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domingo, 8 de maio de 2016

A lei do Letes


(convoco, para a Musa minha, o 9 de Copas Arcano)

Ó Morte e doce Morte que me zurzes
Com essa luz fatídica e cruel
Que dava a negra cor às verdes urzes
E que ria nas bênçãos de Raquel...

Doce Morte que a rir assim me surges
E que entras disfarçada de batel
Onde os bons e os maus perdem as cruzes
E a vida é um teatro de papel,

Ensina-me a cantar o teu sorriso,
Teu alor liquefeito, o Paraíso,
Ensina-me a ser Deus e não diabo,

Pois se eu hei-de morrer um dia destes,
Que seja ouvindo a voz, entre ciprestes:
«Não começo, não vivo e não acabo.»

ORA PRO NOBIS PECCATORIBUS

Paulo Jorge Brito e Abreu

quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Ars Magna

( convoco, para a Musa minha, o Ás de Paus )

Alguém vibra junto à porta
Na alameda das olaias.
É d' Amor. Será a morta?
É do mel. E são as Maias.

Alguém vibra e alguém sente,
No meu quarto, alguém delira.
E comenta, quando mente,
E ela tange a sua Lira.

Alguém vibra junto ao Céu,
Entremez d' Amor e trigo.
É qual Lisa, digo eu,
É Camões, e está comigo.

Mas por fim, alguém serena,
Verde campo, eu vejo a tal:
A pastora toca a avena
E eu canto a Pastoral.

Lisboa, 09/ 05 / 2006

ADVENIAT REGNUM TUUM

Paulo Jorge Brito e Abreu

quinta-feira, 9 de julho de 2015

Que As Crianças Não Tenham Medo De Mim


Portugal dos Pequeninos
                                         (avoco, para a Musa minha, o Arcano da Estrela)

Crianças, não tenham medo de mim,
Não fujam, crianças, aproximem-se, cheguem-se:
Juntos construiremos uma bela casa,
Aquela casa azul e verde que se estende
Para os confins de além-mar e onde vocês
Jogam à bola - uma bola feita de trapos
E de açúcar, de mil delícias africanas
Que só vocês, em sonhos, podem construir:
É nessa casa que vos espero com olhos de girassol.

Lisboa, 25 / 09/ 1979

                                          SIC ITUR AD ASTRA

                                          Paulo Jorge Brito e Abreu

quinta-feira, 21 de maio de 2015

Reflexões a propósito do Domingo de Pentecostes

«Fazer pouco da Filosofia é, veramente, filosofar.»
Blaise Pascal



INTRODUÇÃO




Nós seremos breve e leve. Ao longo do nosso labor, nós hemos de aventar: é frutífera, na fronde, é frutífera Éfrata. E vamos, então, ao missal e à messe do Messianismo. Todas as religiões são raios do mesmo Sol que eduzem, conduzem, ao divo e a Deus. A Deus elas conduzem por palavras diferentes. Ou melhor, seguindo e segundo William Blake, o Inglês, todas elas são expressões do «Génio poético» de cada povo, cultura, e civilização. Elas diferem, apenas, devido ao espaço e ao tempo, que são princípios «a priori» da sensibilidade.

Apela, o espaço, à Geografia, e diz respeito, o tempo, à História das palavras. Quando os homens preenderem, ou compreenderem, este facto e o feito, cumprir-se-ão, alfim, as profecias de Isaías, sobre o Templo e o tempo do milenarismo: «Das espadas fabricarão enxadas, e das lanças farão foices. Nenhuma nação pegará em armas contra outra, e ninguém mais vai treinar-se para a guerra.» «Porque nasceu para nós um menino», continua o Poeta, ‘um filho nos foi dado: sobre o seu ombro está o manto real, e chama-se «Conselheiro Maravilhoso», «Deus Forte», «Pai para sempre», «Príncipe da Paz.»’

