paixão, tão semelhante e tão diferente de um para o outro. Abismados de espanto, olhavam o céu coberto de aves esvoaçantes e clamavam, a cada instante, pelo amparo do Altíssimo, que os habitava, sem disso se aperceberem de verdade. Mais próximos um do outro do que de todas as outras criaturas, pela sua natureza, pelos seus atributos, pela espontaneidade das suas vontades, pelas suas pessoas diversas e a imaginar os caminhos da comunhão, como se nada lhes fosse estranho e, na verdade, tudo lhes fosse irremediavelmente estranho; o amor vagabundo que os nutria e que se refletia tantas vezes no vago olhar, criava à sua volta um mágico jardim, jardim feito de perfumes de mil flores que desconheciam o que era mais do que um sonho em vigília.»

Teresa Ferrer Passos


sexta-feira, 10 de fevereiro de 2023

DEVASTAÇÃO DAS ALMAS

 MEMÓRIA BREVE DE UM TERRAMOTO

Da Síria para a Turquia, numa noite interminável, entre o sono longuíssimo e o sonho impossível, a realidade e o irreal, entre o sorriso de uma criança e a lágrima fugitiva de uma mãe, de um pai, à espera ainda. Com a sombra fria do terror, o mundo torna-se mais estranho. Perplexos, sem palavras, acabrunhados, a pensar neles estamos. Eis a única presença que nos é permitida oferecer-lhes na hora do colapso da vida, qual desdita, qual dor tamanha, qual solidão imensa!

T.F.P.