sexta-feira, 4 de setembro de 2015

A propósito de um novo romance...

"UM CIENTISTA E UMA FOLHA DE PAPEL EM BRANCO"



Aqui ofereceremos, cada dia, até ao seu lançamento, uma passagem de Um Cientista e uma Folha de Papel em Branco de Teresa Ferrer Passos. Trata-se de um romance sobre a sociedade materialista ocidental contemporânea - «fantástica viagem pelo mundo do irreal». A narrativa desdobra-se em duas partes: a 1ª, centra-se no cientista confrontado com a sua ambição e os enigmas da sua mente toda-poderosa; a 2ª, sobre a angústia do cientista perante a matéria, a ideia de Deus e o enigma da sua Origem.
    




O lançamento deste livro será no próximo dia 10 de Outubro, na Fnac do C. C. Colombo, em Lisboa, pelas 18h30. A Apresentação da obra está a cargo do Professor António Cândido Franco da Universidade de Évora.




«E duvida do sentido de todas as coisas. Ao mesmo tempo, sente no seu coração uma grande certeza: a sua espera remonta ao princípio do mundo e irá prolongar-se até à própria eternidade.»

«Mas, de súbito, teme a verdade como uma tragédia. O olhar imobiliza-o. As mãos pousam sobre a folha de papel e o lápis rola sobre a mesa. A respiração é ofegante. Depois, lenta. Demasiado lenta. O pensamento faz um silêncio.»

«Taoj sente perderem-se lentamente os rumos interrompidos das suas reflexões, essas reflexões que orientam e equilibram, mas também desesperam. (...) No seu olhar de dor adormece todas as noites»


À entrada do seu escritório

«Na realidade dos possíveis, vê a folha de papel em branco com os olhos apagando-se na palidez do impossível (...). 
Que caminhada de renúncia se inscreve no seu horizonte. Que emoção ansiosa a vergar-se à serenidade das realidades profundas. Que oculto sentimento de resistência a mantê-lo numa expectativa de que qualquer coisa vai acontecer».

«Com que agilidade eu pensava e com que sentido crítico estudava e, afinal, onde está a minha cabeça? não está espelhada na folha de papel em branco... onde estou eu se perdi a minha cabeça pensante? quando a perdi? há quanto tempo? perdi-me dela ou foi ela que se perdeu de mim?»

«Mas o que é mais estranho em tudo isto é que, ao fim de tantos anos, sente, pela primeira vez, que deseja alguma coisa com determinação, e, até perscruta em si uma espera que lhe parece não poder ter fim.»


A escrever no computador

«Silenciando o medo, Taoj sente que algo muda no seu modo de interpretar os possíveis objetivos daquele estranho computador. Como por encanto, Taoj refugia-se mais na caverna fragmentada de si mesmo, como se uma grande calma a inventasse»

«Então, Taoj sente-se uma raiz de felicidade-em-si porque nenhuma dúvida vive nele; as redes da Internet seriam o rumo certo, mesmo que um grande sofrimento, uma forte dor, uma inevitável derrota, o esperasse na procura, na procura sem limites. E que rapidez espantosa para qualquer comunicação com pessoas, objetos, e, até com todos os mundos, que desconhecia»

«Sentados, ao lado de um pequeno rochedo batido por ondas, a desfazerem-se em bolhas de espuma lilás ou roxa (não se discerne com clareza), dois homens parecem conversar com vivacidade. Taoj reconhece o perfil de um deles. Sente que o reconhece. Já o viu em alguma galeria de arte, na contracapa de um livro ou numa desconhecida rua de grande cidade»

Com António Cândido Franco e José Augusto Mourão
na Livraria Escolar Editora, em 2003

«Nesse instante, Taoj escuta a voz de Ulisses. Depois, parece ouvir de novo aquela voz de mulher ténue e distante tão distante e a sussurrar palavras que ele procura esquecer porque é, claramente, uma voz que o engana, que só pode existir em sonho, não, não pode ser verdadeira».

«O mistério como que dilui a espera de Taoj, perturbado demais para a pressentir. Sente uma náusea de susto. Não há imagens para além da aparência. Nem há vida para além do verbo. Um silêncio estende-se como um céu sem astros»

«Pressente à distância, fogos acesos e sem chamas, melodias divinas e a vibrar toda a simplicidade de um leve roçar de vida. Como podem fogos de vibrações sonoras devorar toda a procura, sem serem vistos pelo corpo acéfalo de Taoj e mesmo assim extenuado de sonhos?»


