sexta-feira, 8 de março de 2013

PÁSCOA 2013




SAGRAÇÃO DO COELHINHO

Coelho, eu te consagro,
Pelo nome do Cordeiro,
O Rei dos reis, imolado,
Mas, agora, redivivo.

Tu que tens o dom
Da fecunda reprodução,
Vem, vem de novo ser bom,
No ilimitado perdão.

Vem, coelhinho da Páscoa,
De fantasia profunda,
Cestinha de ovos fecundos,
Adocicar os meus medos.

Senhor Morto, ressurreto,
Subindo aos céus pelos seus,
Enquanto na Terra são lebres
Mensagens de chocolate.

Luiz Martins da Silva (Brasil)






PROCISSÃO DO FOGARÉU (*)

Irrompem com suas tochas
E trajes de algozes
A Quarta-Feira de Trevas,
Rufando tambores.

Altivos e temerários
[Assombro de crianças],
Eles são os farricocos.
Vasculham cada ruela.

Mas de ninguém a denúncia
Do paradeiro de Cristo,
Nem o velho calçamento
De pedras por testemunha.

Mas, como? Já o prenderam?
Fácil, não houve fuga.
Já os aguardava o Cordeiro
Na túnica pura dos justos.

Luiz Martins da Silva (Brasil)

* Ocorre a cada ano na cidade de Goiás (Goiás Velho, antiga capital do Estado de Goiás), Brasil.









Pintura (a óleo s/ tela) de Albino Moura

«Deus não procura meios poderosos: foi com a cruz que venceu o mal! Não devemos crer naquilo que o Maligno nos diz: não podes fazer nada contra a violência, a corrupção, a injustiça, contra os teus pecados! Não devemos jamais habituar-nos ao mal! Com Cristo, podemos transformar-nos a nós mesmos e ao mundo.»
Papa Francisco na Homilia de Domingo de Ramos
24/3/2013



«Não esqueçamos jamais que o verdadeiro poder é o serviço, e que o próprio Papa, para exercer o poder, deve entrar sempre mais naquele serviço que tem o seu vértice luminoso na Cruz»
         Papa Francisco na Homilia do Dia de S. José   19/3/2013





O Santo Padre Francisco revela que veio para servir


 a Deus, servindo os Seus filhos, a Humanidade!



20/3/2013 
                                                                       Teresa Ferrer Passos


FRANCISCO… E O MUNDO NOVO
A CAMINHO DO VELHO VATICANO

Papa Francisco

     Chamo-me Francisco. Sou o novo Papa. O sucessor do Papa que abdicou, Bento XVI. E sucessor daquele que não desceu da missão, embora tombado, paralítico, quase sem poder falar.

     O novo Papa chama-se Francisco. Esse o nome de Francisco de Assis, esse o nome de Francisco Xavier, e também, esse o nome de Francisco de Sales. O primeiro, a negar a riqueza e a elevar-se à altura dos pobres. O segundo, a chegar aos confins do mundo, à Índia e ao Japão. O terceiro, a converter aqueles que se afastavam e a propagar a sancta simplicitas das pequeninas acções.
     Francisco. Nome inédito entre Pontífices. Nome rico de simbolismo.

     O Papa Francisco traz da América do Sul, mais precisamente da Argentina, a estatura mental do Novo Mundo. Como tal, em poucas horas, foi capaz de escrever belas páginas. Escreveu páginas de simplicidade com a fisionomia grave.

     Pela primeira vez, um Papa vem de tão distantes terras para a Cadeira de S. Pedro. Vem dessa América do Sul descoberta por portugueses e espanhóis, dessa América do Sul a quem a Companhia de Jesus (a que pertence o Papa Francisco), levou a Boa Nova divulgada pelos apóstolos do Cristo, Jesus.

     Da América do Sul parecem chegar ventos de mudança para a Cúria Romana. O tom simples com que o Papa Francisco falou ao povo cristão, com que falou urbi et orbi, após a sua eleição, revelou a sua personalidade vincada e com uma firme convicção sobre a beleza da vida humana, segundo os Evangelhos de Jesus.

     Um tom simples que se reforçou, nessa noite de 13 de Março de 2013, ao dirigir ao povo reunido na Praça de S. Pedro, um pedido, mais do que um pedido, um favor: rezem comigo o Pai Nosso e a Ave Maria (as orações que todos sabiam dizer com ele). E o povo começou, sem o suspeitar, a falar com ele.

     O Papa Francisco colocava-se do mesmo lado que o povo. Mais do que do mesmo lado, o Papa Francisco pedia ainda ao povo que rezasse por ele, antes de ele o abençoar.

