Na velha rua da velhíssima cidade
Passa um velho casal de namorados,
Os rostos orvalhados
Pela manhã de Inverno.
Sobe no céu o sol que o Padre Eterno
Mandou que brilhasse intensamente.
Vinda do mar,
A névoa fresca sente
Que o dia a vai amar.
O cheiro a maresia
Acorda e inebria
Um bando de pardais.
A catedral deixa brilhar os seus vitrais
E abre as portas ao par de namorados.
Ei-los agora ajoelhados.
“Lembras-te daquele dia de Novembro?”,
Diz ele. Diz ela: “Lembro…”
Deram as mãos. Olham o altar.
Ouvem o som do mar a marulhar,
A lembrar-lhes o mar daquele dia.
E o cheiro a maresia
Invade a catedral,
Beija ao de leve um castiçal,
Acende uma chama numa vela.
Além dele e dela,
Mais ninguém a vê.
Olham-se e sorriem ‒ só eles sabem
de quê…
5 de Novembro de 2012
Fernando Henrique de Passos
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