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terça-feira, 9 de agosto de 2016

Tudo começou aqui


Teresa com 4 meses e sua mãe

Tu nasceste neste dia
Enquanto eu me aborrecia
À espera da minha vez.
Fiquei encantado ao ver-te
E desejei logo ter-te
Para minha companhia.

Liguei lesto pra Viana
(Apesar de ser tão longe)
Onde o meu futuro pai
Já só pensava em ser monge.

Ele ouviu a voz do alto
Dizendo “ruma a Lisboa”
E julgando que era Deus
Tirou como conclusão
Que aquela ideia era boa.

Como era muito indeciso
(O filho fora mais rápido…)
Levou ainda um par de anos
Até se fazer à estrada
Pondo em ação os meus planos.

Correu tudo muito bem
A partir desse momento
E passado o tempo certo
Deu-se o nosso casamento.

E foi assim, querida Teresa,
Que eu te levei ao altar
E mesmo não sendo príncipe
Desposei uma princesa.

Mas tudo sabes tudo isto
Quase melhor do que eu sei
Pois com respeito ao meu pai
Começaste por ser nora
Mas – se o posso revelar –
És a biógrafa agora!

9 de Agosto de 2016

            Fernando Henrique de Passos

quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Amor



Que palavra redonda e delicada,
Que fruto doce e colorido,
Tão diferente do fruto proibido
Como das trevas difere a madrugada.

Que amanhecer de cores entre a verdura,
Que estremecer de folhas tão secretas
Que escaparam à monda dos poetas
E te ornamentam agora a formusura.

Que luzes fantásticas de Outono,
Degraus de sol da larga escadaria
Da qual foi dito que um rei a subiria
E que Eros-Rei sobe hoje até ao trono!

28/10/2015

                           Fernando Henrique de Passos


domingo, 9 de agosto de 2015

Presente de Aniversário


Há estátuas de jade, de marfim,
De bronze, de mármore, de basalto;
Mas eu não queria dar-te nada assim,
Eu queria chegar muito mais alto!

Eu queria dar-te
No dia dos teus anos
Esta impensável obra de arte:

Uma escultura esculpida no amor!
Mas esses não eram os planos
Do nosso Criador.

E Ele, que tudo determina,
Determinou que este novíssimo escultor
Não desse formas à matéria-prima:
Recebe então intacto o meu amor…

9 de Agosto de 2015

                     Fernando Henrique de Passos

quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Ouvi a tua voz



No teu cabelo revolto como o vento,
vi temporais inclementes.
Fiquei como uma gaivota acossada
pela espuma e sem alimento.
Sustive a respiração. Apurei o ouvido.
Depois, ouvi a tua voz.
Nela soava uma divina ternura.
Ali, não estavam temporais inclementes.
O amor apagara-os, e com que poder…

5/11/2014

                          Teresa Ferrer Passos

O amor


O anel em torno do teu dedo
  

Como cintura em torno do destino
 
Como segredo do trono da ventura
 
Como cinzel esculpindo a traço fino
 
O abraço e o longo beijo infindo
 
Entre o calor dormente do desejo
 
E a ofegante calma da ternura
 
Entre o saber da alma que procura
 
E o fervor do ser que se alimenta
 
Das lentas madrugadas em que a luz do sol
 
Leva pela mão a noite escura
 
E a faz descansar da imensidão do medo
 
Num vasto mar de amor e aconchego

4/5/2014

                      Fernando Henrique de Passos 

terça-feira, 3 de junho de 2014

Para uma nova evangelização do mundo


Santa Teresa do Menino Jesus (1873-1897)  - 
Precursora da Nova Evangelização do mundo*


Os Manuscritos Autobiográficos (1) de Santa Teresa do Menino Jesus e da Santa Face foram elaborados por sugestão de sua irmã Paulina (Madre Inês de Jesus) entre os 21 e 24 anos de idade (ano da sua morte). Com uma linguagem extremamente simples, oferecem-nos um pensamento espiritual de fundo teológico de clara feição precursora para o seu tempo. Estes Manuscritos não eram dirigidos a uma comunidade monástica (neste caso, Carmelita); procuravam chegar  mais longe, chegar ao mundo, aos sacerdotes e aos leigos, aos crentes de outras religiões ou aos ateus.

