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terça-feira, 3 de junho de 2014

Para uma nova evangelização do mundo


Santa Teresa do Menino Jesus (1873-1897)  - 
Precursora da Nova Evangelização do mundo*


Os Manuscritos Autobiográficos (1) de Santa Teresa do Menino Jesus e da Santa Face foram elaborados por sugestão de sua irmã Paulina (Madre Inês de Jesus) entre os 21 e 24 anos de idade (ano da sua morte). Com uma linguagem extremamente simples, oferecem-nos um pensamento espiritual de fundo teológico de clara feição precursora para o seu tempo. Estes Manuscritos não eram dirigidos a uma comunidade monástica (neste caso, Carmelita); procuravam chegar  mais longe, chegar ao mundo, aos sacerdotes e aos leigos, aos crentes de outras religiões ou aos ateus.

Sem Teresa do Menino Jesus se aperceber, anunciaram, de modo subtil, qualquer coisa nova para o mundo. Nas margens das suas palavras simples, erguia-se um edifício para uma sociedade sem diferenças entre bons e maus, sem estigmas sociais de natureza jurídica, sem distâncias relativas a culturas diferentes, sem distinção entre pequenos e grandes. Há, pois, aqui, um pensamento que se antecipa ao nosso tempo: ela tem a ousadia de fazer a crítica a princípios dogmaticamente aceites desde há muitos séculos pela Igreja. Vejamos os mais importantes: A critica à existência do purgatório, lugar onde se inscreviam castigos como sendo uma terapia regeneradora do pecado; a crítica do inferno, lugar onde se era lançado sem resgate ou perdão.

Para Teresa do Menino Jesus, estes princípios entravam em contradição com o Deus de Amor de que o rosto humano de Jesus era a expressão. “Os sofrimentos eternos são inúteis” e entram em contradição com o Deus-Amor; também a lei da pena de morte não permitia o arrependimento nem a reabilitação: «Quis a todo o custo impedi-lo (ao criminoso Pranzini) de cair no inferno» (2); a condição da mulher, mesmo conventual, a mulher sujeita ao desprezo, às proibições: «Ah, pobres mulheres, como são desprezadas» (3); os costumes, como a mortificação nos conventos: «Nunca fiz nenhuma» (4).

    Estas críticas, deram ensejo a Teresa do Menino Jesus para lançar as bases de uma renovação da teologia da Igreja, toda construída a partir de caminhos muito pequeninos. Assim, nascia uma pequena teologia para o tamanho do mundo: os seus pequenos caminhos são os atalhos para um outro pequeno caminho que se eleva como o vértice de todos: a fraternidade ou o encontro de todos com todos. O objectivo maior da encarnação de Deus em Jesus fora precisamente a Fraternidade. Esses pequenos caminhos de Santa Teresa de Lisieux têm uma matriz singular, o Amor: «A ciência do Amor, ah sim! esta palavra ressoa docemente ao ouvido da minha alma, não desejo senão essa ciência» (5).

O Amor traçava-se em cada um dos pequenos caminhos: um gesto de atenção ao outro, uma palavra carinhosa, um sacrificiozinho por alguém, um sorriso, uma palavra de paz, a procura do solitário, a confiança no próximo, o pedido de misericórdia a Jesus pelos pecadores... Tantos pequenos caminhos! E, precisamente os pequenos caminhos, enlaçados no caminho do Amor, iriam realizar, no mundo, o supremo caminho da Fraternidade. Essa Fraternidade que hoje continua a ser, dia após dia, esmagada pelo egoísmo, o orgulho, a ambição, a inveja, muitas das perversões do mundo contemporâneo.

Na linha de rumo traçada pelos pequenos caminhos, o Papa Francisco na sua 1ª Exortação Apostólica (2013) ensinava: «Trata-se de aprender a descobrir Jesus no rosto dos outros e aprender também a sofrer quando recebemos agressões injustas ou ingratidões, sem nos cansarmos jamais de optar pela fraternidade» (6). Neste documento, Francisco faz mesmo referência a um caso passado com Santa Teresa de Lisieux (7): Estando ela a fazer companhia à Irmã S. Pedro, cuja doença lhe dava um deplorável aspecto, começou a pensar numa cena alegre de um baile; de súbito, ouvindo-a gemer e vendo aquele rosto de dor, sentiu nesses momentos muito mais felicidade do que ao lembrar-se das imagens felizes do seu passado. E o Papa Francisco sublinha: «O modo de nos relacionarmos com os outros é uma fraternidade que sabe ver a grandeza sagrada do próximo, que sabe descobrir Deus em cada ser humano» (8).

O caminho do Amor, esse caminho pequeno, possui, ao mesmo tempo, uma força avassaladora. Sem todos os pequenos caminhos de Santa Teresa de Lisieux a mais jovem Doutora da Igreja −, a Fraternidade continuará, nos nossos dias, adiada. Por quanto tempo?...

