segunda-feira, 17 de novembro de 2025

 RECORDANDO O DIA DO ANIVERSÁRIO NATALÍCIO (8 de Novembro de 1923) DE FERNANDO DE PAÇOS (1923-2003), publicamos uma passagem do livro de Teresa Ferrer Passos intitulado «Fernando de Paços - Do "diário espiritual" inédito à poesia religiosa», Edições Carmelo, 2025, pág. 9-10:

«O “Diário espiritual” de Fernando de Paços é um manuscrito composto à medida que as interrogações sobre si se tornavam pertinentes. Escrevia de modo tosco, descuidado e pueril. Estas linhas foram escritas ao longo de doze anos, desde Abril de 1941 até Julho de 1953, quando deixava o lugar rural de S. João d’Arga, perto da sua cidadezinha, e rumava a Lisboa. Este rumo, tão inesperado, desenhara-se-lhe por influência do amigo e colega do liceu António Manuel Couto Viana.
É sobre essas linhas inéditas de Fernando Zamith de Passos Silva (nome completo), nascido em Viana do Castelo, em 8 de Novembro de 1923, essas linhas inéditas, dizíamos, a manifestar sempre a procura de um rumo que desejava ser indicado por Deus, que nos vamos debruçar. O manuscrito que nos chegou às mãos manteve-se desconhecido de seus familiares apesar de o autor o ter conservado na sua posse durante muitos anos. Em data desconhecida, deu-o a guardar a sua cunhada Esther de Lemos, que, poucos anos após a sua morte, os colocou à minha disposição e de meu marido, o seu único filho. Nas páginas do primeiro caderno do “Diário espiritual”, Fernando Zamith de Passos Silva assume vários pseudónimos, mas aquele com que identifica o seu diário é o de Fernando de Paços (este será o pseudónimo com que assinará a sua poesia e as mais de duas dezenas de peças de teatro infantil que publicou em vida).»

***

Um Papa - o Papa Leão XIV - não é suficiente para entrar em colisão com os muitos séculos em que a Igreja Cristã classificou Maria, a Mãe de Jesus Cristo, como co-redentora. A expressão nada tem de errado, pois a Anunciação do Nascimento do Salvador, referida nos Evangelhos, é-lhe apresentada como um acontecimento em que ela era chamada pelo Espírito Santo a assumir a maternidade do Messias e Salvador da humanidade. Se aquela jovem o tivesse recusado, o Salvador não teria nascido. O Espírito Santo esperou pelo seu "Faça-se em mim a Sua Vontade". Maria mostrou-se disposta a colaborar no Nascimento de Cristo. Assim, há uma real colaboração humana com o Redentor, Jesus Cristo, e isso em nada lhe retira o lugar de primazia como o Redentor que encarnou o próprio Espírito Santo, a quem chamamos Deus.
11/11/2025
Teresa Ferrer Passos

***

Athanasius, Bispo Auxiliar de Astana, Capital do Cazaquistão, responde ao Documento assinado pelo Papa Leão XIV (aqui, um pequeno excerto da publicação de Andrea de Jesus, no Facebook, hoje):
«(...) Pio XI afirma que, em virtude da Sua íntima associação à obra da Redenção, Maria merece com justiça o título de Corredentora. Ele escreve: “Por necessidade, o Redentor não podia deixar de associar a Sua Mãe à Sua obra. Por esta razão, invocamo-La sob o título de Co-redentora. Ela deu-nos o Salvador, acompanhou-O na obra da Redenção até à própria Cruz, partilhando com Ele as dores da agonia e da morte, nas quais Jesus consumou a Redenção do género humano. (...)
S. Efrém, o Sírio, Doutor do século IV, venerado pela Igreja como a “Harpa do Espírito Santo”, orou deste modo: “Minha Senhora, Mãe de Deus Santíssima e cheia de graça. Tu és a Esposa de Deus, por Quem fomos reconciliados. Depois da Trindade, Tu és a Senhora de todas as coisas; depois do Paráclito, Tu és outro consolador; e depois do Mediador, Tu és a Medianeira do Mundo inteiro, a salvação do universo. Depois de Deus, Tu és toda a nossa esperança. Eu Te saúdo, ó grande Medianeira da paz entre os homens e Deus, Mãe de Jesus nosso Senhor, que é o amor de todos os homens e de Deus, ao Qual sejam honra e bênção com o Pai e o Espírito Santo. Ámen.»
12/11/2025

 O Presidente de Angola João Lourenço desrespeitou o Presidente da República Portuguesa num discurso proferido a propósito dos "50 anos da independência de Angola", oferecida pelo Governo de Portugal, após o 25 de Abril de 1974. Nesse discurso, criticou a herança do colonialismo português, lembrando que Angola foi “oprimida e escravizada durante séculos” pelos Portugueses. Esqueceu-se, infelizmente, de concretizar os factos históricos que comprovariam essa "escravidão" exercida ao longo desses quatro "séculos de escravatura", como acusou!

