Mostrar mensagens com a etiqueta Senhor. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Senhor. Mostrar todas as mensagens

quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Rescaldo

Do grande incêndio de há quase dois mil anos
Que calcinou vontades egoístas
Libertando dos seus interiores sujos
Milhares de diamantes de pureza;
Do terramoto que fez ruir palácios
Mais cedo que o previsto
Salvando assim da morte os ocupantes;
Do vendaval escaldante
Que arrancou dos corpos suas vestes
E nus os lançou no longo caminho de regresso a casa;
Da cheia cujas águas cintilantes
Lavaram tanta chaga e podridão;
Do grande incêndio de há quase dois mil anos,
Do grande tumulto na ordem lógica das coisas,
Já só restam carvões quase apagados,
E por todo o lado despontam mais palácios,
E as roupagens cada vez mais ricas
Ocultam feridas tanto mais temíveis.

Senhor, porque não voltas?


16/10/2014

Fernando Henrique de Passos

sábado, 4 de maio de 2013

Que palavra, Senhor?


Pequeno rio à volta de Alportel
  
As palavras crescem como mapas-mundo inomináveis,
crescem como rios cheios de viscosos laços,
crescem como martírios, Senhor!
Palavras em busca de palavras, não sabem ver-Te,
mesmo aqui!
Vem, Senhor, trazei-me a delícia das Vossas palavras
que as minhas… não!
Senhor vem, depressa, em meu socorro!
Dizei-me: Onde estais,
em que simples palavra?
Giro à Vossa procura, e procuro uma só palavra Vossa
e morro porque não a escuto, ela não está aqui!
Tende piedade, Senhor!
Na poeira de tantas palavras, não há senão palavras
que não são Vossas, mas vãs...
E procuro mesmo assim a palavra, arrastando a alma já caída
como um tronco de árvore entontecido de  amor
e sem palavras de céu, de oração!                              
Pobre, como eu, sem ter nada, nem sequer uma palavra
para Vos oferecer, Senhor…

20 de Abril de 2013

                                                        Teresa Ferrer Passos