Mostrar mensagens com a etiqueta pensamento. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta pensamento. Mostrar todas as mensagens

quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Da fotossíntese à respiração


Penso melhor ao pé das árvores:
as raízes trazem-me os sonhos
da terra e das sementes;
as folhas bêbedas de luz
contam-me os segredos das estrelas;
os troncos verticais são mais direitos,
na sua perfeita imperfeição,
que as retas dos geômetras;
as flores têm toda a sabedoria
do tempo e da mulher;
e os frutos são de uma certeza tão límpida e desperta
que envergonha o sonolento teorema dos sólidos perfeitos.

Penso melhor ao pé das árvores,
onde quase não separo o pensamento
do suave tumulto dos átomos gasosos
transportando até aos meus pulmões
o verde aroma fresco
do bosque que amanhece.

15/10/2015

Fernando Henrique de Passos

terça-feira, 23 de junho de 2015

A Parménides


Ficar parado ‒ imóvel até o pensamento ‒
Na contemplação magna do mistério
Da ilusão do movimento.

  22/6/2015
                            Fernando Henrique de Passos

sexta-feira, 26 de setembro de 2014

A ocultação do tempo...



«(a personagem) Tempo 01 -  Um mar sem direcção sou eu e também sou aquele que tudo envolve e ninguém conhece, até mesmo nos domínios do Império da Vigilância Superior, em que há máquinas para desocultar as mais pequenas coisas ou os mais escondidos segredos que habitam o pensamento da gente humana! por isso, tudo o que sinto ou quero, parece desintegrar-se de mim, como se tudo o que me respeita fosse toda uma ocultação, como se nada me pertencesse, apesar de tudo ser meu...»
                  
                               Teresa Ferrer Passos, Planeta Joyce 8, Harmonia do Mundo, 2007, p. 24.

terça-feira, 29 de outubro de 2013

Pensamento

Cortelha, Alportel
Num sinal do vento,
Numa água turva,
Num espelhar do Sol,
Numa luz ardente,
Num som de regato,
Vejo-te ao ler o meu pensamento.

És bordão de amparo,
És o meu sentimento.
És a alma da minha alma sem sossego.
És o rio da carícia sem par, sem tamanho.
És a folha que esvoaça e em que me deito.
Vejo-te quando escuto o meu pensamento.

Com o teu alento, caminho no caminho
Sem que a esperança se apague.
No teu respirar, respiro a força de ânimo,
Consigo caminhar ainda e depois.
Vejo-te na voz do meu pensamento.

29 de Outubro de 2013

(Poema inédito)
                               Teresa Ferrer Passos

sábado, 26 de janeiro de 2013

Só é permitida a entrada a pessoas não autorizadas



O vento que sai das frinchas do castelo
Tacteia a montanha, que se eriça.
O vento uiva, como num apelo;
Desce devagar a ponte levadiça.

Esboça-se no ar uma promessa,
Que logo o letreiro vem negar.
Desceu a ponte ‒ ninguém a atravessa;
Tudo é deserto, frio a soluçar.

O agrimensor, trágico, espera,
Consulta um alfarrábio poeirento
E pensa sem cessar. Ah, quem lhe dera
Poder dispensar o pensamento!

26/1/2013

Fernando Henrique de Passos