     Para o Papa Francisco era preciso que o povo intercedesse, rezando, para ele poder abençoá-lo com a absoluta certeza da eficácia da sua bênção. Seria a oração do povo, o selo, o selo de que a sua bênção não seria vã, mas eficaz e plena.

     Um voo novo risca os céus de Roma. Foi o Papa Francisco que, logo ao assomar à janela do Vaticano para saudar o povo, o começou a traçar.     

14 de Março de 2013
                                                                Teresa Ferrer Passos



«Ressoe em nós intensamente o convite à conversão, "a converter-se a Deus de todo o coração" (Joel 2, 12), acolhendo a sua graça que faz de nós homens novos, e de uma novidade maravilhosa que é a participação na própria vida de Jesus.»

Papa Bento XVI, Sermão da Quarta Feira de Cinzas de 2013



Pintura (a óleo s/ tela) de Sieger Köder 

AURORA DE VIDA

Jesus está pregado no madeiro.
É o Filho do Altíssimo.

Tem o corpo envolvido de escárnio,
De desprezo, de abandono.
O sangue enrola-o como uma corda.
As dores, prostradas de sofrimento,
Silenciam-se. Vê-se o corpo com a pele esfarelada.
Há um lodo viscoso a escorrer das vísceras.
A morte explode no corpo deitado
De Jesus pregado no madeiro (em cruz).

A carne está a transformar-se em terra viva.
Confundindo-se com a terra sem vida,
A poeira dos ossos está pronta para a perda.
Tudo está prestes à morte.

Eis a Aurora de um Novo Mundo!
Como Jesus, o Filho do Altíssimo,
Uma Vida nova eleva-se,
E também a vida em abundância!

Vitória sobre a morte!

E ninguém mais morrerá com a sua própria morte!

Jesus Ressuscitou!

O Homem não é pó,
O Homem não se tornará pó, nem cinzas,
O Homem não morrerá!


                                  PÁSCOA/2013
                                                                              (Inédito)
                                                
                                                   Teresa Ferrer Passos



Pintura de Sieger Köder

«Não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, a fim de conhecerdes a vontade de Deus. O que é bom, o que Lhe é agradável e o que é perfeito» 

S. Paulo, Carta aos Romanos, 12, 2 



Jesus Cristo na cruz, Santuário de Fátima

PRIMAVERA PASCAL
(eu avoco, arquetipal, o 6 de Copas Arcano)


«Eu sou a videira; vós, os ramos.
Quem permanece em mim e Eu nele,
esse dá muito fruto, pois, sem mim, nada podeis fazer
 Evangelho Segundo São João


                                                              à memória de Antônio William Fontoura Chaves


Só da Luz, quero a Luz e muita Luz,
Que ela é Pão, que ela é prémio pró dolente,
Ela é nova, ela é noiva, eu digo sus!!!
Coragem para o pobre e o doente.

Só da Luz. Só d'Amor, em farta Vinha,
O Sol agora vem, e é bem-vindo......
Ai cânticos e frol duma andorinha!!!!!!
O dia é Primavera, eu digo lindo!!!!!!

Só da Luz, minha leda, e só do Vate:
Vem d'amora, de poma, e vem de véu......
Vem comigo, a lidar o bom combate:
Eu n'asa dos teus olhos, vejo o Céu.

COOPERATORES VERITATIS
                                                        Paulo Jorge Brito e Abreu



Sepulcro de Jesus

                    MISTÉRIO PASCAL



O Uno, O Todo, O Inefável, Deus,
O sonho de todas as filosofias,
Morreu pendurado pelos braços,
E morto esteve durante três dias.

O Mundo quebrou-se em mil pedaços,
As aves do céu e os lírios do campo tremeram de medo,
E os espaços siderais tremeram de frio.

Mas ao terceiro dia, manhã cedo,
Madalena encontrou o túmulo vazio.

O túmulo vazio, o Mundo pleno,
Regurgitando de luz e de sinais,
Para tanto Amor quase pequeno.

Que procuramos mais?

PÁSCOA/2013
                                                         (Inédito)

                                        Fernando Henrique de Passos 





BOA PÁSCOA 2013!

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Tarde



Se a tarde parecer estranha,
Se for tarde demais,
Não deixes a montanha,
Detém-te um pouco mais.

Detém-te na descida,
Deslumbra-te a olhar:
Já nada tem medida,
Nem há tempo a passar.

Se a tarde delirar,
Não busques a manhã:
É cedo pra acordar
E a lucidez é vã.

