quinta-feira, 16 de maio de 2024

ACERCA DA REALIDADE


«A adequação do entendimento ou intelecto é sempre um exercício de adequação à ordem e conexão das coisas, isto é, à realidade; é um reaprender a ver fora dos signos e símbolos que usamos como lentes hermenêuticas do real, que mais afirmam acerca de nós mesmos do que das coisas.»

13/5/2024

Marcos Mazmandegan (Professor de Ética)

sábado, 11 de maio de 2024

 À ESPERA DE ACORDAR


Senhor,
solta a tempestade.
Estou no cais de embarque
da ode marítima,
o céu está pesado,
o barco não chega,
e eu estou cansado
da grande cidade.
Solta a tempestade,
não quero dormir.
Vou colher relâmpagos
com que irei escrever
no negro da noite
em letras de fogo
o Teu nome Santo.
Solta a tempestade,
que a cavalgarei
e galoparei
até haver terra.
E no fim do mundo
onde hei de parar
cravarei no solo
a espada de chuva
trazida do céu
por um anjo bom,
e a espada de chuva
será a nascente
da água mais pura
que jamais nasceu
do ventre da terra.
Solta a tempestade,
tenho muita pressa.
Solta a tempestade
e anda comigo:
vamos acordar
a velha cidade!
8/5/2024
Fernando Henrique de Passos

Comentários no Facebook:

Da poética como nascente para uma cruzada plena de sentido e novidade, mesmo que a única arma seja o obstáculo mais difícil de defrontar prefigurado na palavra tempestade.
                                                                                                               TFP

Jesus fala na necessidade de conquistar o Reino de Deus pela violência.
                                                                                                      FHP

A auto-disciplina moral implica violência connosco próprios, na verdade.
                                                                                               TFP


sexta-feira, 10 de maio de 2024

terça-feira, 7 de maio de 2024

O tempo de um livro é o instante que passou por dentro de nós como se não tivesse fim. A terrível palavra fim, que pode ser também a palavra mais sublime.

7/5/2024
Teresa Ferrer Passos

domingo, 5 de maio de 2024

SÚBITO NEVOEIRO


a limpidez do mar inscrevia-se na memória
com a intensidade dos dias antes.
a neblina não estava aí. apenas a ondulação
a mirar-se na sua quietude parecia que
não perdera o sentido. ao longe o mar espraiava
o Tejo incauto ousado e pleno de um desejo a
prolongar-se na sua decrepitude. sem antes.
agora a cidade vadia pavoneava-se de nevoeiro
como se fosse a única joia que gostava de ostentar
neste dia a submergir quase numa chuva rala
esquiva como o meu pensamento sem infinito.
as árvores esconsas no Monsanto elevavam-se
como torres que buscavam ver o Tejo num dia de sol.
vi-as abatidas pela tarde de sombras.
vi-as sob a dispersão de um nevoeiro a deixar em
invisíveis fragmentos os ramos largos.
senti o seu marasmo eloquente demais
como se fosse meu.
a minha tenda de sonho tornava-se visível
ao mesmo tempo que uma realidade invisível subia
até ao meu olhar frente àquele assombro.
tão inesperado e tão belo.

4 de Maio de 2024

                                         Teresa Ferrer Passos