17/11/2025 Teresa Ferrer Passos

sexta-feira, 7 de novembro de 2025

PERTO DO CORAÇÃO DE SUA MÃE


                     a uma mulher da Guiné e à sua menina quase a nascer


quase a nascer a menina toda depende de sua mãe.
cobre-a um frio de neve e as lágrimas flagelam
seus olhos a entreabrirem-se de susto.
encobrindo-se na pele de sua mãe
escorrega-lhe das mãozinhas
uma suave caricia inesperada.
o seu coração pequenino procura o de sua mãe,
uma mulher já fraca demais, a ansiar não a perder de si.
viera para uma terra alheia, viera à espera de socorro.
da sua terra saíra em busca de salvação.
mas a terra, que parecia a prometida, agora
mandava-a para casa.
está tudo bem está tudo bem, ouvira.
com o coração sem compasso
estremece aquela mãe. porém a sua menina
não sente já o coração da mãe
perdera-o dos seus lábios trémulos.
um vento forte demais afastara-as
para sempre...
num cemitério entraram ambas à mesma hora.
breve fora o tempo do seu encontro.
que vida tão curta tivera a menina!
mas ela agora seguia de novo
o coração, o coração de sua mãe.

4 de Novembro de 2025
                                        Teresa Ferrer Passos



quarta-feira, 5 de novembro de 2025

GUIADOS PELA LUZ


Lanterna chinesa Ming

És luz na minha noite.

És luz de brilho mágico,
Capaz de iluminar
Os poços mais escuros,
Capaz de desvendar
Segredos ancestrais,
Capaz de revelar
Mil formas não sonhadas,
Trazendo à superfície
Do mundo da matéria
Indícios cintilantes
Das santas leis do Espírito.

És luz na minha noite,
Por ti tornada dia.
És anjo mensageiro
Com novas do Altíssimo.
És doce companheira
Do meu peregrinar.

Aquele anel singelo
Que um dia te ofereci
Desfaz-se agora em bênçãos
Que não sei se mereço,
Oh luz na minha noite!


5/11/2025
                 Fernando Henrique de Passos

ACÁCIA DE JARDIM A FLORIR


naquele dia cresceram jardins dentro de mim.
dia cheio de uma magia que eu desconhecia.
senti uma aragem a soltar-me os pensamentos
a ganharem novo rumos.

naquele dia ofuscada
por névoas e lágrimas e abandono
via as rosas crescerem mais depressa
e vi também na tua mão a rosa mais
vermelha da terra onde nasci.
irradiava uma luz trémula, baça, estranha
e nela descobri um mistério denso
envolto num real imaginário que não era vulgar.

naquele dia não me inundou mais a pobreza
de simples olhares a desviarem-se
nem silêncios perdidos de palavras.
um vulcão de lava com uma cor nunca vista
parecia ter-me tocado como se fosse uma asa
a pousar ao de leve no ramo
de uma acácia de jardim a florir pela primeira vez.

5/Novembro/2025
                                              Teresa Ferrer Passos

quarta-feira, 29 de outubro de 2025

NO PRINCÍPIO...


UMA ONDA A SOLTAR-SE 


naquele dia escorria um nevoeiro intenso.
era a hora das matinas na minha alma
encerrada em paredes sem um murmúrio
num desses silêncios obscuros e densos.
naquele dia  cresceram flores nos caules inclinados pelo vento
desordenado e sem romper as minhas feridas impossíveis
de cicatrizar. e tudo deslizava devagar, sem se apagar da minha
memória cansada até à raiz da minha compaixão inútil.
naquele dia vi uma luz brilhar. 
naquele dia um som suave vibrou em mim
como se fosse uma onda a soltar-se toda do mar.

29/Outubro/2025
                                                Teresa Ferrer Passos



PUSEMO-NOS A CAMINHO HÁ 32 ANOS


Deus está connosco.
Bênçãos pela estrada.
Presença do divino
Nesta caminhada. 

A dureza da vida,
A presença da dor,
São amaciadas
Pelo nosso amor.

O Tempo nos ensina
A viver com Paz
Os anos difíceis
Que o Tempo nos traz.

Deus está connosco
Nesta caminhada
Que desde o princípio
Foi abençoada.

29 de Outubro de 2025
Fernando Henrique de Passos


terça-feira, 28 de outubro de 2025

Que sociedade, hoje

«A pressa, o afã, a inquietação, e uma angústia difusa caracterizam a vida atual. Em vez de passear tranquilamente, as pessoas correm de um acontecimento para outro, de uma informação para outra, de uma imagem para outra.»

«Ser livre não significa somente ser independente ou não ter compromissos. Não são a ausência de laços e a falta de enraizamento que nos fazem livres, mas antes as ligações e a integração.»

