Se rasgar a folha onde escrevo este poema
Verei por baixo um jardim zoológico fantástico
Onde as palavras são espécies animais
Se rasgasse a folha onde escrevo este poema
As palavras viriam comer à minha mão
Mas como não rasgo a folha onde escrevo este poema
Não há senão a folha e a caneta
E o poema não sai da superfície de si mesmo
Lisboa, 25 de Junho de 2012
Mas eis que rasgo a folha onde escrevi este poema
E sou mordido por um verbo
E cercado por milhares de substantivos
E escrevo pelas brechas do papel
Penduro-lhe palavras como quem junta troféus
E rasgam-me as pernas e as mãos
Mas eu pairo acima dos abismos
Que se abrem por baixo dos meus pés
Degolo serpentes e macacos
Devoro palavras que vomito
Resisto à tentação da fita-cola
Resisto à tentação da fita-cola?
Lisboa, 25 de Junho de 2012
Fernando Henrique de Passos
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