26/2/2013

Fernando Henrique de Passos

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Sangue-Relíquia

UMA MEDITAÇÃO POSSÍVEL
SOBRE A SANTIDADE DO BEATO JOÃO PAULO II*


Padre José Nuno Ferreira da Silva

«(…) Ele foi o Papa que o mundo pôde ver ensanguentado por amor do mundo, num momento crucial, quase no início do seu longuíssimo pontificado, a 13 de Maio de 1981, quando, em plena Praça de São Pedro, sofreu o atentado que veio a definir o sentido do seu percurso, vinculando-o a Fátima e à sua Mensagem, nomeadamente à terceira parte do Segredo que, por sua iniciativa, foi divulgado no ano 2000, oferecendo a imagem de um bispo de branco, caindo sob o fogo de armas.
Um Papa em sangue. João Paulo II ofereceu, aos olhos dos homens deste tempo, algo já esquecido nas lonjuras da Igreja nascente: o sangue de um sucessor de Pedro. Escolher o seu sangue como relíquia é trazer para o século XXI a lembrança do sinal de contradição que o acontecimento do atentado constituiu nos fins do século XX. A sua vida como Papa, sabemo-lo, obedeceu a esse desígnio: introduzir a Igreja no terceiro milénio.

O seu sangue, de ora em diante exposto à compreensão ou à incompreensão dos homens, crentes ou não, reveste-se de grande significado, convoca, para o milénio que começa, a trama global em que viveu o seu múnus pontifício. Discípulo de Cristo e seu Vigário, da chamada a concretizar nestes tempos a missão do primeiro dos apóstolos, nada de mais significativo poderia ser oferecido aos tempos, como sinal e interpelação, que o seu próprio sangue. Este permanecerá perenemente como lugar de enraizamento de um milénio que se escreve diferente desde o princípio, porque João Paulo II, Papa entre dois tempos, não temeu derramá-lo. (…)

A sua santidade é próxima, real, nada tem de etéreo ou angelismo. É de carne e de osso, de olhares e sorrisos, palavras serenas e palavras duras, palavras de compreensão e palavras de censura, palavras de compaixão e palavras de beleza... e gestos, muito gestos, muitos gestos e actos de sentido profético inesgotável. Místico, não fugiu ao mundo nem se voltou sobre si em misticismo desencarnado. Actuante, não caiu em activismo. Viajante, imobilizava-se em longos silêncios orantes.

Atlético e saudável, soube envelhecer sem se esconder nem permitir que o escondessem, como hoje tanto acontece. Confiado aos cuidados médicos e neles confiante, recusou o encarniçamento terapêutico e acolheu a morte na sua hora. A sua santidade foi uma santidade corpórea, tangível, situada no tempo e no espaço, tecida das múltiplas relações que estabeleceu, mas profundamente enraizada na experiência quotidiana da Páscoa de Cristo, acontecimento culminante da divina Misericórdia. O sangue diz a santidade totalmente humana que corria nas artérias e veias do corpo que foi e que nós vimos e ouvimos, tocámos e sentimos.

Só o sangue poderia expressar esta totalidade, porque só o sangue não é dizível como uma parte do corpo que a pessoa é. O sangue chega a todo o corpo. Chegou a todo o corpo que João Paulo II foi, naturalmente bombeado por um coração incansável, levando e trazendo, cumprindo a troca que possibilita a vida; só o sangue, elemento corpóreo culturalmente símbolo de martírio e doação, poderia expressar a radicalidade que em cada um dos seus compromissos foi visível. Nada como o sangue seria relíquia adequada do Beato João Paulo II. Sangue-relíquia.

É belo, também, lembrar que o sangue deste Papa, sendo sangue derramado, é sangue recebido. Sangue recebido de anónimos homens e mulheres que, na dádiva do seu próprio sangue, dão vida, como deram vida a João Paulo II, nas muitas circunstâncias da sua existência em que precisou do sangue de outros para continuar vivo, nomeadamente na sequência do atentado. Quem seriam? Quem terá, sem o saber, dado do seu sangue ao Papa?

Toda a tradição bíblica do sangue como princípio de vida e, em Jesus, princípio de vida nova, oferece um horizonte de compreensão para visitarmos a relíquia do sangue do Papa de todas as gentes, que todo o mundo visitou. O sangue do Papa das gentes resulta da mistura dos sangues de pessoas várias, em momentos críticos vários da sua existência. Sangue derramado que é sangue recebido, que é sangue dado.