Byung-Chul Han, «O Aroma do Tempo», Relógio D'Agua, 2016, pp. 46-47 (1ª edição, 2007).

domingo, 26 de outubro de 2025

Memória de Justiça a Álvaro Laborinho Lúcio

Álvaro Laborinho Lúcio, ministro da Justiça no Governo de Cavaco Silva, foi um Juiz sempre pronto a fazer Justiça sem reservas! Muitas decisões difíceis, tomou-as como ministro da Justiça! Porque Laborinho Lúcio só obedecia a valores humanos em que a Ética era soberana! Um homem de grande integridade em qualquer circunstância! Um Governante exemplar, modelo para as gerações futuras.

Paz à sua alma!
26/10/2025
                                                                                  Teresa Ferrer Passos

segunda-feira, 13 de outubro de 2025

O Presidente Donald Trump, o construtor da paz na Faixa de Gaza

A esperança renasceu nos corações após o Presidente Trump ter usado, hoje, da palavra no Parlamento em Jerusalém! Palavra cheias de intenções, de boa vontade, de fé em Deus e nos Homens, mesmo aqueles que se incluem entre os mais pecadores!

13/10/2025
                                                                                                      T.F.P.




domingo, 12 de outubro de 2025

 RECORDANDO A APARIÇÃO DE MARIA,

no dia 13 de Outubro de 1917

 Excerto do livro «STABAT MATER» de Teresa Ferrer Passos (Ensaio sobre Maria), Leiria, 2020, p.13:


«A Anunciação a Maria: o instante único

─ «Salvé, ó cheia de graça, o Senhor está contigo». O anjo não dissera o seu nome, mas dirigira-se-lhe como se ela se chamasse «cheia de graça». Como podia ser «cheia de graça»?! Que fizera para o ser? Que recebera de Deus e porquê? Quem era ela, afinal? Ali, à espera do tempo da coabitação com José, recebia uma mensagem divina espantosa. Deus dirigia-lhe a palavra, precisamente a ela, através de um intermediário angelical. Como escreveu Gianfranco Ravasi: «Na gruta de Nazaré encontram-se Deus e o homem, anulando qualquer distância». Como será na hora do nascimento de Jesus, a distância entre Deus e o que era humano parecia ter-se anulado: aqueles instantes divinos de saudação a Maria. De súbito, Maria escuta. E podia ter recordado o livro da Sabedoria: «Ela é um sopro do poder de Deus, (…) não se pode encontrar nela a menor mancha… Ela é o resplendor da luz eterna, espelho sem mancha da atividade de Deus, e imagem da Sua bondade». Neste livro, a sabedoria é definida como se fosse uma mulher; ora, essa mulher não poderia ser a mãe do profetizado Messias, o Salvador do povo de Israel? Não teriam estas palavras alguma coisa a ver com ela própria? Seria o seu nó às coisas do Senhor que O faria estar com ela? Pensava, sem perder uma só analogia com as Sagradas Escrituras: «Veio a mim o espírito da sabedoria», veio a mim o Senhor que é a Sabedoria? Desconhecida dos grandes, ainda tão menina, sem posição social elevada, poderia ela ser «a cheia de graça», por vontade de Deus, como lhe era anunciado, naqueles instantes a quebrar a normalidade dos dias?»

sábado, 11 de outubro de 2025

A PAZ a renascer das pedras sobre as pedras do terror

 Com os Acordos de paz para GAZA alcançados por magnífica iniciativa do presidente dos EUA, Donald Trump, parece estar a chegar Jesus CRISTO, o "Príncipe da paz", como escreveu o profeta Isaías, ao profetizar que Ele "dilatará o seu domínio, com uma paz sem limites". Que a paz chegue definitiva a estas regiões tão barbaramente sacudidas pela morte, a fome e a inclemente destruição de bens, desde o tremendo dia 7 de Outubro de 2023 até aos recentes e tão tenebrosos dias de Outubro de 2025.

11/outubro/2025 Teresa Ferrer Passos


sábado, 4 de outubro de 2025

Um Ministro de Portugal, perante os portugueses na flotilha humanitária para GAZA

A atitude crítica de Nuno Melo do CDS (partido que se afirma democrata e cristão) em relação ao reconhecimento do Estado palestiniano pelo Governo português, é pouco coerente com o princípio cristão de solidariedade com todos os povos do mundo, sobretudo com os mais fracos, os mais pobres e desprezados. O povo da Faixa de Gaza está a sofrer uma tragédia desde há dois anos, após o ataque terrível desencadeado pelo grupo terrorista Hamas contra cidadãos de Israel. O povo palestiniano não devia estar a ser penalizado com uma fome brutal, com a ruína inclemente das suas casas e com os infames ataques mortais a hospitais cheios de feridos, médicos e enfermeiros... As crianças, as mulheres, os idosos, os jovens, tornaram-se os "bodes expiatórios" dos atos do Hamas! O judaísmo dos israelitas está a ser aplicado em Gaza, dentro da sua linha histórica mais cruel, desde os tempos de Abraão e Moisés. A medida do Governo de Portugal de apoio ao lançamento dos primeiros alicerces para a constituição de um Estado democrático palestiniano na Faixa de Gaza, não podia deixar de ser posta em execução, ao lado de outros países, como o Reino Unido e a França.

