domingo, 21 de setembro de 2014

O feiticeiro transparente

O mago da praia sem idade
Vê a cada instante o universo inteiro
Conhece todas as cores da única verdade
E num perpétuo lusco-fusco de mosteiro
Vai entretecendo o tempo na eternidade

O bobo do parque dos narcisos
Procura espelhos nos olhos dos pardais
Ouve aplausos no chocalhar até dos próprios guizos
E a ânsia de ouvir cada vez mais
Torna-lhe os gestos febris e imprecisos

O drama todo do mundo
Vem do mágico e do pantomineiro
E do seu laço profundo:
Só pode agir o primeiro
Por meio do bailado do segundo


21/9/2014

Fernando Henrique de Passos

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