30 de Maio de 2014


                                                Teresa Ferrer Passos

* Este texto foi escrito por ocasião do lançamento do livro da autora, Santa Teresa do Menino Jesus e a Força dos seus Pequenos Caminhos, Edições Carmelo, na Livraria da Universidade Católica de Lisboa, em 30 de Maio de 2014.


(1) Estes Manuscritos (1895-1897) vulgarizaram-se, após a sua morte, com o nome de História de uma Alma (1ª edição,1898).
(2) Manuscrito A, fl.45v.
(3) Manuscrito A, fl.66v.
(4) Manuscrito A, fl.68v.
(5) Manuscrito B, fl.1.
(6) Exortação Apostólica Evangelii Gaudium, Paulinas Editora, 2013, p. 68, Parágrafo 91.
(7) Idem, Ibidem, Parágr. 91, nota 69; Manuscrito C, fl.29v-30.
(8) Evangelii Gaudium, Parágr. 92.

quinta-feira, 29 de maio de 2014

O pequeno e... grande caminho: o amor

Miosotis, uma das flores preferidas de Teresa do Menino Jesus


«"Viver de Amor, é enxugar-Te a Face" escreve Teresa. Enxugar essa Face de Jesus a gotejar suor e sangue e água, durante o tormento da via sacra e também nas horas que se seguiram. Essa Santa Face de Jesus, a espelhar toda a dor humana e todo a dor divina ante o pecado aviltante da humanidade, a indiferença que renegou Deus, que esqueceu o seu Amor de Pai. De facto, como acentua Emmanuel Levinas, "na expressão [da face], o ser que se impõe não limita, mas promove a minha liberdade, suscitando a minha bondade". O convívio, no próprio nome e na devoção, com a Face de Jesus gera mais uma fonte de santidade, fonte essa que provoca a mudança do ser imperfeito e o aproxima do Santo.»

           Teresa Ferrer Passos, Santa Teresa do Menino Jesus e a Força dos seus Pequenos Caminhos, Edições Carmelo, pp.62-63.

quarta-feira, 28 de maio de 2014

Lançamento de "Santa Teresa do Menino Jesus"

Nigela dos trigais, uma das flores predilectas de TMJ

  «O espaço sagrado crescia no imaginário de Teresa incessantemente. A realidade mostrava que ela se sentia "tão fraca, tão frágil", que só encontrava a força necessária para viver no sustentáculo sacro de Deus. Como ela "para sempre queria unir-se á Força Divina!...", como ela procurava no vasto oceano da divindade de Jesus umas gotinhas de água viva, regeneradora e revigorante.»
                                      
             Teresa Ferrer Passos, Santa Teresa do Menino Jesus e a Força dos seus Pequenos Caminhos, Edições Carmelo, p.57.

sexta-feira, 16 de maio de 2014

A Actualidade de Santa Teresa do Menino Jesus

Santa Teresinha do Menino Jesus
«A sua obra não deixa de inspirar historiadores, teólogos e filósofos, ávidos de decifrarem a sua personalidade e de explicarem a sua fulgurante popularidade. A pequena teoria do Amor mereceu longas referências de quase todos os Papas do século XX e dos princípios do XXI. Vários motivos poderão explicar a actualidade inquestionável de Santa Teresa de Lisieux.

Lembramos ainda que ela condenou as práticas das pesadas penitências, dos castigos corporais infligidos pelos monges e recusou ver em Deus um Deus castigador onde existia só um Deus de misericórdia; com Jesus, Deus é um Pai que ama e que só se quer ver amado no rosto dos outros, nos rostos daqueles que sofrem, que foram abandonados, que são perseguidos porque são fiéis à verdade, à pureza, à humildade.

Com Teresa nascia toda uma doutrina de vida para a conquista da santidade; relevamos nela a espantosa acessibilidade ao delinear-se com pensamentos profundos, mas expressos com as mais simples palavras. Talvez por essa razão, Karol Wojtyla, o Papa João Paulo II, esteve sempre muito atento, seguindo-a, igualmente, com o seu sorriso e abnegação nos sofrimentos da grave doença que o levaria à morte.

A revelá-lo, a Homilia de 19 de Outubro de 1997 (1), em que Wojtyla atribuiu a Santa Teresa de Lisieux o título de Doutora da Igreja com uma vasta argumentação: «Ela fez resplandecer no nosso tempo o fascínio do Evangelho»; «Tornou-se um ícone vivo daquele Deus que mostra o seu poder sobretudo no perdão e na misericórdia»; «Fez ver a importância que as fontes bíblicas têm na vida espiritual»; «Pôs em evidência a originalidade e o vigor do Evangelho». Neste longo texto sobre a actualidade de Teresa, salientava João Paulo II este seu pensamento lapidar: «Compreendi que só o amor fazia actuar os membros da igreja e que se o amor viesse a extinguir-se, nem os Apóstolos continuariam a anunciar o Evangelho, nem os mártires a derramar o seu sangue»(2)

