PEQUENO EXCERTO DA «ODE MARÍTIMA»
DE FERNANDO PESSOA
«Ah, seja como fôr, seja por onde fôr, partir!
Largar por aí fora, pelas ondas, pelo perigo, pelo mar,
Indefinidamente, pelas noites misteriosas e fundas,
Levado, como a poeira, pelos ventos, pelos vendavais!
Ir, ir, ir, ir de vez!
Todo o meu sangue raiva por asas!
Todo o meu corpo atira-se prá frente!
Galgo pla minha imaginação fora em torrentes!
Atropelo-me, rujo, precipito-me!...
Estoiram em espuma as minhas ânsias
E a minha carne é uma onda dando de encontro a rochedos»
In Obras Completas de Fernando Pessoa, «Poesias de Álvaro de Campos», Ática, Lisboa, 1944, pp.171-172.
Sem comentários:
Enviar um comentário
Deixe aqui o seu comentário