Com João Carlos Raposo Nunes na livraria Uni Verso
em Setúbal, em 1999, no lançamento de Álbum de Amor.

« − A liberdade é a água que corre em todos os recônditos lugares do teu corpo − escuta Taoj, com nitidez.

Quem diz estas palavras? (...) Assustado, o seu coração palpita com mais impetuosidade. Depois, o seu inconsciente extrai das nuvens negras e densas da memória o nome do filósofo grego, que desoculta no canto superior esquerdo do ecrã do computador»


«Entre os sábios gregos, muitos amigos tornaram-se meus adversários e tive de separar-me daqueles a quem a amizade me ligava mais. Seduzia-me descobrir toda a verdade sobre as origens do mundo, essa maravilha que me cercava e de que eu próprio fazia parte. Procurar a verdade sem falsidades, sem desvios artificiosos. Estudar a natureza na sua realidade pura, sem sofismas, sem vantagens fúteis na sua verdade íntima e a transparecer de beleza.»

«Como é espantosa a matéria, sempre a querer valorizar-se aos nossos olhos. A matéria constrói-se a si própria na ânsia de se regenerar até ao seu limite. Apetece-me dizer infinito, mas não gosto da palavra infinito, porque, quem pode entender essa palavra?»


Em 2004, na sua antiga casa de S. Braz de Alportel 

«Procurar, procurar, torna-se-lhe um caminho agora irreversível. O verdadeiro sentido da sua vida, conforme uma multiplicidade de sonhos lhe desocultara numa só noite, a parecer-se com os segredos do universo.»

«Nunca enviou um sinal,uma simples mensagem, um breve aviso. Inundado de caos, Alfa simula um real transcendente, em busca de um santuário consagrado ao deus da luz imperecível.

"A solidão, só a solidão me acompanha"

"E se pudesses dizê-lo a quem te criou?"»


No Jardim da Verbena, S. Brás de Alportel (2004)

«Uma espantosa coragem de avançar está inscrita em cada um daqueles irreverentes absurdos que esperam nascer, talvez um dia, e brilhar até ao infinito de todos os espaços ainda por criar.
Mais do que tudo, esperam romper todo o mundo precário e irreal em que Alfa vegeta perdido de qualquer referência ou vislumbre de direção.»

«Alfa não pode confiar senão no seu mundo pequenino, estreito, vadio e sem emoção. Nada o faria acreditar no valor de confiar e, muito menos, confiar nas palavras carregadas com o peso de uma mentira inglória!»



Antes de pegar na sua "enxada" diária em 21 de Agosto de 2015
«O silêncio intromete-se num monólogo inconsciente. Lúcido e como se estivesse alucinado, Alfa questiona-se. Na angústia, enrola-se bem no fundo de si e adormece. É uma letargia sem horas. E espera que qualquer coisa aconteça.»

«Múltiplas imagens perturbam Alfa. Tudo é semelhantes às ruas entrecruzadas de uma qualquer cidade infernal, ensurdecida pelos ruídos de uma tecnologia que rejeitou a ciência e invadiu os corpos humanos. Corpos amolgados pelo bairros de lata e os uivos das mulheres agredidas e a criança violentada como se fosse o lodo dos pântanos.»

«Adormecido numa imobilidade que o perdia e anulava, nenhuma partícula podia sobreviver no seu mundo de engano. Uma mentira colossal estava dentro das suas portas»

Junto ao castelo de Ourém, em 2002

«Acho que a matéria quer ir sempre mais longe, mais além, numa criação repleta de imaginosas direções, em mutações imparáveis e desvios alienados de mim.»


«Alfa está a perder-se deste estranho e vastíssimo universo que cada vez mais se afasta do seu pequeno mundo. As partículas divertindo-se com o espaço e o tempo e as outras forças novas alienam-se, encobrem-se e fazem nascer embriões de fantásticas criaturas.»

«Alfa está frente à aventura do impossível.
 Desse impossível donde irrompe a matéria em átomos e mais átomos que se atraem ou se repudiam, que se amam ou se odeiam, que edificam mundos novos ou recusam a sua construção.
 No caos absoluto da matéria vão-se erguendo biliões de absurdos. A Esperança é um deles.»