21 de Setembro de 2025
                                                                                                 

Foram presos os portugueses que se encontravam na flotilha humanitária a caminho de Gaza. Como é que Israel, que quer ser tido por um estado de direito, prende pessoas cujo "crime" era levar produtos alimentícios e medicamentos, perante a miserável e aberrante situação do extermínio de quase setenta mil palestinianos civis da Faixa de Gaza, desde o 7 de Outubro de 2023?!!!!

4 de Outubro de 2025     
                                                                             Teresa Ferrer Passos                                                            

quinta-feira, 2 de outubro de 2025

POESIA

 O poeta ascende até ao impossível e toma a palavra. No palco, os desprezados sobem com ele e saboreiam a palavra esperança. O poeta proclama-a até ao mundo que segue sem olhar para trás e enregelado em surdez.

2 de Outubro de 2025 T.F.P.

segunda-feira, 29 de setembro de 2025

E se de nós nada puder ficar?  Insólita visão. 
Por isso, mesmo se for pouco o que de nós ficar,
será como uma imensa luz a afagar-nos.
  29/9/2025                                                                                                                                                                 T.F.P.
                                                     

sábado, 27 de setembro de 2025

Quando a poesia se torna fogo de Deus

"Nós somos os que se desassossegam de véspera, às portas da escuridão, do vazio e do informe, temendo o abismo. Os nossos passos são, com efeito, como aqueles do humano 'que avança no nevoeiro'. Não obstante, diga-se, avançar no desconhecido é ensaiar aquela mesma fé ladrilhada de dúvidas, tão fértil que aprofunda ainda mais as raízes da sua confiança. Quem ousará, diante do abismo, arriscar perder-se a si próprio? Não será, porventura, a escuridão o lugar propício para o amadurecimento da salutar virtude da confiança?"

Bruno Ricardo Gonçalves Pinto, «Poesia de Deus nas vésperas do fogo», 24/9/2025 in internet, Pastoral da Cultura.

quinta-feira, 25 de setembro de 2025

A ousadia de partir, ante o pântano em que nos atolaram

 PEQUENO EXCERTO DA «ODE MARÍTIMA»

DE FERNANDO PESSOA
«Ah, seja como fôr, seja por onde fôr, partir!
Largar por aí fora, pelas ondas, pelo perigo, pelo mar,
Ir para Longe, ir para Fora, para a Distância Abstracta,
Indefinidamente, pelas noites misteriosas e fundas,
Levado, como a poeira, pelos ventos, pelos vendavais!
Ir, ir, ir, ir de vez!
Todo o meu sangue raiva por asas!
Todo o meu corpo atira-se prá frente!
Galgo pla minha imaginação fora em torrentes!
Atropelo-me, rujo, precipito-me!...
Estoiram em espuma as minhas ânsias
E a minha carne é uma onda dando de encontro a rochedos»
In Obras Completas de Fernando Pessoa, «Poesias de Álvaro de Campos», Ática, Lisboa, 1944, pp.171-172.

sábado, 20 de setembro de 2025

SEM OBRAS, DE NADA SERVE A DOUTRINA

Papa Leão XIV

 
Uma Boa Notícia vinda do Papa Leão XIV e acabada de receber!
Não se enquadra nos Evangelhos cristãos qualquer eventual
reforma relativa às mulheres e fiéis LGBT+ .
Uma tomada de posição inequívoca de Leão XIV e,
sem dúvida necessária, para esclarecer aqueles que ainda 
julgassem que entre ação e doutrina poderia não haver correspondência.

19/9/2025
Teresa Ferrer Passos


sexta-feira, 19 de setembro de 2025

Fernando Pessoa, retrato de Almada Negreiros (1964)


BREVE PÁGINA CRÍTICA DE FERNANDO PESSOA

(...) "Hoje, mais que nunca, se sofre a própria grandeza.
As plebes de todas as classes cobrem, como uma maré morta,
as ruínas do que foi grande e os alicerces desertos do que poderia
sê-lo. O circo, mais que em Roma que morria, é hoje a vida de todos;
porém alargou os seus muros até os confins da terra. A glória é dos gladiadores e dos mimos. Decide supremo qualquer soldado bárbaro, que a guarda
impôs imperador. Nada nasce de grande que não nasça maldito, nem cresce de nobre que se não definhe, crescendo."

Fernando Pessoa, Texto de Crítica e de Intervenção, Ática, 1980, pág.151.

terça-feira, 16 de setembro de 2025

DA «ODE MARÍTIMA» DE FERNANDO PESSOA

 Aqui, um excerto deste longo poema inigualável: 


(...) Gostaria de ter outra vez ao pé da minha vista só veleiros e barcos
                                                                                        [de madeira,
De não saber doutra vida marítima que a antiga vida dos mares!
Porque os mares antigos são a Distância Absoluta,
O Puro Longe, liberto do pêso do Actual...
E ah, como aqui tudo me lembra essa vida melhor,
Esses mares, maiores, porque se navegava mais devagar.
Esses mares, misteriosos, porque se sabia menos dêles.