A relíquia surge, assim, liberta de toda e qualquer enviesamento de interpretação pietista ou marcada pela superstição, como uma narrativa de amor, expressão do elevado patamar de comunhão, tão global quanto interpessoal, que este Pastor universal atingiu. (…)»

José Nuno Ferreira da Silva**

* Internet, Paróquia de S. Cosme, Gondomar (excertos).
** O Pe. José Nuno nasceu em 1964 em Gondomar, é Licenciado em Teologia e Doutorado em Bioética pela Universidade Católica. Actualmente, é Capelão do Hospital de São João no Porto e Coordenador das capelanias hospitalares.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Beijo sacro











Tínhamos a hora marcada.
Em páginas que deliravam,
estava escrito um sonho de amor.
Esperávamos o encontro único,
com a bênção do céu, só para nós.
O dia debruçava-se sobre o mar,
cobrindo-se de chuva suave.
A noite, ao abrir-se de par em par,
parecia uma janela solta a bater,
mas o som era de sinos a badalar…
Eu, com a altura de uma asa de andorinha,
tu, com olhos de falcão a buscar-me no sorriso.
E demos o beijo sacro. Foi lacrada a união.
Num dia dezanove de Fevereiro… 

19 de Fevereiro de 2013 (19 anos depois do nosso matrimónio)
                                         
Teresa Ferrer Passos

Dia dezanove, há dezanove anos














Feitiço do frio de Fevereiro:
Sinto-me diferente ao acordar.
Magia do calendário feiticeiro:
É dia dezanove e vou-me casar.

As janelas do meu quarto de solteiro
Abrem-se sozinhas de par em par.
Entra o fulgor do sol de Fevereiro
Que me vem saudar.

Sinto no corpo um formigueiro,
Quero já sair, mal posso esperar.
Hoje é dezanove de Fevereiro:
Temos um encontro em frente ao altar…

19/2/2013

Fernando Henrique de Passos

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Dia dos Namorados / 2013


No Dia dos Namorados,
No Dia de S. Valentim,
Com mil cuidados
Marcamos um encontro,
Um encontro secreto no jardim.

Ao meio-dia em ponto
Do Dia de S. Valentim
Junto à fonte antiga
Sorris para mim
E és de novo rapariga
E somos namorados
Pois cada um dos beijos por nós trocados
(Felicidade)
É um ano a menos na nossa idade.

14/2/2013

Fernando Henrique de Passos

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Dia Mundial do Doente


A data foi instituída a 11 de Fevereiro de 1992, pelo Papa João Paulo II.
Na carta de instituição do Dia Mundial do Doente, João Paulo II lembrou que a data representa «um momento forte de oração, de partilha, de oferta do sofrimento pelo bem da Igreja e de apelo dirigido a todos para reconhecerem na face do irmão enfermo a Santa Face de Cristo que, sofrendo, morrendo e ressuscitando, operou a salvação da humanidade»

domingo, 10 de fevereiro de 2013

Criacionismo

Biblioteca barroca do Klementinum, Praga, República Checa

ao grupo e ao grémio da Filosofia Portuguesa
(avoco, para a Musa, o 6 de Paus como Arcano)


A criança criadora
Tem o Mito (eu bem no sei)
Por senhor e por senhora.
E na Lira a sua lei

São elfos, deuses e gnomos,
Mar de leite e Poesia,
E da Madre o Sal e pomos
São da barca de Maria.

Que na casta desse mel
Algo mantra, que é mistério...
Ser criança é ser fiel,
Ser adulto, o adultério.

IN HERBIS ET IN VERBIS

Paulo Jorge Brito e Abreu

domingo, 3 de fevereiro de 2013

Génesis



No centro augusto do Mediterrâneo,
Num bafo de azul meridional,
Um subtil satã subterrâneo
Soltou as centopeias no quintal.

Um rectilíneo rasgão meridiano
Do arcanjo da luz patriarcal
Decepou da cobra por engano
O arranjo da sombra original.

Rangendo as rodas sobre os diamantes
Passou a quadriga triunfal.
As andorinhas voaram como dantes:
Só foram novas as novas do jornal.

3/2/2013

Fernando Henrique de Passos

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Relativismo moral

Na sua forma mais comum, trata-se de um problema de preguiça mental, uma mistura de falta de tempo e paciência para ler, estudar e pensar; uma falsa interpretação do que significa ser humilde ("quem sou eu para dizer o que é verdade?"); e uma falsa interpretação do que significa ser tolerante ("quem sou eu para impor a verdade"?) 
Nesta primeira intervenção na opinião da tarde, proponho uma batalha sem tréguas contra o relativismo moral. 
O bem e o mal existem: não somente em filmes como "A Guerra das Estrelas" mas também em múltiplas decisões do dia a dia. 
Não se trata de ser intolerante ao ponto de impor a verdade aos outros. Trata-se de ser coerente, propondo sem descanso o que cremos como valores perenes e absolutos. 