E citemos, mais uma vez, o filho de Amós: «O lobo será hóspede do cordeiro, a pantera deitar-se-á ao lado do cabrito; o bezerro e o leãozinho pastarão juntos, e um menino os guiará; pastarão juntos o urso e a vaca, e as suas crias ficarão deitadas lado a lado, e o leão comerá feno como o boi. O bebé brincará no buraco da cobra venenosa, a criancinha enfiará a mão no esconderijo da serpente.» E esta, pra mim, é a Liberdade. E esta é a doutrina da não-violência. Fiéis, dessarte, aos seus Profetas, cumprimentam-se, os Israelitas, dizendo, e proferindo, a palavra «Shalom»: significa ela «Paz» em seu sentido pleno. Mas em vez do exílio, isto é, em vez de a procurarmos fora de nós, começa sempre aqui, começa sempre, a Paz, em nosso coração.



TESE



Que o Nazareno é Nazarita e por isso o Nazireu. E sejamos aticista, e no orbe, e urbano, não mataremos, nós outros, ninguém, por ele não professar o «querigma» do Cristo. E do «querigma», e do carisma, trataremos aqui. Se a linguagem, para Heidegger, é a Casa do Ser, façamos, da Escritura, a habitação de Deus, a choruda «Shekiná»: nas águas de Hipocrene, é chama e é chamada a «Sophia» perene. Que a língua liga, e é apanágio dos colegas. É apanágio do ledor. E agora vamos, entanto, às palavrinhas. Por as palavras cria o homem o sobremundo da cultura que o separa e aparta duma animalidade. E quanto ao Pentecostes?, pergunta o leitor. «Pentecostes», do grego «Pentekosté», significa «quinquagésimo».

Quero eu dizer, finalmente: se memora e comemora, a festa pentecostal, sete semanas depós da Páscoa. E por isso ela é chamada de Festa das Semanas, Festa das Primícias, ou Festa das Colheitas. Tem ela a voz, e a vez, 50 dias depois da Festa dos Ázimos. E temos, então, que o número 5 ( não olvidemos que é marcante, na Bíblia, a numérica, etérica, simbologia ), o número 5 nos remete, por isso, ao Quinto Império, ao Éter, à celeste quintessência. Como adiante aduziremos, esse é o culto, imperial, do Espírito Santo. Se «Belém» significa a «Casa do Pão», esse é o rito, o ritual, da Paz e dos pães da proposição.

E na festa, sideral, da Colheita do Pão, assumindo, assimilando, o Pão da Palavra, as primícias da Colheita, elas vão para o Senhor – e assim o professa o Levítico literal. Quero eu dizer: no elemento, ou alimento, do Pão quotidiano, se acura, e acrisola, o sentido de Aliança com o «Abba» e o Paizinho – e o Pão da Aliança é celebrado, adrede, em crisol, e cristológica, Eucaristia. 
Pois a apresentação, do Pão, a Deus Padre, é rito antigo, avito, e deveras arcaico; usando, Melquisedeque, o pão e vinho, Abraão, o hebraico, era alçado e abençoado, e se o nativo é nutrice, caminha, a nutrição, a par da adoração – e a Palavra é deveras medicamento e alimento. E se a Justiça se une à Paz, era Melquisedeque, afinal, o Rei de Salém, o Sacerdote, no altar, do Deus Altíssimo. E do colaço e colação, e da Colheita do Trigo, no Antigo Testamento, se passa, nos Apóstolos, à colecta, e à Colheita, do Espírito Santo. Ele é a signa, a bandeira, o sinal, da universalidade, do arcano, e Cristiano, Catolicismo – e são por isso alteadas as línguas de Fogo. E são por isso orações, e duas ilações se tiram na lição.