Todo o vapor ao longe é um barco de vela perto.
Todo o navio distante visto agora é um navio no passado visto
                                                                                     [próximo.
Todos os marinheiros invisíveis a bordo dos navios no horizonte
São os marinheiros visíveis do tempo dos velhos navios,
Da época lenta e veleira das navegações perigosas,
Da época de madeira e lona das viagens que duravam meses.

Toma-me pouco a pouco o delírio das coisas marítimas,
Penetram-me fisicamente o cais e a sua atmosfera, 
O marulho do Tejo galga-me por cima dos sentidos,
E começo a sonhar, começo a envolver-me do sonho das águas (...)

In «Obras Completas de Fernando Pessoa», II vol. «Poesias de Álvaro de Campos»,
Edições Ática, Lisboa, 1944, pág.169.


quinta-feira, 11 de setembro de 2025

PARA ONDE SE ENCAMINHA A LIBERDADE DE EXPRESSÃO DO PENSAMENTO?

Charlie KIRK


 CHARLIE KIRK, que acreditava ter a liberdade de oferecer o seu pensamento aos jovens, cai e morre sob os tiros de uma arma. Fatal. Estava numa gigantesca reunião de estudantes, na universidade de Utah, (EUA). Só porque o ódio foi mais forte, a violência abateu a paz da palavra de Charlie Kirk. Será este o futuro daqueles que têm fé, os cristãos como ele, que ensinam com entusiasmo inexcedível a doutrina ensinada por Cristo? Por quanto tempo a violência nos pré-anuncia serem as nossas palavras rejeitadas, silenciadas, mais, sermos abatidos na praça pública sem piedade?

11/Setembro/2025

Teresa Ferrer Passos

***

Charlie KIRK desde os 18 anos que se notabilizou como um orador de excelência, que procurava expandir os princípios morais cristãos. Gostava de defrontar os seus inimigos pela palavra, dialogar com aqueles que se lhe opunham mesmo com agressividade e ameaças à sua integridade física. Nunca desistiu de envolver especialmente as muitas universidades dos EUA. Afinal acabaria, quando começava a dialogar com estudantes na universidade de Utah, por ser atingido por um dispara fatal no pescoço. Um crime hediondo. Com este fim fatal, nunca posto em causa por Charlie Kirk, morreu na sua muito difícil missão moralista cristã. Afinal, ainda há mártires entre uma juventude que não abdica da divulgação da sua fé.

12/Setembro/2025

Teresa Ferrer Passos

quarta-feira, 10 de setembro de 2025

UM PROFESSOR, HOJE

 O depoimento da professora Ruth Toledo (Belo Horizonte, Brasil) publicado por Paulo Marques no Facebook, é sintomático da sociedade que estamos a construir. O que se passa no Brasil é decepcionante, como denuncia esta professora primária à beira da reforma. Mas o que se passa em Portugal não é diferente. assim como em muitos outros países desta civilização ocidental, que tem crescido sem um objetivo alto, uma alma de fraternidade, um coração de humildade, um sentido para uma vida com valores. Cada um só olha para si próprio, como se os outros nada significassem, nenhum valor possuíssem. O desrespeito pelos mais velhos tornou-se o emblema do vencedor. A internet idolatra-se como se fosse humana e tudo o que era humano se esquece ou ignora-se ou despreza-se.

10/9/2025
Teresa Ferrer Passos

 AINDA A TRAGÉDIA DO ELEVADOR DA GLÓRIA

Os ataques dirigidos ao engenheiro Carlos Moedas primam por falta de senso ou, dito de outro modo, falta de sensatez. No tempo a seguir ao acontecimento, o presidente da Câmara de Lisboa devia assumir, dizem, a responsabilidade pelos que morreram e pelos feridos, mesmo antes dos apuramentos técnicos conducentes á descoberta das causas do que aconteceu. Rapidamente se deviam, assim, identificar os culpados de que o Presidente da Câmara era o primeiro. Os outros culpados viriam a seguir. Estas tomadas de posição, em catadupa (televisões, rádios e redes sociais), mostram que o que interessa, nesta sociedade, é a denúncia dos eventuais culpados, não é, como devia, a procura de soluções para obstar a que acidentes como este se voltassem a verificar. O importante é mesmo solucionar, se for possível, erros de conceção na máquina ou suspender a sua circulação. Contudo, parece que, nesta sociedade, só interessa ter ganhos políticos com cada acidente que acontece. Esta conduta imoral repete-se em acontecimentos semelhantes. Por isso, a culpa, a culpa precisa-se!
8/9/2025
Teresa Ferrer Passos

quinta-feira, 4 de setembro de 2025

A TRAGÉDIA DO ELEVADOR DA GLÓRIA

O icónico elevador da Glória inaugurado em Lisboa, em 1885, caiu ingloriamente e com ele tombaram dezassete pessoas a quem só resta o regresso aos seus países ou à sua Lisboa, atravessados pelos ferros brutais de uma viagem breve, tão breve como a sua morte irremediável e sem resgate.