Sem Teresa do Menino Jesus se aperceber, anunciaram, de modo subtil, qualquer coisa nova para o mundo. Nas margens das suas palavras simples, erguia-se um edifício para uma sociedade sem diferenças entre bons e maus, sem estigmas sociais de natureza jurídica, sem distâncias relativas a culturas diferentes, sem distinção entre pequenos e grandes. Há, pois, aqui, um pensamento que se antecipa ao nosso tempo: ela tem a ousadia de fazer a crítica a princípios dogmaticamente aceites desde há muitos séculos pela Igreja. Vejamos os mais importantes: A critica à existência do purgatório, lugar onde se inscreviam castigos como sendo uma terapia regeneradora do pecado; a crítica do inferno, lugar onde se era lançado sem resgate ou perdão.

Para Teresa do Menino Jesus, estes princípios entravam em contradição com o Deus de Amor de que o rosto humano de Jesus era a expressão. “Os sofrimentos eternos são inúteis” e entram em contradição com o Deus-Amor; também a lei da pena de morte não permitia o arrependimento nem a reabilitação: «Quis a todo o custo impedi-lo (ao criminoso Pranzini) de cair no inferno» (2); a condição da mulher, mesmo conventual, a mulher sujeita ao desprezo, às proibições: «Ah, pobres mulheres, como são desprezadas» (3); os costumes, como a mortificação nos conventos: «Nunca fiz nenhuma» (4).

    Estas críticas, deram ensejo a Teresa do Menino Jesus para lançar as bases de uma renovação da teologia da Igreja, toda construída a partir de caminhos muito pequeninos. Assim, nascia uma pequena teologia para o tamanho do mundo: os seus pequenos caminhos são os atalhos para um outro pequeno caminho que se eleva como o vértice de todos: a fraternidade ou o encontro de todos com todos. O objectivo maior da encarnação de Deus em Jesus fora precisamente a Fraternidade. Esses pequenos caminhos de Santa Teresa de Lisieux têm uma matriz singular, o Amor: «A ciência do Amor, ah sim! esta palavra ressoa docemente ao ouvido da minha alma, não desejo senão essa ciência» (5).

O Amor traçava-se em cada um dos pequenos caminhos: um gesto de atenção ao outro, uma palavra carinhosa, um sacrificiozinho por alguém, um sorriso, uma palavra de paz, a procura do solitário, a confiança no próximo, o pedido de misericórdia a Jesus pelos pecadores... Tantos pequenos caminhos! E, precisamente os pequenos caminhos, enlaçados no caminho do Amor, iriam realizar, no mundo, o supremo caminho da Fraternidade. Essa Fraternidade que hoje continua a ser, dia após dia, esmagada pelo egoísmo, o orgulho, a ambição, a inveja, muitas das perversões do mundo contemporâneo.

Na linha de rumo traçada pelos pequenos caminhos, o Papa Francisco na sua 1ª Exortação Apostólica (2013) ensinava: «Trata-se de aprender a descobrir Jesus no rosto dos outros e aprender também a sofrer quando recebemos agressões injustas ou ingratidões, sem nos cansarmos jamais de optar pela fraternidade» (6). Neste documento, Francisco faz mesmo referência a um caso passado com Santa Teresa de Lisieux (7): Estando ela a fazer companhia à Irmã S. Pedro, cuja doença lhe dava um deplorável aspecto, começou a pensar numa cena alegre de um baile; de súbito, ouvindo-a gemer e vendo aquele rosto de dor, sentiu nesses momentos muito mais felicidade do que ao lembrar-se das imagens felizes do seu passado. E o Papa Francisco sublinha: «O modo de nos relacionarmos com os outros é uma fraternidade que sabe ver a grandeza sagrada do próximo, que sabe descobrir Deus em cada ser humano» (8).

O caminho do Amor, esse caminho pequeno, possui, ao mesmo tempo, uma força avassaladora. Sem todos os pequenos caminhos de Santa Teresa de Lisieux a mais jovem Doutora da Igreja −, a Fraternidade continuará, nos nossos dias, adiada. Por quanto tempo?...

30 de Maio de 2014


                                                Teresa Ferrer Passos

* Este texto foi escrito por ocasião do lançamento do livro da autora, Santa Teresa do Menino Jesus e a Força dos seus Pequenos Caminhos, Edições Carmelo, na Livraria da Universidade Católica de Lisboa, em 30 de Maio de 2014.