E eis a prima, a primeira, e a primordial: a Boa Nova é doutrina pra todo, e todo o mundo, não há, na Boa Nova, a discriminação. Que evangélico e angélico, tem, o Salmista, as portas e janelas todas abertas. Pois não há, para a Verdade, nem grego, nem judeu, nem escravo, nem homem livre, e nem doutor, nem a estultícia – e é a encíclica, na verve, a enciclopédia, e somos todos invitados para o Banquete nupcial. E a sagrada, e a segunda, proposição: o Pentecostes narrado nos «Actos dos Apóstolos» é deveras sacrossanto, ele significa, ou dignifica, o início, caroal, da Igreja cristã. Mas agora, esquadrinhemos: se o Fogo apareceu na Aliança, ou liança, do Monte Sinai, quero eu dizer, na sarça ardente, o Fogo nos aparece, no «liber» de Lucas, qual simpósio e o cenáculo da Fraternidade. E difundindo, e defendendo, a «communio» da eclésia, S. João Crisóstomo chama aos Actos, deveras, o Evangelho, e a Palavra, do Espírito Santo.

O Espírito que atende, ampara e preside à Igreja Cristiana. Pois nos «Actos dos Apóstolos», ouçamos o discurso do Apóstolo Pedro: «Nos últimos dias, diz o Senhor, Eu derramarei o meu Espírito sobre todas as pessoas. Os vossos filhos e filhas vão profetizar, os jovens terão visões e os anciãos terão sonhos. E, naqueles dias, derramarei o meu Espírito também sobre os meus servos e servas, e eles profetizarão. Farei prodígios no alto do céu e sinais em baixo na terra: sangue, fogo e nuvens de fumo.» Ou cotejando, novamente, com o Antigo Testamento, em Génesis, por isso, se narra a história dos homens que, levados pela «húbris», construíram, dessarte, a Torre de Babel: eles queriam ser famosos e chegar até ao Céu, mas seu orgulho, desmedido, deu origem à queda, e à confusão das línguas. E se o «Homo», por isso, vem do humo, quem se humilha será exaltado, quem se exalta, em diabril, será humilhado. Ou no lance e lição: comunicar, no sentido pragmático, ele é qual charla, o boato, e a denotação – mas o comunicar, poeticamente, é qual a Nova, e a «communio», da conotação.

Contra a Marta, que labora, adora, e ora, a Maria do Evangelho; ela toma, pra Jesus, a melhor parte. Pois é da Poesia o «Dasein», o «Mitsein», e o fundamento do Ser, a porfiada atenção ao mundo do Ser. Quero assertar, e proferir: se é existir o «Dasein», será, o «Mitsein», o acompanhar, o estar junto, o coexistir. E por isso o comunal, e por isso os cristianos tudo punham em comum, e comungavam, «companions», do Verbo sideral e do Corpo do Senhor. E por isso, nós afirmamos, em celeste Firmamento: tomando parte, e participando, da unicidade da pessoa, professa o Cristiano a autêntica existência – mas aferrado ao véu de Maya, e ao mundo do ter, participa, o prosaico, da existência, anónima, do homem, dessarte, unidimensional. Mas revertendo, no lance, o Pai assume o Filho – e ao Filho, lilial, desce o Paracleto sob a forma de Pomba.

O mesmo Paracleto que, falante e aflante, Ele dá testemunho do Pai e do Filho – e com o Filho lavora, no escol e a escola da Nossa Senhora. Quero eu dizer: na eclésia, assembleia, e na egrégora do Cristo. Pura Poesia, afinal, o fanal, e o carisma, da cristificação – e no asmo, e entusiasmo, a parábola, e o Paracleto, do mitificar. Por isso o Vate é Vaticano, e no viático, ou vieira, o Poeta, e a Porta, é construtor de pontes – e eis o Jano e eis o Graal, esse o carme, e a cadeira, pontifical. Ou falando, agora mesmo, por tópicos e tropos: ao ser expressão do inconsciente ( e remembrando, aqui, a escada de Jacob ), também é, a Literatura, a cruzada e a carreira do sobrenatural. Parafraseando, aqui, o Hoené Wronski, não basta, ao homem, conhecer a Verdade – é preciso também criar essa Verdade verdadeira, e eis a escola e o escopo da especulação. Como eis, aqui, a crística lição. 


