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segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Receita


Para quem busca o Absoluto:
Esmague o ego num almofariz
(caule, folhas, flores e fruto)
Mas deixe intacta a raiz.

Faça com o pó uma tisana,
Coloque-a num frasco destapado
E, à centésima semana,
Lave a raiz no preparado.

Regue-a com a luz que pôde atravessar
A noite e o seu breu
E os raios de sol que vivem no luar
Farão desabrochar um novo Eu.

7/12/2015

Fernando Henrique de Passos

quarta-feira, 25 de junho de 2014

Sentido



Abre os portões da tua casa
E não voltes a fechá-los nunca mais

Deixa a tua alma tornar-se igual à rua
E o teu respirar passar a ser o vento

Rasga essa membrana imaginária
Que te faz repetir desde que acordas
“Este sou eu, lá fora são os outros”

E quando a tua missão estiver cumprida,
Abre os braços, recebe a chuva branda,
Dissolve-te nas gotas indistintas,
Torna-te parte de algum rio,
Deixa-te arrastar até à foz
E mergulha enfim no vasto mar
Que és tu, que é Deus, que somos todos nós


24/6/2014

Fernando Henrique de Passos

sábado, 13 de outubro de 2012

se isto fosse uma poesia não teria título



A queda da pluma
No céu que se esfuma
Na hora da bruma
Em coisa nenhuma

Atrás dos meus olhos não estou eu
Disse o louco e desapareceu

O silvo da seta
Na folha do esteta
Na estrofe correcta
Na luz do cometa

O que os meus olhos vêem não é meu
Disse o sábio e enlouqueceu

12/10/2012

Fernando Henrique de Passos