EM MEMÓRIA DO POETA HERBERTO HELDER (1930 - 2015)
Em 1994, foi-lhe atribuído o Prémio Pessoa pela sua obra.
Herberto Helder recusou a distinção, uma das mais importantes atribuídas em Portugal.
Sempre avesso às luzes da ribalta literária e intelectual, Herberto Helder manteve-se longe das entrevistas, das honras e dos prémios.
Um homem fora do comum, sem dúvida, ao solicitar ao júri do Prémio Pessoa que não o anunciassem como vencedor e que dessem o Prémio a outro.
Um Poeta que viveu sem que os outros intelectuais o escutassem para além dos seus escritos, para além do valor invulgar com que cruzava as palavras, para além da sobriedade de uma matéria-prima com que esculpiu a própria arte.
Um Poeta que não deixou a sua pequena ilha da Madeira, senão para a reencontrar sempre nos seus poemas a assumirem uma policromia a rasar a humildade visceral do seu autor.
Teresa Ferrer Passos
Como derradeira homenagem lembramos alguns dos seus versos carregados de inovação e singularidade:
Acrescentou-se um pórtico aos pórticos,
um terraço aos terraços. É um friso
fantástico com uma cidade incompleta.
Aqui a nave atinge alturas
desconexas: o tempo.
Ouves o grito dos mortos?
- O tempo
É preciso criar palavras, sons, palavras
vivas, obscuras, terríveis.
É preciso criar os mortos pela força
magnética das palavras.»
Herberto Helder, Ou O Poema Contínuo - Súmula, 2001, p.38.
«Poucos foram os que durante os últimos cem anos tanto fizeram pela construção da língua portuguesa e tão influentes foram na organização da linguagem poética contemporânea.»
«A sua concentração em torno do seu ofício, ignorando e recusando formas de espaço público para lá da sua escrita, são um dos sinais da sua determinação relativamente a um discurso sobre o seu trabalho e sobre a sua presença.»
Jorge Barreto Xavier, Secretário de Estado da Cultura
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