Entro no centro de mim,
Tacteio o escuro.
Não sei porque vim
Nem sei exactamente o que procuro.
O vulto da noite espreita da varanda
O vulto das estrelas na latada.
Vejo um relógio que não anda.
Vejo uma ampulheta estilhaçada.
Espalhada pelo chão pressinto a areia
Formando um rosto de criança.
Não sei como é que o vento revolteia
Se o tempo suspendeu a sua dança.
Para lá da abóbada celeste,
Fora do palco e do cenário,
Dom Quixote por desfastio investe
Contra o fantasma de um deus imaginário.
E eu, no centro da noite milenar,
Contemplo o meu rosto antepassado
E procuro um sorriso atrás do esgar
Do cavaleiro descentrado.
19/11/2012
Fernando Henrique de Passos
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