Luís Cabral 
(aos microfones da Rádio Renascença, a 29/1/2013) 



A sociedade actual tem a memória cada vez mais a apagar-se da verdade e a mergulhar num labirinto de verdades.

Teresa Ferrer Passos

Onde está a Ética da Justiça?*



É uma prepotência a decisão deste tribunal obrigar os pais pobres a perder filhos entre os seis meses e os sete anos, com vista à sua adopção por outros casais, estes ricos! O critério do bem-estar da criança não pode só obedecer a razões de ordem material. A sua retirada da custódia dos pais não deve obedecer só a razões de ordem material! Parte o tribunal, parece-nos, do princípio de que os bens materiais são o único alicerce para a felicidade humana! E não são! Este tribunal entende que todos os outros bens que uns pais pobres podem oferecer, nada valem, em relação aos bens materiais! A Ética está a desaparecer das decisões judiciárias. A injustiça vai-se impondo e apagando os princípios fundamentais da Justiça...

Teresa Ferrer Passos

*Ver notícia da Rádio Renascença

sábado, 26 de janeiro de 2013

Só é permitida a entrada a pessoas não autorizadas



O vento que sai das frinchas do castelo
Tacteia a montanha, que se eriça.
O vento uiva, como num apelo;
Desce devagar a ponte levadiça.

Esboça-se no ar uma promessa,
Que logo o letreiro vem negar.
Desceu a ponte ‒ ninguém a atravessa;
Tudo é deserto, frio a soluçar.

O agrimensor, trágico, espera,
Consulta um alfarrábio poeirento
E pensa sem cessar. Ah, quem lhe dera
Poder dispensar o pensamento!

26/1/2013

Fernando Henrique de Passos

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

No dia dos teus anos













É o dia dos teus anos.
Nasceste para “construir o reino”.
Nasceste cheio de alegria
para traçar a construção sem fim,
toda vida, na procura incerta,
na via dos caminhos, na do abismo,
nas horas da esperança, na do desespero,
no ganhar e no perder,
na plena confiança e na dúvida.

É o dia dos teus anos.
Nasceste para “construir o reino”.
Num dia chuvoso como hoje,
sereno e mais frio,
poucos dias depois do Natal,
o Natal de Jesus que nasceu
“para construir o reino”,
sem abrigo certo, sem medo.

É o dia dos teus anos.
Nasceste para “construir o reino”.
Por isso, aqui estou.
Aqui estou, para contigo “construir o reino”
de braços abertos como um mar,
sem paredes que cerquem,
sem amarras que tolham,
apenas, indefesos e livres…

14/1/2013

                            Teresa Ferrer Passos

sábado, 12 de janeiro de 2013

Nascimento de Jesus


«Deus, fazendo-se carne, quis fazer-se dom para os homens, deu-se a si próprio por nós».
(…) «Deus não deu qualquer coisa mas deu-se a si próprio no seu filho unigénito»

«Aqui, a palavra “carne” indica o homem na sua integralidade,, nomeadamente na sua “caducidade e temporalidade”, “pobreza e contingência”».

Deus «assumiu a condição humana para a sanar de tudo o que a separa dele» e desejou «a riqueza imensa e inesgotável que é Cristo, o Deus feito homem».

«Revesti-vos de Cristo! E, com Ele, o vosso Ano Novo não poderá deixar de ser feliz».
                         
Bento XVI (Catequese semanal
sobre o Nascimento de Jesus
 em 9 de Janeiro de 2013)

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

De cada dia, um dia*


Começa a tua vida de cada dia, como se não tivesses antes,

como se fosses uma criança que começa a cada momento,

sem nada saber do passado, mas que tacteia o mundo

cheia de ousadia, de desejo de descobrir, 

e procura caminhos onde vê pedras,

e salta por obstáculos como se fossem amparos,

e anda, mesmo caindo e chorando,

para depois se levantar e começar a rir

como se não tivesse caído…

Encara a tua vida de cada dia como uma criança

que vive como se cada dificuldade não envolvesse

perda, mas ganho, como se a vida começasse

a cada instante, sem princípio nem fim…

9 de Janeiro de 2013

                                    Teresa Ferrer Passos


* Em 9 de Janeiro de 2013 foi publicado na Internet, blogue “Harmonia do Mundo”, este excerto do meu romance Jesus até ao fundo do coração, ainda inédito. O título desta oração foi dado na mesma data.