Os loucos passam todos do lado de fora do conforto
Parecem parados e contudo passam
Alguns esborracham as caras contra os vidros
Do lado de fora criam caretas de cristal
Sob a chuva fina que os afaga
E lhes embacia os olhos e a alma
O fumo do escape não os afugenta
Passam
São minhas criaturas
Bem como o fim de tarde e a luz dos eléctricos de outrora
E passa na passadeira uma poesia
De braço dado com um génio louco
Tão louco como os outros loucos que aqui passam
Apenas um pouco menos genial
E no fumo do cigarro
O seu último cigarro
Há as fagulhas dos eléctricos de outrora
Gemendo nos carris
Empurrando o pesado fim de tarde
Até que fosse noite e regressasse cada louco a sua casa
Se alguma casa pudessem ter os loucos
Obrigados a passar nas passadeiras
Condenados a voltar ao nada
Quando o semáforo voltasse a ficar verde
29/11/2012
Fernando Henrique de Passos
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