Excertos do romance de Teresa Ferrer Passos, "Um Cientista e uma Folha de Papel em Branco", Chiado Editora, Lisboa, 2015, pp. 15, 17, 19, 24, 27, 35, 43, 48, 58, 67, 80, 92, 107, 123, 144, 152, 180, 211, 229, 256, 269, 280, 357, 394, 397.



Na Biblioteca Municipal da Amadora, ao lado de
um retrato de Fernando Pessoa, em 2008




quinta-feira, 3 de setembro de 2015

A última pergunta




Estou acordado dentro dos Teus sonhos
Ou a sonhar no seio do Teu dia?
É indiferente, Senhor dos Mil Semblantes,
Agora que a Hora principia…

                    3/9/2015
                       Fernando Henrique de Passos

quarta-feira, 2 de setembro de 2015

Uma Europa de valores cristãos apagados...



Os valores cristãos já não são os valores com que a maioria dos europeus vive. Os valores cristãos divulgados, em primeiro lugar, pelos Evangelhos, têm sido, e continuam a ser, vilipendiados por um oportunismo desenfreado de gerações em que só o hedonismo, até ao hedonismo abjecto, fala alto e é aplaudido, como se não houvesse mais nada pelo qual valesse a pena lutar e a que valesse a pena aderir.

Daí, as manifestações reticentes, as posições equívocas, as tomadas de posição obstrutivas, os medos cobardes, os silêncios inesperados, da sociedade e de muitos políticos europeus, perante as vagas de fugitivos aos horrores de guerras no Norte de África e no Próximo Oriente.

Não serão estes milhares de fugitivos que nos estão a alertar, agora, para o falso mundo humano em que caímos e em que continuamos caídos? Um mundo humano em que falta, pelo menos, uma virtude capital, a Fraternidade com o pobre desconhecido que nos procura. Esse, que está despojado de todo o bem-estar material pelo qual os europeus continuam a respirar...

2 de Setembro de 2015
                                                                                     Teresa Ferrer Passos

sexta-feira, 28 de agosto de 2015

Deus

Miguel Trigueiros

Atei os meus braços com a tua Lei, Senhor,
E nunca os meus braços chegaram tão alto!
Ceguei os meus olhos com a tua Luz, Senhor,
E nunca os meus olhos viram tão longe!
Só desde que Te dei a minha alma, Senhor,
Ela é verdadeiramente minha.

Por isso, hei-de subir até à Vida,
Despedaçando o corpo na subida.
Por isso, hei-de gritar, de porta em porta,
A mentira das noites sem estrelas;
Hei-de fazer florir açucenas nos meus lábios;
Hei-de apertar a mão que me castiga;
Hei-de beijar a cinza dos escombros;
Hei-de esmagar a dor
E hei-de trazer, aqui, sobre os meus ombros,
A tua cruz, Senhor!

                                     Miguel Trigueiros*

* Este poema foi publicado no livro com o mesmo título, em 1944, por Miguel Trigueiros (1918-1999), hoje um poeta desconhecido. Entre outros, foi autor de Resgate, livro de poemas publicado, em 1939 (Prémio Antero de Quental). Fez parte do grupo dos “Cadernos de Poesia” (1942-44) que procurou criar uma nova corrente poética na linha da Presença de José Régio (1927), chamada “Poesia Nova”, conforme ao ideal presente num grupo de jovens poetas colaboradores do Suplemento “Seiva Nova” do Notícias de Viana (anos de 42 e 43), em que se integrou ativamente o poeta Fernando de Paços (1923-2003). Este daria à estampa o livro de poemas Fuga (1944) na Coleção publicada pela “Poesia Nova” de que Miguel Trigueiros era o principal dinamizador, em Lisboa.
                                                                    T.F.P.

quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Da Esquerda à Direita


Nos tempos que correm, Esquerda e Direita não são assim  tão diferentes: falam a mesma linguagem e formulam as mesmas perguntas, apenas lhes dando respostas diferentes. Por outras palavras, só se preocupam com problemas materiais.

27/8/2015

                                               Fernando Henrique de Passos

quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Espírito de partilha, onde está?

Populações fugitivas amassadas num barco, a cruzar as águas do Mediterrâneo

A Europa deve decidir no mais breve espaço de tempo, as quotas a atribuir a cada país da União Europeia, para receber, finalmente, e com urgência, receber os milhares de refugiados migrantes.