Na «Pequena doutrina», como lhe chamava, Teresa inscrevia a «CIÊNCIA do AMOR», a ciência que a nenhuma outra se equipara. Não escrevia ela que a Jesus bastava «lançar flores, não deixar escapar um pequeno sacrifício, nenhum olhar, nenhuma palavra, e valer-se de todas as pequenas coisas e fazê-las por amor»(3) Não eram esses pequenos caminhos − na aparência, tão pobres para oferecer ao Criador do Universo − que Jesus, o Deus encarnado, mais apreciava?»*

Teresa Ferrer Passos



(1) João Paulo II, Carta Apostólica Divini Amoris Scientia, 1997.
(2) O Papa Pio X considerou-a «a maior santa dos tempos modernos». O sucessor de João Paulo II, Bento XVI, diria sobre Teresa de Lisieux que ela «louvou a ciência das realidades divinas para ensinar aos outros a via da salvação». No dia 6 de Abril de 2011, Bento XVI dedicava-lhe, quase na íntegra, a sua Audiência Geral: «Confiança e amor são o ponto final da narração da sua vida, duas palavras que como faróis iluminaram todo o seu caminho de santidade para poder guiar os outros pela sua mesma pequena via de confiança e de amor». Na Catequese sobre Santa Teresa do Menino Jesus, em 6 de Abril de 2011, o Papa Bento XVI diria: «Teresa do Menino Jesus e da Sagrada Face, que viveu neste mundo somente 24 anos, no final do século XIX, conduzindo uma vida muito simples e escondida, mas que, após a morte e a publicação dos seus escritos, tornou-se uma das santas mais conhecidas e amadas» . Na carta para o dia 11 de Fevereiro (Dia Mundial do Doente) de 2013, Joseph Ratzinger − no dia em que renunciou às funções pontifícias − referiu-se a Santa Teresa de Lisieux como uma santa que vivera «em profunda união com o Paixão de Jesus a doença que a levou à morte no meio de grandes sofrimentos», e, apontava «o exemplo de Santa Teresa do Menino Jesus para se encontrar o sentido do sofrimento». Advertia ainda que «alguns santos, incluindo Santa Teresa, servem de exemplo e de estímulo às pessoas doentes para aceitarem o sofrimento do ponto de vista humano e espiritual».
(3) Manuscrito B, f.4.
* Excerto da palestra proferida pela autora no Círculo de Espiritualidade e Cultura e na igreja de S. João de Deus em Lisboa, respectivamente em 17 e 19 de Fevereiro de 2014.

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Abraçar a humanidade


«É como ser humano que Deus se revela, não na sua Majestade divina; é o recém-nascido que se apresenta ao mundo, através da estrela condutora dos pastores da Judeia e dos magos do Oriente. Esse Filho de Deus que, carregando, nos braços, a cruz sacrificial dos pecadores, é ainda ele que, na hora do seu nascimento, estende os bracinhos e estica as suas mãozinhas para abraçar a humanidade, como uma qualquer criança carecida de amor.»

              Teresa Ferrer Passos, Santa Teresa do Menino Jesus e a força dos seus pequenos caminhos, Edições Carmelo, 2013, pág.47.

domingo, 14 de julho de 2013

Caderno Íntimo


«Os pensamentos que lhe percorreram a alma, a mais retirada das moradas, estão nas folhas deste caderno íntimo. E precisamente para os oferecer à Virgem Maria que lhe sorri e, desse modo singelo, lhe mostra que a quer escutar, que a quer pronta a dialogar com ela.»

Teresa Ferrer Passos, Santa Teresa do Menino Jesus e a Força dos seus Pequenos Caminhos, Edições Carmelo, 2013, p.14.

quarta-feira, 10 de julho de 2013

Que alegria dividir


«Como é agradável dar o que temos dentro do nosso ser. Dividir com aqueles que estão mais ou menos próximos é uma obsessão para Teresa do Menino Jesus. Que alegria dividir aquilo que passa pelas suas emoções. Que conforto dividir os seus sentimentos, as suas lágrimas de dor ou de alegria.»

Teresa Ferrer Passos, Santa Teresa do Menino Jesus e a Força dos Seus Pequenos Caminhos, Edições Carmelo, 2013, p.9.

quinta-feira, 6 de junho de 2013

Uma psico-biografia de Santa Teresa do Menino Jesus

Edições Carmelo acabam de publicar uma obra
 sobre Santa Teresa do Menino Jesus


«Se a paz habitar o nosso espírito, abre-se a porta para o caminho da perfeição. Porque onde habita o Amor, aí vive a paz.»

«E a paz surge em quem sabe "dar" o Amor, da mesma maneira que o sabe "receber".»

«A paz que começa no nosso coração transmite-se aos outros corações. A paz é o fim último do "viver de Amor"»

        Teresa Ferrer Passos «Poética do Sofrimento e do Amor em Santa Teresa de Lisieux» in revista Faces de Eva, nº16, 2006, p.59.