(1) Estes Manuscritos (1895-1897) vulgarizaram-se, após a sua morte, com o nome de História de uma Alma (1ª edição,1898).
(2) Manuscrito A, fl.45v.
(3) Manuscrito A, fl.66v.
(4) Manuscrito A, fl.68v.
(5) Manuscrito B, fl.1.
(6) Exortação Apostólica Evangelii Gaudium, Paulinas Editora, 2013, p. 68, Parágrafo 91.
(7) Idem, Ibidem, Parágr. 91, nota 69; Manuscrito C, fl.29v-30.
(8) Evangelii Gaudium, Parágr. 92.

sexta-feira, 30 de maio de 2014

Com rosas, espalhando o amor...

Rosas, a flor predilecta de Teresa do Menino Jesus
«Teresa de Lisieux descobria que havia um caminho, um caminho cheio de tesouros escondidos, uma pequena via que englobava todas as vocações ainda não avivadas, e esse caminho era o do AMOR. Estas palavras do poema "Os meus desejos junto do Jesus escondido na sua Prisão de Amor" (1895) revelam a alegria da maravilhosa descoberta: "E posso ganhar em cada dia / Um grande número de almas para Jesus / Abrasando-as no seu amor".
Aqui vemos como Teresa sente uma outra missão ao seu alcance, que a considera uma primícia de Jesus, cheio de confiança, a depositar-lha nas suas débeis mãos. Ela poderia transmitir aos missionários a força do amor, esse fogo que tudo pode envolver, tudo pode redimir e tudo pode ressuscitar.
Com que carinho Teresa do Menino Jesus podia fazê-los crescer no zelo pelo serviço, no espírito de sacrifício, na coragem ante os obstáculos, mesmo na temeridade entre os inimigos da fé. Por isso, escreve no seu diário: "Ó Jesus, meu Amor, a minha vocação encontrei-a finalmente, A MINHA VOCAÇÃO É O AMOR!"»
      
      Teresa Ferrer Passos, Santa Teresa do Menino Jesus e a Força dos seus Pequenos Caminhos, Edições Carmelo, p.98.

segunda-feira, 21 de abril de 2014

Traços de infância e de amor


«Na espiritualidade de Teresa do Menino Jesus, a pessoa humana será tanto maior quanto mais se mantiver fiel à personalidade da primeira infância. O protótipo é o Jesus-Menino, ele mesmo presente em Jesus até à sua morte e ressurreição. E a cruz tem em si mesma o sentido do espírito da criança submissa, o filho obediente, o menino cheio de confiança no Pai, o Pai a tornar-se Filho: «O Deus cuja omnipotência/ Detém as vagas que rugem / Tomando os traços da infância / Quer tornar-se fraco e pequeno». Na espera da sua libertação final depois de afastar d’Ele «aquele cálice», Jesus continua a obedecer como uma criancinha.»

         Teresa Ferrer Passos, Santa Teresa do Menino Jesus e a Força dos seus Pequenos Caminhos, Edições Carmelo, 2013, p. 49.

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Explicação (nos vinte anos do nosso casamento)



Segredo ancestral das sombras góticas
Que espera paciente a hora certa
Em que um raio de sol sobre um vitral
Despertará o Rei desaparecido
De um sono de estepes invernosas
Para a luz ágil de algum Maio
Que sonhe com oiro e com trigais:

É desta matéria volátil mas real
Que é feito e vive o nosso amor.


19/2/2014

Fernando Henrique de Passos

domingo, 27 de outubro de 2013

Materno e terno


 (invoco, para a Madre, o Arcano e Arcaico do Sápido Sol)

Brincando Amor na relva e sobre o solo,
Era Amor o mistério da quimera,
Afastando Amor meu de mim a Fera
Pra Zeus brincar na flor, de pólo a pólo.

E crendo Amor em mim eu era Apolo
Morando em Nova, sim, e em Citera,
Amando a minha flor como quem espera
Ser deus em nuvens d'ouro, ou no seu colo.

Que Amor seja o meu preito e seja a palma,
A c'roa, a glória minha e do meu bem.
Sangra Amor no meu peito e na minh'Alma,

Sagrado é ser candor, calor a quem
Diz o sim como Alguém. Na noite calma
Serenamente dorme, ó minha Mãe.

