Penetro no centro oco do mistério.
Sinto no escuro a contracção de nervos
Mas não sei se são os meus nervos que se crispam
Ou as raízes húmidas da gruta
Pois já a custo me distingo dos muros que me cercam.
Procuro o réptil responsável,
O longilíneo primevo encantador,
O Rei das Trevas, senhor da ilusão
Que me fez prisioneiro de mim mesmo.
Escuto o longínquo gotejar do tempo
Disfarçado de passos femininos
Que se aproximam por longas galerias.
Se foi aqui que tudo começou,
Será também aqui o desenlace:
Dirijo-me ao encontro da serpente.
Fernando Henrique de Passos
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