CONCLUSÃO


E hemos dito e aventado: é pronto e é preste, é preciso o teologúmeno. Álvaro Ribeiro, no lance, já nos tinha avisado: Filosofia sem Teologia não é, ela não é, Filosofia Portuguesa. Ou melhor: se o Deus, deveras, é o Alfa e o Ómega, não conhecer a Deus Pai é ser, na verdade, analfabeto. Se a prece é sobretudo uma Arte da Palavra, é precisa, dessarte, uma oração… do coração. Nos seja feito, por isso, de acordo com a nossa Fé: e surge aqui a Sorte, e surde aqui o querer consorciado com o crer. Pois no escol e na escola do Lusitanismo, a Ideia de Deus ela é, deveras, o arrimo e a base da Filosofia, ela é o fundo, o fundamento e o fundamental.

Em sua gnósica prosa, Fernando Pessoa, forte e fértil, ele tinha, dessarte, toda a razão: se interpretarmos, hermeneutas, os Evangelhos à letra, eles são adrede libertários, são pura e simplesmente anarquistas – e não remembras, aqui, o caso do Tolstoi??? Como quer que seja, seremos, nós outros, os discípulos do Cristo, conheceremos a Verdade, e a Verdade, alfim, nos libertará.

«Mas pra que serve, agora, a Teologia?», pergunta o ledor. Um rapsodo, que nos sopra, um rapsodo, que ressuma, nos dá a resposta. Na vez e na voz do Poeta João Belo, «Procurar o infinito é descobrir o impossível, saber que não se existe é conseguir a existência». É conseguir, deveras, o «Dasein», disserto eu. O desvelar, o alumbrar, o co-mover, uma «ek-stática» insistência na Verdade do Ser.

Queluz, 17/ 05/ 2015

AD MAJOREM DEI GLORIAM

PAULO JORGE BRITO E ABREU

sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Meditação - Medicação

S. Pedro de Rates (séc. XIII)
Póvoa de Varzim

(convoco, para a benesse, Mary Baker Eddy)

I
Mago Merlin, de Tomar,
Maria Amélia, que é Mãe:
Higidez pra vós e lar
Em parísio do Além.
Diz o coro: «Parabém».

O primeiro vai cantando,
A segunda já gorjeia,
E ressalta, recitando
Em citérea Citereia.

II

Aqui tanjo o alaúde.
Meu Amigo mais dilecto,
Ele recupera a saúde
No meu Santo Paracleto.
E o divo diz: «É Desperto». 

Que ela sibila, e edule,
Silaba a voz, em Azul:
Se é Diana a irmandade,
Se é Sol, é célica e célia,
A Saúde e a Saudade
Para a Mãe Maria Amélia!!!!!!!!!!!

MENS AGITAT MOLEM

Queluz, 27/ 08/ 2014

Paulo Jorge Brito e Abreu

terça-feira, 15 de julho de 2014

PHILO - SOPHIA PERENE

Sophia de Mello Breyner Andresen - crayon de Botelho/2007




(avoco, para a Musa, o Ás de Paus como Arcano)

I

Falua a Fada Oriana
E a barquinha ao Luar:
Vejo a Luz, camoniana,
E a Menina do mar.

No coral eu vejo o cor,
Se desvela o velo, a via,
E na amora, eu digo Amor,
O jardim da Academia.

   II

Eis a Obra, eu digo oblata,
Meu Menino era rapaz,
E tu fizeste a Cantata,
Uma oração pela Paz.

Desde os cantos exemplares,
Desde o mar, que és a marina,
E eu avoco aqui os Lares,
O teu manto, e a matina.

E quando os lábios são lume
E a Lira se anuncia,
Tens o Génio, tens o Nume
E tens um nome: Poesia.

Queluz, 14/ 07 / 2014

COOPERATORES VERITATIS

                                                         Paulo Jorge Brito e Abreu   



domingo, 29 de junho de 2014

S. João Baptista, o Precursor

S. João Baptista
 Pintura (1509-1516) de Leonardo da Vinci


(avoco, para a escrita, o Arcano e Arcaico do Sumo Sacerdote)

«ex toto corde», ao Mago Merlin, de Tomar

I

Foste à meta, com ardor,
E Cantor, eu compreendo.
És Profeta, com alor,
Meu Amor, eu me arrependo.