Estão a chegar em catadupa às fronteiras da Europa do Sul, fugindo da aterradora miséria que os consome, das perseguições inclementes, da guerra devastadora e desenfreada que sacrifica crianças, jovens, mulheres e homens, populações inteiras do Norte e do Centro de África, do Próximo e do Médio Oriente.

Fogem rumo a uma terra de paz, em que ainda restam umas migalhas de pão e de esperança para a sua vida. Esperam, no seu desespero, pela solidariedade, pela boa vontade dos europeus, abonados pela sorte de tantos bens à sua disposição.

A força do espírito de partilha com os pobres, os mais pobres que, quase já sem norte, indagam uma pequena luz para sobreviver, se ainda for possível sobreviver, neste mundo onde nasceram.Isto é o mínimo que se deve oferecer a essas gentes para que vivam, e vivam com aquilo em que, talvez, já nem acreditem.

25 de Agosto de 2015

                     Teresa Ferrer Passos

segunda-feira, 24 de agosto de 2015

Visões


Não acredites se um dia te disserem
Que o horizonte não existe.
De facto não é uma ilusão
A sagrada união de Terra e Céu.
Ilusório, sim, é crer que não há Alto,
E que o espaço vazio é frio e desolado
E fechado sobre nós qual mausoléu.


11/5/2015

               Fernando Henrique de Passos

domingo, 23 de agosto de 2015

Peregrinação


Mergulha os pés no chão ao caminhar.

Deixa que a terra, as pedras, o caminho
Subam por ti até que apaguem
O incêndio de sombras que te agita
E te esconde dos outros quando falas
E te esconde de ti próprio quando olhas
E julgas ver-te ali onde não estás.

Mergulha os pés no chão ao caminhar
E a cidade antiga que procuras, 
Vê-la-ás nascer dentro de ti.

23/8/2015
                       Fernando Henrique de Passos

sábado, 15 de agosto de 2015

Assunção de Maria ao Céu



No coração todo puro de uma Mulher,

o Espírito Santo viu a Sua Casa.

A Casa era bela e ofereceu-A ao mundo.
O mundo que A desconhecia, entrou n'Ela.

E logo viu a Salvação
num pequenino, de nome Jesus,
todo divino e a nascer num tosco casebre.

Mas, ó maravilha inesperada!
O nascimento era numa mulher
de coração todo puro,
O seu nome, Maria.

15/Agosto/2015
                                 Teresa Ferrer Passos

domingo, 9 de agosto de 2015

Presente de Aniversário


Há estátuas de jade, de marfim,
De bronze, de mármore, de basalto;
Mas eu não queria dar-te nada assim,
Eu queria chegar muito mais alto!

Eu queria dar-te
No dia dos teus anos
Esta impensável obra de arte:

Uma escultura esculpida no amor!
Mas esses não eram os planos
Do nosso Criador.

E Ele, que tudo determina,
Determinou que este novíssimo escultor
Não desse formas à matéria-prima:
Recebe então intacto o meu amor…

9 de Agosto de 2015

                     Fernando Henrique de Passos

sábado, 1 de agosto de 2015

Fantasia para fim de tarde


Hipnotizo as chamas do poente
Quando horas vagas passeiam pelas ruas
Lançando sombras de recortes trémulos
Na cal rachada das paredes nuas.

As labaredas sabem o meu nome
E nunca sobem mais do que eu permito
Embora nasçam do ventre da Loucura
E se alimentem da luz do Infinito.

Guardo-as no bolso e volto para casa,
O fim de tarde como passadeira.
E nessas noites antes de dormirmos
Há mais magia no lume da lareira.

19/4/2015

Fernando Henrique de Passos

Educar crianças das favelas da capital do Bangladesh


«Foi um pouco a pensar no meu passado, que alguém me tinha ajudado e a diferença que isso tinha tido na minha vida. Pensei que se eu fizesse a mesma coisa pelas crianças de Daca (favelas) no Bangladesh, elas podiam chegar onde eu cheguei» diz Maria do Céu da Conceição que conta 37 anos. 

Maria da Conceição decidiu deixar a vida de hospedeira de bordo e dedicar-se às crianças pobres, desde que as viu nos bairros pobres de Daca. Criou, então, a Fundação Maria Cristina, cujo nome se deve à homenagem que quis fazer a sua mãe adotiva, Maria Cristina que sendo uma viúva, fazendo limpezas, com seis filhos a cargo, ainda deu casa e comida a uma sétima criança, a própria Maria da Conceição.

