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domingo, 3 de abril de 2016

No terreno e na carne dos humanos



«Na Incarnação, o cristianismo oferece a possibilidade de conjugar o que se considera inconciliável: a transcendência entra na história e faz história humana, com os humanos. Deus une-se com eles. Sem se tornar vulnerável, porque permanece Deus em relação na sua transcendência, salva-os não de longe, na sua solidão sublime e imperturbada, mas no terreno e na carne dos humanos».
                         Armindo dos Santos Vaz, «A Relação Bíblica do Humano com o Divino» in "Revista de Espiritualidade", nº 89, 2015, p.23.

Salvos num mar que liga,
em vez de separar,
porque nem sempre 
o mar separa.
                            T.F.P. (comentário no Facebook)

quinta-feira, 25 de junho de 2015

Escrever, não escrever...

Gabriel García Marquez

«Nunca sei quanto vou poder escrever nem o que vou escrever. Espero que me ocorra alguma coisa e, quando me ocorre uma ideia que ache boa para a escrever, ponho-me a dar-lhe voltas na cabeça e deixo-a ir amadurecendo.

Quando a tenho terminada (e às vezes passam muitos anos, como no caso de Cem Anos de Solidão, que passei dezanove anos a pensar), quando a tenho terminada, repito, então sento-me a escrevê-la e é aí que começa a parte mais difícil e a que mais me aborrece.

Porque o mais delicioso da história é concebê-la, ir arredondando-a, dando-lhe voltas e mais voltas, de maneira que na altura de nos sentarmos a escrevê-la já não nos interessa muito, ou pelo menos a mim não me interessa muito; a ideia que dá voltas. »

Gabriel García Marquez (1927-2014), Eu não venho fazer um discurso

sábado, 16 de agosto de 2014

Esvaziada sociedade, hoje...

Salvador Dali

"Os dois grandes produtores de dinheiro são a droga e a pornografia.”

"Vivemos num dos períodos mais selvagens da História".

"Há hoje mais crianças escravizadas, morrendo de doenças e de fome

do que alguma vez houve".

"Muitos intelectuais estão fascinados pela violência e pela crueldade".

                                                                    George Steiner

Fonte: V Conferências Internacionais de Filosofia e Epistemologia
do Instituto Piaget, em Viseu (Agosto/2014) 


terça-feira, 20 de agosto de 2013

A magia da dança?


«A maior revolução da História (…) tem sua maior razão na fatalidade mística que a arma, e que faz com que esta sociedade não queira ser salva.

E não o quer, porque tem, ela mesma, a consciência da necessidade do seu fim. Ela sente que deve desaparecer (…) para que o mundo se purifique e adquira novas possibilidades de Beleza.

A sociedade morre dissolvendo-se na maior Dança macabra de que no mundo há memória, e ao pé do frenesi da qual as que os primitivos pintaram com esqueletos bailarins, não passam de brinco infantil.»
                          

                             Afonso Lopes Vieira, “A última encarnação do Encoberto” (1922)

domingo, 7 de outubro de 2012

A 1ª República e a Igreja no Algarve



Dando continuidade a publicações de carácter histórico de alto rigor informativo, reunindo bibliografia e imagens iconográficas de grande interesse para a história da região do Algarve, o Padre Dr. Afonso da Cunha Duarte (irmão do Prior da igreja de S. Brás de Alportel) ofereceu-nos a obra A República e a Igreja no Algarve.
Este trabalho foi publicado em 2010, ano em que se comemorou o 1º centenário da implantação do regime republicano em Portugal, que punha fim ao regime monárquico instaurado com o nascimento de Portugal, no ano de 1143. Mas o total processo de legalização do novo país só seria concluído em 1179 pelo Papa Alexandre III (conforme era uso na Idade Média em relação aos reis cristãos da Europa).
Depois de uma abordagem histórica do papel da Igreja em Portugal desde o século XVIII, com especial destaque para o estabelecimento do Liberalismo em 1820 e consequentes guerras civis, trata com minúcia as diatribes que a Igreja algarvia defronta após a implantação da República.
“O fado anti-clerical” que percorreu todo o século XIX, atingiria o seu zénite nos anos posteriores ao 5 de Outubro de 1910. O padre Afonso da Cunha Duarte aponta, em particular, o cónego António Caetano da Costa Inglês perseguido pelo regime absolutista-Miguelista. E, logo a seguir, destaca o padre António Barbosa Leão, futuro Bispo do Algarve (desde 3 de Abril de 1908), sobre quem traça alguns dados biográficos preciosos.
Como escreve o padre Afonso da Cunha Duarte “D. António Barbosa Leão sofreu amargamente com a República devido à anarquia reinante” (p.58). A propósito deste condutor da igreja no Algarve, debruça-se sobre os malefícios da Lei da Separação da Igreja e do Estado “que seria responsável pelo controle do Estado sobre o funcionamento do seminário (em Faro), a nomeação de professores e dos livros adoptados”(p.48). O autor conclui este capítulo, realçando que “acabam assim os estudos preparatórios e os alunos (do seminário) são obrigados a frequentar o Liceu”(p.48).
Desvelando os avanços e recuos do anti-clericalismo nas cidades e vilas do Algarve, mostra, com importantes pormenores, “os conflitos pessoais e os distúrbios públicos como as igrejas assaltadas, a presença de arruaceiros nas procissões e algazarras dentro das igrejas” (p.29).
As perseguições a párocos, a desorganização do clero, as prisões de muitos clérigos, a fuga de outros, a ausência de homilias nas missas devido à ignorância de muitos padres, igrejas fechadas pela autoridade, o encerramento do seminário de Faro e a sua substituição por uma escola sacerdotal fundada em S. Brás de Alportel pelo cónego António Caetano da Costa Inglês, são apenas alguns dos contributos para a história da igreja no Algarve.
Livro publicado, em boa hora, pela Casa da Cultura António Bentes de S. Brás de Alportel. A história da igreja no Algarve durante a 1ª República fica assim enriquecida com este acervo histórico sobre os dezasseis anos desta conturbada época em que os políticos se digladiavam em nome da liberdade e da justiça.

5 de Outubro de 2012

Teresa Ferrer Passos