Do céu, por entre a chuva, tombam séculos
Que se esboroam no verde-cinza das colinas.
Pela janela do palácio abandonado
A única habitante vê relâmpagos
Que trazem reflexos dos dias já passados,
Dos dias que havia antes de haver antes.
(Se dormisse ela veria, a única habitante do palácio,
Dentro dos seus sonhos as cores de outrora,
Frágeis estilhaços da realidade.)
A luz da tarde morre e, já sem luz,
O tempo hesita entre o ser e o não-ser,
Entre o não-ter-fim e o nunca-ter-principiado.
(A léguas do palácio, um príncipe galopa,
Perdido na borrasca, no tempo e suas tramas,
Sem capa, espada ou esporas.
A muitas léguas mais, vulcões e pó de chamas
Dão vida ainda às horas.)
10/6/2012
Fernando Henrique de Passos
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