Para angariar fundos para a sua Fundação, criada por amor à educação das crianças, Maria da Conceição tem desenvolvido atividades desportivas, como a subida ao pico do monte Everest. Recentemente, Maria da Conceição lançou o livro Uma Mulher no topo do Mundo. Que o produto da sua venda ajude a Fundação Maria Cristina a salvar ainda muitas crianças da miséria que as condena à ignorância, uma pobreza a irradicar de todo o mundo.

1 de Agosto de 2015
Teresa Ferrer Passos

terça-feira, 28 de julho de 2015

A nova Paixão de Cristo


A Paixão de Cristo oferecida ao Papa Francisco, uma escultura segundo a interpretação paradoxal de Evo Morales, Chefe de Estado da Bolívia. A cruz, símbolo de tortura, há dois mil anos, foi substituída pela foice-e-martelo, símbolo de torturas infligidas em regimes comunistas do século XX. O insulto de identificar Cristo, que pregou o espírito e o amor, com uma ideologia que prega o amor à matéria.

2 de Julho de 2015

Fernando Henrique de Passos



sexta-feira, 24 de julho de 2015

Eficaz terapia contra o cancro descoberta em Coimbra

Cientista Luís Arnaut 


Vários estudos e experiências realizadas em ratinhos, entre 2011 e 2014, provaram a eficácia da molécula Redaporfin", descoberta na Universidade de Coimbra, para o tratamento de diversos tipos de cancro, "através de terapia fotodinâmica" (tratamento inovador que "permite eliminar células cancerígenas de forma precisa"), afirma-se numa nota hoje divulgada.

De acordo com os ensaios realizados, "86% dos ratinhos com tumores diversos que foram tratados com esta tecnologia, seguindo exigentes protocolos de segurança, ficaram curados". Não se observaram efeitos secundários, como acontece com os tratamentos convencionais, como a quimioterapia. A equipa de investigadores da Universidade de Coimbra é dirigida pelo Professor de Química Medicinal Luís Arnaut.

24/7/2015

segunda-feira, 20 de julho de 2015

Palavras impossíveis

Cafetaria da Fundação Gulbenkian

os nossos olhos vítreos brilhavam devagar
nos contornos do chão liso e suspenso.
ali não havia mais que espaço e procura.

a serenidade infiltrada nas árvores
descia até ao fundo do nosso abismo,
dos nossos líquenes embebidos em vento.

Todas as folhas se vergavam ao nosso olhar
e desciam até às nossas almas a sibilar
um espanto único de palavras impossíveis. Ainda.

20 de Julho de 2015 (foi há 22 anos que nos conhecemos)

                                        Teresa Ferrer Passos

A persistência das imagens na retina

Jardim da Fundação Gulbenkian

Jardim assim frondoso,
Jamais o esquecerei.
Não sei se havia água
Contudo ouço-a correr.
Não sei se era no céu
Mas vejo tudo azul.
Não sei se eras princesa
Mas vejo-me correndo
Pisando nuvens leves
Macias como seda
Entrando num castelo
Subindo escadarias
Mais altas do que a lua
Entrando numa sala
Tão vasta como o mundo
Caindo de joelhos
Pedindo a tua mão
A qual foi concedida
(Jamais o esquecerei!)
Por mais do que algum Rei –
A bênção de te ter
Foi graça recebida
Do próprio Rei dos Reis!


20/7/2015

                        Fernando Henrique de Passos

domingo, 19 de julho de 2015

Prémio na área da Física para cientista português

Nuno Loureiro

A Sociedade Americana de Física distinguiu agora Nuno Loureiro, investigador do Instituto de Plasmas e Fusão Nuclear do Instituto Superior Técnico de Lisboa, pela sua contribuição na área da física dos plasmas.

O Prémio Thomas H. Stix é um prestigiado galardão na área da física, que até hoje nenhum cientista português havia alcançado.

quinta-feira, 16 de julho de 2015

O S.O.S. de Kafka

Um dia, um homem chamado Gregor Samsa acorda transformado numa gigantesca barata. No entanto, esta metamorfose não lhe suscita a mais leve interrogação. Não assoma aos seus lábios (?) um único “porquê?”. Apenas se preocupa com as coisas do quotidiano, como ir chegar atrasado ao emprego e ter de ouvir o chefe a ralhar com ele.

Gregor Samsa não vos lembra alguém?