És o vau, da Vida o Pão,
És amável e Amigo,
E nas águas do Jordão,
Meu Amor, eu estou contigo.

Vê o Espírito e experto
Frutecendo aqui as fráguas,
Vê o Sopro, o Paracleto,
O deleite, e o dilecto,
Já voando sobre as águas.

II

E se as víboras são vedras,
Já dizia S. João:
«Deus suscita, destas pedras,
Os filhos de Abraão.

Eu baptizo-vos no rio,
No Jordão. Mas logo, logo,
No meu Verbo, e amavio,
Vem o Espírito, e o Fogo.»

Que o Filho excelso do Homem
Mora em Hermes Trismegisto;
Em Tomar, aqui me tomem,
Que o desvairo, o demo domem,
- E assim se faz o Cristo.


MISERANDO ATQUE ELIGENDO

Queluz, 28 / 06/ 2014

                              Paulo Jorge Brito e Abreu

segunda-feira, 26 de maio de 2014

Na barca de Pedro


                                                            

                                                                       «in memoriam» António Manuel Couto Viana
           I

Quando o Vate é Vaticano
E alor, camoniano,
Sinto o Sopro, e em todo o mundo,
São João Paulo II.

Que anamnese, e frol de anil,
Que Mistério a Ti remete!!!!!!!
Oblativo, e cor de Abril,
Foi no dia vinte e sete.

          II

Santo Padre, Tu, que és Pai,
Dá-me a loa, lis e lai,
Dá-me a Lira, em lar e Luz,
Companheiro de Emaús.

E no berço, que me abraça,
Irisando, Iria Cova,
E em Maria, que me enlaça,
A novela, e Boa Nova.

Vem o Jove, jovial,
Vem o múnus, minerval,
Vem o Verbo, em lis e laias,
Vem o verde. E são as Maias.

Queluz, 23/ 05/ 2014

AD MAJOREM DEI GLORIAM


               Paulo Jorge Brito e Abreu

domingo, 27 de outubro de 2013

Materno e terno


 (invoco, para a Madre, o Arcano e Arcaico do Sápido Sol)

Brincando Amor na relva e sobre o solo,
Era Amor o mistério da quimera,
Afastando Amor meu de mim a Fera
Pra Zeus brincar na flor, de pólo a pólo.

E crendo Amor em mim eu era Apolo
Morando em Nova, sim, e em Citera,
Amando a minha flor como quem espera
Ser deus em nuvens d'ouro, ou no seu colo.

Que Amor seja o meu preito e seja a palma,
A c'roa, a glória minha e do meu bem.
Sangra Amor no meu peito e na minh'Alma,

Sagrado é ser candor, calor a quem
Diz o sim como Alguém. Na noite calma
Serenamente dorme, ó minha Mãe.

Tomar, 09/ 05/ 1993

AMOR MAGISTER EST OPTIMUS


Paulo Jorge Brito e Abreu

terça-feira, 17 de setembro de 2013

O rio do meu jardim


O RIO DO MEU JARDIM

(invoco, para a Musa, o 6 de Paus)

«in memoriam» Teixeira de Pascoaes

No rio do Paraíso havia bdélio e ónix
No rio do meu jardim havia bdélio e ónix
Os pássaros sobrevoavam o campanário eclesial
E as flores eram mais doces que o mel
No rio do meu jardim
Onde havia bdélio e ónix
Porque me curavam de todos os meus males
E eu nunca estava doente
E tinha asas que eram transparentes
No rio do meu jardim
Depois então, a minha companheira
Comeu o fruto que estava proibido
O nosso Criador tinha-lhe dito que não, que não o comesse,
Mas ela comeu-o, infelizmente,
E agora - pobre de mim!!!
Tenho de morrer novamente para voltar outra vez
Ao rio do meu jardim

Lisboa, 13/ 07/ 1979


AD MAJOREM DEI GLORIAM

Paulo Jorge Brito e Abreu

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Do pacifismo


«De facto, Deus não enviou o seu Filho ao mundo para condenar o
mundo, mas para que o mundo seja salvo por Ele.»
in «Evangelho Segundo São João»

Sou da Barca da Aliança,
E contra a guerra que fizerem 
Os nossos jovens criminosos,
Ergue-se o grito da Temperança,
O latir de cães raivosos
Em lampejar do Meio-Dia:

Contra os raios do Sol,
Está quem no alumia...........

