A fissura no dia entre manhã e tarde
Deixa entrever canteiros de hortelã
E um perfume verde
Que sobe até aos frutos já maduros
E por eles desliza rumo ao céu
Roçando de passagem nos telhados.
Chamam por ti o canto das cigarras,
A janela a gemer nas dobradiças,
O ranger dos sapatos do teu pai.
Vem, rasga as cortinas,
Surpreende a brisa fatigada,
Une manhã e tarde num só tempo
E caminha decidida pelos anos,
De pés descalços corre sobre as pedras,
Corre sobre a dor que só tu sabes.
Não pares nunca.
Estarei à tua espera no Inverno,
Falto de luz,
Faminto do canto das cigarras,
Da brisa morna,
E do doce gemer de uma janela
Que se espreguiça e volta a adormecer
Sonhando que é cortejada pelo sol…
9/8/2012
Fernando Henrique de Passos
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