A mim, Gregor Samsa lembra-me todos aqueles de nós que vivemos como se não fosse importante saber quem somos e o que fazemos aqui.

16/7/2015

Fernando Henrique de Passos

quarta-feira, 15 de julho de 2015

Harmonia na paz



«Muitas pessoas experimentam um desequilíbrio profundo, que as impele a fazer as coisas a toda a velocidade para se sentirem ocupadas, numa pressa constante que, por sua vez, as leva a atropelar tudo o que têm ao seu redor. Isto tem incidência no modo como se trata o ambiente. Uma ecologia integral exige que se dedique algum tempo para recuperar a harmonia serena com a criação, reflectir sobre o nosso estilo de vida e os nossos ideais, contemplar o Criador, que vive entre nós e naquilo que nos rodeia e cuja presença "não precisa de ser criada, mas descoberta, desvendada"».

Papa Francisco, Encíclica Laudauto Si, Parágrafo 225 (2015)

quinta-feira, 9 de julho de 2015

Que As Crianças Não Tenham Medo De Mim


Portugal dos Pequeninos
                                         (avoco, para a Musa minha, o Arcano da Estrela)

Crianças, não tenham medo de mim,
Não fujam, crianças, aproximem-se, cheguem-se:
Juntos construiremos uma bela casa,
Aquela casa azul e verde que se estende
Para os confins de além-mar e onde vocês
Jogam à bola - uma bola feita de trapos
E de açúcar, de mil delícias africanas
Que só vocês, em sonhos, podem construir:
É nessa casa que vos espero com olhos de girassol.

Lisboa, 25 / 09/ 1979

                                          SIC ITUR AD ASTRA

                                          Paulo Jorge Brito e Abreu

terça-feira, 7 de julho de 2015

Na morte de Maria Barroso Soares



Maria Barroso (1925-2015) - A memória viva

Maria Barroso Soares à saída da visita a José Sócrates.

No dia 18 de Janeiro de 2015, Maria Barroso Soares visita o ex-Primeiro-Ministro José Sócrates detido na prisão de Évora, sem culpa formada. Acreditando na sua inocência, Maria Barroso afirmou: "Estou triste por vê-lo nestas circunstâncias injustas e inacreditáveis". E acrescenta: "Eu tenho a certeza de que ele está inocente. Uma pessoa desta honestidade, desta qualidade, não pode deixar de estar inocente".

Assim, no seu espírito de solidariedade e comunhão com o próximo, Maria Barroso juntava-se então à visita de seu marido, o Dr. Mário Soares. Ambos, capazes de estender a mão a um amigo e correligionário, agora com graves acusações do Ministério Público e a viver as agruras de um prisioneiro.

Este o último, mas talvez também o mais alto ato público de Maria Barroso Soares, poucos meses antes da morte. A nossa homenagem à Mulher de alma de ouro.

7 de Julho de 2015
                                                      Teresa Ferrer Passos

sexta-feira, 3 de julho de 2015

Vontades

LIÇÃO DE ARITMÉTICA

Aceita do mal apenas a dentada,
E nunca o unguento que faz passar a dor.

Recusa a passadeira de veludo,
O doce resvalar rumo ao inferno,
O conforto que embala e adormece
Para te acordar no outro dia
Nas masmorras de quem comprou teu nome
A troco de uma caixa de rapé.

Crê em mim ‒ tu vales mais que um espirro.

18/4/2015



VONTADE DE DEUS, VONTADE DO HOMEM

Acontecerá dentro de ti
Exatamente aquilo que deve acontecer,
Bastando apenas
Que o teu papel seja cumprido.
E o teu papel é só um
Mas bem mais duro
Do que a forma da frase que o descreve:
Deixar que isso aconteça.

9/4/2015

Fernando Henrique de Passos

Também em OUTRAS DIRECÇÕES, neste blogue

Os povos da União Europeia



Como resolver a grave crise económico-financeira do povo grego?

Os dirigentes da União Europeia podem fazer muito mais do que aconselhá-los a subir impostos!

Podem aconselhar os povos da União Europeia a fazer férias nas suas cidades, aldeias e tantas ilhas...

A comprar produtos da Grécia como sejam Cd's de música ligeira ou clássica de autores gregos.

A comprar obras literárias de autores gregos.

A escolher produtos agrícolas produzidos na Grécia...

3/7/20015                                            
                                                                                             T.F.P.