No dia 24 de Outubro de 1885, seria inaugurado em Lisboa, o primeiro Elevador da Glória. 

Nada permanece, a decomposição é uma iminência, a mudança fragmenta a cada instante. Ninguém se fie na sua imagem de hoje, a duração é imprevisível. Se o tempo não existe, como separar os seus instantes? A realidade atroz de um elevador a despenhar-se na calçada da Glória em brevíssimos segundos, oferece-nos a chave que tantas vezes não encontramos.

Lisboa, 4 de Setembro de 2025

Teresa Ferrer Passos

 

Todas as máquinas se podem avariar, mesmo depois de vistoriadas pelos especialistas mais competentes. A Máquina é falível. A máquina é concebida pelo ser humano. O ser humano é falível. Neste caso, não se pode aplicar a ideia de culpa porque, neste caso, muitos seriam os "culpados". 

7/9/2025                                                                             Teresa Ferrer Passos


quinta-feira, 14 de agosto de 2025

O MEU APELIDO FERRER

NÓTULA sobre o apelido Ferrer, recebido de minha saudosa mãe

Minha mãe nasceu em 25 de Dezembro de 1909. Seu pai, e meu avô, membro da Carbonária, era grande admirador de Francisco Ferrer (1). Querendo prestar-lhe homenagem pela sua condenação à morte por razões de ordem política, meu avô quis que a sua filha Natércia, que nasceria dois meses depois, tivesse no seu nome, ou seja, tivesse o apelido deste destacado pedagogo e anarquista espanhol. Foi este apelido que adotei, em 1995, como nome literário, substituindo o apelido Bernardino, apelido de meu pai, de quem não tenho uma boa memória.

(1) Francisco Ferrer y Guardia (1859-1909) foi um pedagogo anarquista e revolucionário espanhol, conhecido por fundar a Escola Moderna em Barcelona. A escola tinha como objetivo promover uma educação laica e racionalista, buscando formar cidadãos críticos e conscientes. Ferrer foi acusado de envolvimento em atentados e revoltas, sendo preso e executado em 13 de Outubro de 1909, o que o transformou num símbolo da luta pela educação e liberdade de pensamento. 

14/agosto/2025

Teresa Ferrer Passos

sábado, 9 de agosto de 2025

No Aniversário da Teresa

TU E A TUA RUA

Há uma rua em Lisboa
Tão pacata e sossegada
Que quem lá passa supõe
Que ali não se passa nada.
Tudo nela é sopesar
Da morte e do seu mistério
Porque a rua desemboca
No jardim de um cemitério.
Mas a doçura da vida
Tem caminhos e segredos
Que fazem esquecer a morte
E o seu cortejo de medos.
E uma espada de luz
Rompeu as sombras da rua
No dia em que teve início
A vida que agora é tua.
E, muitos anos passados,
Eu que era qual moribundo,
Desposando a tua vida
Vi de um outro modo o mundo.

9/8/2025

                                   Fernando Henrique Passos


Comentário de Teresa Ferrer Passos in Facebook, 9/8/2025:
"Mesmo que fosse somente para conhecer a minha saudosa e santa mãe e para te conhecer, valeria sempre a pena ter nascido!"

segunda-feira, 4 de agosto de 2025

 É uma felicidade ter amigos grandes, na alma e na palavra.

   4/8/2025                                                                                      T.F.P.

quarta-feira, 30 de julho de 2025

Um jardim, entre o matagal e o lixo

Aqui, na zona do Calhariz de Benfica, em Lisboa, o jardim "Calhariz novo" mandado fazer pelo presidente da câmara Fernando Medina, está votado ao abandono e as árvores, como uma grande figueira, e outras, cobrem-se de frutos que apodrecem ao lado do matagal e da lixeira em que o transformaram... Daqui desapareceram os jardineiros? Haverá jardins mais e jardins menos? Quantos casos como o do pessegueiro, da figueira, até de recém-cultivadas palmeiras e outros arbustos floridos, por esta Lisboa em que as varandas das janelas se floriam com profusão de vasos de cravos e malmequeres, há décadas atrás?! Em frente, no passeio, os caixotes do lixo raramente são despejados e mais lixo se atafulha ainda entre eles. Um espetáculo de degradação citadina, sem dúvida.
Há apenas dois dias, vi que o restante matagal tinha sido cortado. Até que enfim! 

Teresa Ferrer Passos, Facebook, 15 e 30 de Julho e 7 de Agosto de 2025

Ainda o bulling

 Na escola o bulling devia ser abolido. A escola devia sempre substituir os pais que também o praticam com os próprios filhos... A escola devia ser o lugar do exemplo, se, como acontece, a família se demitiu de defender os valores mais altos a que tem direito o ser humano. E as crianças, os velhos e as mulheres têm sido, e, continuam a ser, os mais desprezados, os mais atingidos. Também os humoristas de televisão e de rádio como a Joana Marques e o Ricardo Araújo Pereira, têm com frequência usado técnicas de bulling nos seus programas para ridicularizar as pessoas visadas pelos seus intentos, até à exaustão.

