A suave morte de Manoel de Oliveira aos 106 anos de idade.
Uma idade em que o trabalho era, neste homem excecional, uma constante fonte de inspiração para viver, para se relacionar com o outro e com as maiores encruzilhadas humanas.
Manoel de Oliveira, o cineasta que escreveu todo um cinema português com as letras do universal. Uma inesperada criatividade, um rumo certo e irreprimível contra a corrente, a ignorar as críticas à sua grande aventura de ser ele próprio.
Uma incessante corrida contra o tempo e as modas, contra os pontos mais discutíveis do cinema atual. Uma imensa coragem moral a afirmar-se contra a morte anunciada de um cinema a vender-se, muitas vezes, por dinheiro.
Com o estigma daquilo que não se corrompe, que não se desgasta, os seus filmes foram e continuarão a ser uma lufada de ar fresco e de vida, ainda ao longo de muitas gerações. Assim o desejamos. Assim o esperamos.
2 de Abril de 2015
Teresa Ferrer Passos
Sem comentários:
Enviar um comentário
Deixe aqui o seu comentário