domingo, 18 de novembro de 2012

A propósito do culto dos santos

S. João de Deus com um doente ao colo

  
Não vamos apagar os santos por causa de Cristo, nem Cristo por causa dos santos.

Cristo pode ser sempre um caminho para a santidade, assim como o santo pode ser sempre um caminho para Cristo.

Num santo, há momentos mais ditados pelo céu do que pela terra.


Não há que excluir o contacto com os santos naqueles que se dirigem ao santo para lhe fazer um pedido especial. Há, antes, que reavivar naquele que se lhe dirige, o significado verdadeiro dessa veneração perante a sua imagem nos altares. Muitas vezes, há igrejas construídas sob a invocação de um santo.

Ora, isto não significa que nessa escolha eclesial não esteja presente, como figura central do cristianismo, o próprio Cristo. Esta invocação é uma homenagem ao santo, porque viveu conforme Cristo e deu testemunho d’Ele. Por isso, às vezes, até a sua imagem está no altar-mor da igreja, o que significa sobretudo que esse santo é um caminho para Cristo e não que se substituiu a Cristo.

É isto que é preciso esclarecer junto de quem os venera, pedindo-lhes favores. De facto, os santos são exemplos de vida cristã. A leitura dos santos anteriores à vida de muitos outros santos, foi um facto importantíssimo na história da hagiografia. De tal maneira importante, que conduziu a sua vida a ser mais tarde também ela reconhecida como santa, pela Igreja Católica. Lembramo-nos de que muitos santos surgiram, precisamente, da pedagogia deixada por santos de tempos anteriores.

Não se deve, por isso, excluir a importância do santo no Cristianismo, porque o santo é essencialmente aquele que foi capaz de seguir Cristo até ao limite. Portanto, o problema do culto dos santos não está na invocação de um imagem que se encontra no pequeno ou grande altar de uma igreja. Está sim no facto de essa invocação, esse culto, só servir para solicitar uma dádiva, quando se precisa. Fica à parte o seu exemplo de seguidor de Cristo.

A Igreja Católica terá de fazer uma grande evangelização da santidade, salientando a importância que cada santo teve ou tem na nossa época. O seu testemunho deixado pelo contemporâneos, as suas cartas, as suas autobiografias, os seus escritos, em suma, têm de ser relembrados e reavaliados. Se não fosse importante ser santo, Jesus Cristo teria pregado sozinho. Os seus apóstolos deveriam, para Ele, ser santos, ou seja, exemplos a ser seguidos. E, porque não, invocados também nas horas difíceis da vida.

18 de Novembro de 2012
                                                                        Teresa Ferrer Passos

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