Teresa Ferrer Passos in Facebook, 4 de Julho de 2025

sábado, 26 de julho de 2025

 A VELHICE, SUSTENTÁCULO DA ESPERANÇA

NO DIA DOS AVÓS invocamos a justa homenagem do Papa Francisco aos avós e aos idosos, transcrevendo uma passagem do meu romance inédito «S. Joaquim e Santa Ana ou a Oratória do amor» 

«O abastado pastor contraíra matrimónio com Ana, filha de Mathan, um sacerdote do templo cuja ascendência recuava ao rei David. O casamento fora marcado pelo amor, não pelas conveniências sociais, como era mais vulgar. Naquele dia, Rúben fitou Joaquim de um modo estranho e que lhe pareceu mesmo severo; falou-lhe com uma voz perpassada de secura, ainda antes de Joaquim ter tempo de lhe anunciar a oferta que trazia. Quando o informou da oferta que transportava, respondeu-lhe com palavras irritadas, rejeitando-a com o pretexto de não a poder receber porque Deus a recusaria. A estupefação de Joaquim, um venerável frequentador do santuário, transpareceu nas suas faces ruborizadas de espanto. Teve a sensação de estar a ser menosprezado, insultado mesmo, pela primeira vez na sua vida, e, precisamente, no lugar mais sagrado de Israel.»

Teresa Ferrer Passos, São Joaquim e Santa Ana ou a Oratória do amor (romance de fundo histórico, inédito).

domingo, 20 de julho de 2025

NAS MÃOS DE DEUS

     No 32º Aniversário do nosso conhecimento
 
Seria previsível
que a vida despontasse por acaso
num universo como o nosso?
Probabilidade quase nula,
a de uma ocorrência tão insólita,
segundo as leis da sorte e do azar.
 
Contudo
assim surgiu também,
na noite da alma que era a minha,
a tua luz, Teresa,
a abrir caminhos
que não deixei ainda de seguir.
 
Por trás dos dois clarões tão improváveis
pressente-se a mesma fonte de doçura,
a mesma irresistível força dócil,
o mesmo rasgar suave do destino,
a mesma tempestade de amor
do Cristo Rei!
 
20/7/2025

              Fernando Henrique de Passos

PRECISAMENTE NAQUELA TARDE

                                 
                                    Pequena memória do dia 20 de Julho de 1993


era uma tarde apagada. o sonho desfazia-se
num instante coberto da espuma nívea
das avenidas ao lado do grande jardim
em que as árvores se debruçavam sobre a canícula.
não me contive na derrota nem tão pouco me continha
agora nas suas sombras cheias de interrogações.
os ruídos do trânsito não desfaziam o meu silêncio esgotado
por um cansaço pintado pela imensidão  do sol. 
nada me afastava daquela realidade nefasta
a mostrar-se desavinda e imprevista.
sem quebra da espera nova avancei para o grande jardim.
aqui abriam-se portas que eu não via?
abriam-se janelas de par em par que eu tão pouco vislumbrava? 
as faces pálidas ocultava-as eu entre as mãos trémulas e suadas.
desci a escadaria para a biblioteca apressada.
queria eu saborear o tempo de a descer
antes de perder mais uma batalha?
a constância da dúvida acompanhava-me mesmo assim.
e foi precisamente naquela tarde infortunada que se juntou 
a tua afortunada chegada.

20/7/2025
                                             Teresa Ferrer Passos

sexta-feira, 18 de julho de 2025

 

A IMPOTÊNCIA DE UM OLHAR

 

GAZA, uma terra mártir.

crianças jovens e mulheres fogem para os não lugares.

a vingança estéril dos soldados israelitas é imparável

e alaga com sangue corpos a expirar.

as lágrimas de saudade esbarram no ser amado. imóvel.

e todo um povo espera com a loucura nas mãos espelhada.

a indiferença do mundo cresce.

o sofrimento incontido alastra.

o amor esmorece. os corações abatem-se.

e em todas aquelas gentes nasce um ruído atroador

como se todos já cantassem a hora da vitória.

18/7/2025

                                     Teresa Ferrer Passos

sexta-feira, 11 de julho de 2025

MANHÃ DE VERÃO

Enfermeira Natércia em 1948,
ano em que eu nasci.

 

                          Memória do dia em que a minha mãe morreu


no meu olhar o teu olhar embaciado.
a visão assombrosa da partida apagava o sol intenso.
a viagem mais longa e a mais certa inscreve-te
num tempo último. não sinto a mais branda aragem.
no meu olhar ficam crateras
de um vulcão incandescente.
no teu olhar há um fogo fátuo inapagável. 
o dia não nos oferece senão
uma precária nuvem incerta
a respirar o ar escasso daquela manhã de verão.
era uma manhã dourada pela luz
a flamejar como se um nascimento
exaltado no choro
fosse um hino de glória
à magnífica ventura de nascer.
e o teu nascer - mistério imenso –
contracenava agora com o teu morrer –
delírio exorbitante
dos meus dias indistinguíveis do teus.
tudo parecia sem princípio nem fim.
tudo se eclipsava na tua memória
e toda a minha memória se cobria de sombras.
o teu olhar descia perturbado
até ao desconhecido e esvaziado sepulcro
onde a porta se me fechou. e te perdi de súbito.