Tomar, 09/ 05/ 1993

AMOR MAGISTER EST OPTIMUS


Paulo Jorge Brito e Abreu

segunda-feira, 29 de abril de 2013

Estilhaços de amor


Francisco de Assis com o lobo

Estilhaços de amor cravados nas estrelas
salpicam-nos e trazem-nos lágrimas transparentes à
superfície dos olhos.
O caos cresce nos nossos corpos sem as sementes
do amor.
As horas extinguem-se nos corações vazios de amor.
Nascem desertos dentro dos nossos músculos,
dentro das nossas veias, dentro dos nossos ossos,
onde não sopra o vento manso do amor.
Tudo se esvai e desvanece quando nos esvaziámos
dos sinais vivos de amor.
Tudo se estilhaça de encontro às faces estranhas
de quem está connosco.
Soltam-se estilhaços do rosto dos desamparados sem um olhar de amor a alguém, a um simples alguém.
O vazio segue e o nosso caminho fica inseguro e árduo.
O vazio segue-nos, desfeito em nada,
sem procurar mesmo que sejam só uns estilhaços de amor. 

Nós olhámos para trás e pegámos-lhe na mão.
Restava-nos ainda um estilhaço de amor.

8 de Abril de 2013
                                                   Teresa Ferrer Passos

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Beijo sacro











Tínhamos a hora marcada.
Em páginas que deliravam,
estava escrito um sonho de amor.
Esperávamos o encontro único,
com a bênção do céu, só para nós.
O dia debruçava-se sobre o mar,
cobrindo-se de chuva suave.
A noite, ao abrir-se de par em par,
parecia uma janela solta a bater,
mas o som era de sinos a badalar…
Eu, com a altura de uma asa de andorinha,
tu, com olhos de falcão a buscar-me no sorriso.
E demos o beijo sacro. Foi lacrada a união.
Num dia dezanove de Fevereiro… 

19 de Fevereiro de 2013 (19 anos depois do nosso matrimónio)
                                         
Teresa Ferrer Passos

domingo, 6 de janeiro de 2013

Madrugada



(avoco, para a Musa, o 6 de Paus como Arcano)

à Hermética Irmandade dos Amigos da Luz

Amor, que em santas plagas me dás, ó querida,
O lábaro e Levita, as laudas, o canto,
A Lira tu me dás em Outono da vida,
E sem mágoas nem dor, tu bailas entretanto.

Minha meiga d' Amor, ó minh' Alma de Almada,
Ó sépalas tombando branquinhas, em cor......
Ó pomba, minha pomba, não vês, em alvorada,
A criança, querida, nos braços d' honor???

Sente as áleas, ó frol. Em castas e Menas
A Lua foi dália, as Almas dançaram......
Se fez o dia a neve, e em círios, ou cenas,
Se fez a noite nácar. E sinos tocaram.

MENS AGITAT MOLEM

Paulo Jorge Brito e Abreu

segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Novo Ano



Para que reine a paz entre todos os homens e mulheres
deste planeta a que chamamos terra... construamos a hora do Amor!!!
É a hora da fraternidade e não da perseguição aos desprotegidos.
É a hora de dividir e não de tirar o pão aos que se perderam dele…
Para que um Novo Ano nos ofereça dias promissores,
rumo a um futuro em que sejamos capazes de construir um mundo novo,
em que sejamos mais o exemplo do que a teoria,
em que voltemos a venerar as consciências não corrompidas!
É a hora de revisitar o humano e não de o violentar!
É a hora de repor a justiça e não de a escorraçar!
Mesmo vendo erguidos, há décadas, tantos chicotes…
saibamos, suportando o jugo, resistir, ainda!

Teresa Ferrer Passos

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

A luz daquele dia
















Na velha rua da velhíssima cidade
Passa um velho casal de namorados,
Os rostos orvalhados
Pela manhã de Inverno.
Sobe no céu o sol que o Padre Eterno
Mandou que brilhasse intensamente.
Vinda do mar,
A névoa fresca sente
Que o dia a vai amar.
O cheiro a maresia
Acorda e inebria
Um bando de pardais.
A catedral deixa brilhar os seus vitrais
E abre as portas ao par de namorados.
Ei-los agora ajoelhados.
“Lembras-te daquele dia de Novembro?”,
Diz ele. Diz ela: “Lembro…”
Deram as mãos. Olham o altar.
Ouvem o som do mar a marulhar,
A lembrar-lhes o mar daquele dia.
E o cheiro a maresia
Invade a catedral,
Beija ao de leve um castiçal,
Acende uma chama numa vela.
Além dele e dela,
Mais ninguém a vê.
Olham-se e sorriem só eles sabem de quê…

5 de Novembro de 2012

Fernando Henrique de Passos

Maresia




No altar do amor ergueu-se o som do mar.

