quarta-feira, 22 de abril de 2015

De Praga a Bucareste






                                                                        a Franz Kafka e Mircea Eliade

Abençoado absurdo: ácido balsâmico
Que queima a pele, as vísceras, a alma,
Sublima o lixo, liberta galerias,
Limpa o olhar, prepara a atenção
Para o bailado das luzes principais,
Que o tédio seguro da razão não deixa ver.

Abençoado abismo do horror mais negro:
Os olhos treinados a perscrutar a escuridão
Vão detectar sem custo e com deleite
A luz discreta da noite do solstício,
A noite em que os céus se irão abrir,
A noite de S. João…

22/4/2015
                                            Fernando Henrique de Passos

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