11 de Julho de 2025
                                         Teresa Ferrer Passos

quarta-feira, 9 de julho de 2025

TEMPESTUOSO DESTINO


o destino corre no meu encalce.  
conheço-o desde a infância interrogativa
onde só vivia ingénuas imagens.
agora recordo-as a medo de as deixar escapar
da minha memória envelhecida por um tempo inclemente e audaz.
o destino corre ainda a apagar as minhas asas de pássaro
em busca de um caminho pleno de significados.
a sua presença foi invisível a cada momento da minha vida
essa vida incapaz de apagar as arenosas
escarpas dos seus desígnios torpes.
por isso me comparo à guardiã de uma terra
acossada pela bravura do mar.
fui perdendo as batalhas sucessivas e as suas feridas não sarei.
sinto que o destino tem mais força que as tempestades do mar.
os seus avatares são imprevisíveis
e ninguém alguma vez os conhecerá.

9/7/2025

                               Teresa Ferrer Passos

sexta-feira, 4 de julho de 2025

Acerca da sociedade, dos humoristas e da sua arte do "bulling"

Ana Galvão afirma, em defesa de Joana Marques, que "rir não magoa". Não vê que, se isto fosse verdade, justificaria muito do bullying praticado nas escolas? Rir de alguém pode ser muito doloroso para esse alguém!
FHP

O que fazem mais do que rir, os jovens que praticam bulling nas escolas?! Rir de alguém para humilhar, desprezar, ridicularizar, é bulling!
TFP

Só referi as escolas porque em primeiro lugar devia ser na escola que o bulling devia ser abolido. A escola devia sempre substituir os pais que também o praticam com os próprios filhos... A escola devia ser o lugar do exemplo, se, como acontece, a família se demitiu de defender os valores mais altos a que tem direito o ser humano. E as crianças, os velhos e as mulheres têm sido, e, continuam a ser, os mais desprezados, os mais atingidos. Também os Humoristas de televisão e de rádio como a Joana Marques e o Ricardo Araújo Pereira, têm com frequência usado técnicas de bulling nos seus programas para ridicularizar as pessoas visadas pelos seus intentos, até à exaustão.
TFP

O bullying pode dar-se nas mais diversas situações. Mas se a função da escola é educar, devia ser na escola que devia começar o combate ao bullying.
FHP

Posts in Facebook, 2-4 de Julho de 2025

sábado, 28 de junho de 2025

UM POEMA


CAMINHO ERRÁTICO


malmequeres amarelos tombam na jarra
a transparecer de vida.
a sede murchou as pétalas pequeninas
a vibrarem ainda as raízes
perdidas de si pela bruteza dos segadores do campo.
um campo abandonado. olho-os sem palavras.
porque as palavras perdem-se no estremecer
da minha voz cansada de sonidos inaudíveis e fechados.
a minha voz recua como o coração
de uma criança submissa ao sol  que a contempla nos dias 
encurralados em nuvens de calor.
a minha voz comprime-se perante o sortilégio.
amortecida. sem firmeza. rouca
e ainda a prosseguir um caminho oculto. errático.
então como uma trovoada sem relâmpagos 
comparo-me a um penhasco perdido do fresco mar.
esse mar espelho de diáfana folhagem.
esse mar de memórias apagadas só a sobreviverem
nas esquinas das ruas onde se inscreve
o som de um nome que ninguém conhece.
 
28/6/2025

                            Teresa Ferrer Passos

sábado, 21 de junho de 2025

UM OUTRO POEMA:


ESTRELAS DESAVINDAS


na seiva dos lugares ardem crateras nas almas 
abertas sem ruído. À sombra da noite de sirenes imparáveis
incendeia-se o jogo das estrelas novas da guerra.  
como se confundem com as estrelas cintilantes
na lonjura de milénios.
caem mísseis desavindos e um povo esfaimado
delirante e sem relógio para medir o tempo
da espera, adormece. exausto.
a humilhante espera culmina nos dias
embalsamados no sol da planície a abafar
com as farpas de um calor enriquecido. 
incêndios vastos saem das estrelas da guerra
em movimento.
e a dor cresce para além da dor.
e os seres tornam-se simples
fragmentos em busca de destino 
sem vislumbrar um horizonte.
encerrados numa incerteza impiedosa sufocam as lágrimas
suspensas em gritos ensurdecidos até da própria pobreza.
palavras agitam-se insubmissas
sofridas até ao pôr-do-sol de cada dia.
os povos impotentes arrastam-se
aprisionados nas garras da intolerância.
e a tirania das armas arrebata das suas horas
as mínimas réstias de felicidade. 

21/6/2025

                                             Teresa Ferrer Passos