MISERANDO ATQUE ELIGENDO


Paulo Jorge Brito e Abreu

terça-feira, 16 de julho de 2013

O vento e as pedras

Era Céu, era Serra.
Uma Cruz, uma Rosa.
E eu vi, sob a terra,
Uma lapa, uma lousa.

Era Céu, era flava.
Pela cava, Zulmira.
E a aragem tocava
Uma corda, uma Lira.

Algo é verde, ela é vedra.
É do Bel. Qual adobe?
É o Vento, que é pedra.
E é Alma, que sobe.

Algo é vau, que ela é vela.
É o Espírito e roca......
Uma nave, uma Bela,
Uma Rosa na boca.

AD MAJOREM DEI GLORIAM

Paulo Jorge Brito e Abreu

terça-feira, 18 de junho de 2013

Amor celeste



(invoco, para o mar, o Arcano da Estrela)

Em Númen´s multicores, em nobreza,
Marinela de plantas se vestia,
E as Graças, os Cupidos, a magia,
Nos seus cabelos eram a lindeza.

Mansíssima oração, alada deusa,
Coa Lua vens silente em Poesia.
Bendita sejas tu, bendito o dia
Em que o Vate a ti veio com pureza.

Em ti bailam as flores da floresta,
Em ti cessa o meu mal por que eu me afoite.
Bendita sejas tu, ó meiga mesta,

Bendito seja o ventre em que me acoite.
Maria, Mãe das flores, vem qual Vesta,
Maria, Mãe dos astros e da Noite.

Lisboa, 10/ 01/ 1991

AMOR MAGISTER EST OPTIMUS

                                                 PAULO JORGE BRITO E ABREU

domingo, 5 de maio de 2013

As maias


(invoco, para a Lira, o Arcano e Arcaico do Sápido Sol)

às Mães e às mulheres do meu País

Tu nas águas apareces
E apareces nas ervas,
Nos raminhos e nas preces,
Nos veados e nas cervas.

És o verde, em toda a terra,
És a Madre, em todo o ló.
A Madrinha, pela serra,
E a Senhora do Ó.

Tu soergues o somenos
Numa barca de baunilha;
Eis que vem a flor de Vénus,
Primavera, tua filha.

E quando ela são palomas
Da Maria, ou do enfeite,
As amoras são as pomas
E a Senhora dá o leite.

Tomar, Cidade Templária, 01/ 05/ 2006

IN HERBIS ET IN VERBIS

Paulo Jorge Brito e Abreu

domingo, 10 de fevereiro de 2013

Criacionismo

Biblioteca barroca do Klementinum, Praga, República Checa

ao grupo e ao grémio da Filosofia Portuguesa
(avoco, para a Musa, o 6 de Paus como Arcano)


A criança criadora
Tem o Mito (eu bem no sei)
Por senhor e por senhora.
E na Lira a sua lei

São elfos, deuses e gnomos,
Mar de leite e Poesia,
E da Madre o Sal e pomos
São da barca de Maria.

Que na casta desse mel
Algo mantra, que é mistério...
Ser criança é ser fiel,
Ser adulto, o adultério.

IN HERBIS ET IN VERBIS

Paulo Jorge Brito e Abreu

domingo, 6 de janeiro de 2013

Madrugada



(avoco, para a Musa, o 6 de Paus como Arcano)

à Hermética Irmandade dos Amigos da Luz

Amor, que em santas plagas me dás, ó querida,
O lábaro e Levita, as laudas, o canto,
A Lira tu me dás em Outono da vida,
E sem mágoas nem dor, tu bailas entretanto.

Minha meiga d' Amor, ó minh' Alma de Almada,
Ó sépalas tombando branquinhas, em cor......
Ó pomba, minha pomba, não vês, em alvorada,
A criança, querida, nos braços d' honor???

