Toma o tempo
que quiseres.
Senta-te
aqui e deixa-te arrastar
Pela contemplação
desse mistério,
O grande
torvelinho imóvel que te sorve,
Que te
arranca as camadas do corpo e, uma a uma,
As recoloca
depois na ordem certa.
Toma o tempo
que quiseres, mas não perguntes
Que faço
aqui no meio das papoilas?
Aguarda
apenas que os sons do campanário
Deixem de
ser exactos algarismos,
E que o óleo
de novo se torne em aguarela
Na hora
plena das doze badaladas
Fundidas num
único sol-posto,
Prenúncio da
derradeira madrugada,
Aquela que
nunca terá fim.
29/9/2014
Fernando Henrique de Passos