Com chamas de maresia, uma vela pequenina

brilhou, como um natal, suave e denso.

Depois, o nosso olhar tocou o céu,

descido por instantes.

As nossas almas beijaram-se  

como um sal.

E o perfume do mar ficou ali

só para louvar a Deus

que o nosso amor abençoava.

5 de Novembro de 2012

Teresa Ferrer Passos

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Nascida em Agosto



Impressão táctil de luz no ar dolente,
A fissura no dia entre manhã e tarde
Deixa entrever canteiros de hortelã
E um perfume verde
Que sobe até aos frutos já maduros
E por eles desliza rumo ao céu
Roçando de passagem nos telhados.
Chamam por ti o canto das cigarras,
A janela a gemer nas dobradiças,
O ranger dos sapatos do teu pai.

Vem, rasga as cortinas,
Surpreende a brisa fatigada,
Une manhã e tarde num só tempo
E caminha decidida pelos anos,
De pés descalços corre sobre as pedras,
Corre sobre a dor que só tu sabes.

Não pares nunca.
Estarei à tua espera no Inverno,
Falto de luz,
Faminto do canto das cigarras,
Da brisa morna,
E do doce gemer de uma janela
Que se espreguiça e volta a adormecer
Sonhando que é cortejada pelo sol…

9/8/2012

Fernando Henrique de Passos

sábado, 28 de julho de 2012

Bendito Esposo


Nas lágrimas derramadas, reconheço a tua  pureza bendita.
Nelas inscreves o pânico da separação primeira,
na casa já a perder o sentido...

Num hospital, vejo-te naquilo em que ninguém repara.
Leio-te no fundo da tua excelsa alma.

Como Deus conhece a generosidade do teu amor em mim…
Como Deus conhece as tuas trevas nas horas da tua doença…
Como Deus conhece a força do teu amor, sempre a vencê-la!

Como um mar imenso em turbilhão,
vejo irromper a tua paixão a cada instante.

Conto agora dezoito anos da nossa vida
em comum, numa comunhão tão funda,
que não sei já o que significa a palavra fim


Lisboa, 28 de Julho de 2012

Teresa Ferrer Passos

terça-feira, 24 de julho de 2012

Dezanove Anos


Faz hoje dois dias,
Fez dezanove anos
Que nos conhecemos.
Faz hoje dois dias,
Tu estavas ausente,
A casa vazia.
O dia doía
De te ver doente.

Lá longe de casa
Teu corpo sofria.
Mais sofria a alma
Por falta de amor
Das que te acolhiam
Na cama moderna,
Cama articulada,
Cama gradeada,
Cama vigiada,
Cama desprezada
Por mulheres-robô
Com alma de cão,
Que se riem muito,
Riem sem parar,
Riem sem razão.

Eu, na nossa casa,
No nosso jardim,
Colhia sorrisos
Para te levar,
E juntava as letras
Da palavra amar.
E ao meio-dia
Ia-te encontrar;
E ao meio-dia
A tarde cantava
Da  nossa alegria…

22/7/2012

Fernando Henrique de Passos

terça-feira, 8 de maio de 2012

Amor Vidente

(invoco, para a Musa, o Arcano da Força)

Generosa visão, que no conforto
Duma Alma tão sagaz veio tão cedo
Aplacar dos castigos o degredo,
Um beijo d'Amor dar no sacro Horto......

Generosa visão, eu estava morto.
Tu vieste baixinho, p'lo arvoredo,
E de deusa teus pés, o meu segredo,
Era meiga missão, e qual o porto.

Generosa visão, eu estou contigo.
Oh vem do mar nas águas, minha bela;
Vem ser tu meiga Mãe, vem ser abrigo,

Vem dar asas ao Vate e ser donzela.
Quero viver, ser seu, ser seu amigo,
Quero viver, morrer nos braços dela.


Lisboa, 27/ 01/ 1991

AMOR MAGISTER EST OPTIMUS

Paulo Jorge Brito e Abreu


Nota do Autor: este soneto foi publicado, em 1992, in «Agricultura Celeste».
Aqui se publicita, de novo, em letra de forma, com ligeiras e certeiras alterações...........