Sente as áleas, ó frol. Em castas e Menas
A Lua foi dália, as Almas dançaram......
Se fez o dia a neve, e em círios, ou cenas,
Se fez a noite nácar. E sinos tocaram.

MENS AGITAT MOLEM

Paulo Jorge Brito e Abreu

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Inspirado em Mário de Sá-Carneiro



(invoco, para o Dependurado, a Estela Estelar)

O estúpido enganado, o indecente,
Afinal, que passou a vida a correr,
O casaco sem pele, o rapazinho sem dente,
O aborto renovado cada vez a nascer...

Em lugar de Senhor Doutor, o grande inebriado,
O mendigo pela rua a pedir explicações
Dos Bons que não teve nas suas boas acções,
- A candura inefável dum menino escorraçado...

O esqueleto que dorme de papo prò ar,
O moreno disfarçado pela ânsia de Luar,
O maluco sem loucura... a Ética ao deus Baco...

O estranho por toda a parte... Ainda que parta
Pelos mares sem fim amaldiçoando Esparta,
O menino benevolente... o hippie sem tabaco...

Lisboa, 03/ 10/ 1978

SIC ITUR AD ASTRA

Paulo Jorge Brito e Abreu

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Duma Oração Portuguesa

S. Bruno, fundador da Ordem dos Cartuxos
 (1030-1101)


de todo o coração, ao Tobias Pinheiro



No Paracleto, na Paz, e aos pés do Altar,
Ai de mim, também eu, se eu não evangelizar.

Em Boa Nova, meu Deus, em boníssimo honor,
Que eu difunda, e que eu defenda, a Palavra do Senhor.

Que eu guarde, para sempre, a Disciplina do Arcano.
E que eu seja, no Sal, qual o Bom Samaritano...

Pois esta é a Messe e por isso a labuta.
Por isso fala, meu Deus, o teu servo está à escuta.

E no Amor, meu Amigo, nas mansas Poesias,
Prepara, tu a Messe, para a vinda do Messias.


Queluz, 06/ 10/ 2012

SIC ITUR AD ASTRA

 Paulo Jorge Brito e Abreu

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

«In Memoriam» Joaquim Evónio


«Afinal de contas, o que é Deus?
Uma criança eterna jogando
um jogo eterno num eterno jardim.»

 Shrî Aurobindo



(invoco, para o Dependurado,

o Arcano e Arcaico do Sápido Sol)

I

Alteavas, qual Pessoa,
O astrolábio duma Astarte,
E era Apolo que abençoa,
Era o Sol, engenho e Arte.

E suflavas o aflante,
Era o Sopro alma Deméter,
Era a terra do amante
E era o lírio como Éter.

II

Que ela é verde, verde e vedra,
Ela é Musa não amara,
Que há palavras qual a pedra
E há palavras qual seara.

E na «Mater»-matrimónio
Foste o Sal e a Soidade……
Foste Azul, meu caro Evónio:
És feliz Eternidade.

Armação de Pêra, 15/ 07/ 2012

IN HERBIS ET IN VERBIS

Paulo Jorge Brito e Abreu

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Prostração


(invoco, para o Dependurado, o Arcano e Arcaico da Força feraz)

Numa Graça, Senhora, e em teus passos,
Pus a cota, a couraça e o Cavaleiro,
Solitários, ó Dona, mas os laços
Luziam em castelo verdadeiro.

E ominosos, cruentos foram traços
Que eu ia similando no sendeiro;
E foram, as cantigas, os cansaços,
Sem plaga, sem Maria o marinheiro.

No mundo só e triste, e mal e rudo,
Vitupério, escombros, e eu só.
Me foi negada a casa, o pão e tudo,

Roubaram-me o liame, o laço, o nó,
E eu fiquei, para sempre, medo e mudo,
Tu ficaste, formosa, feita em pó.

Lisboa, 07/ 06/ 2006, 17/ 07/ 2012

SIC ITUR AD ASTRA

Paulo Jorge Brito e Abreu