«Eu não tenho medo dos anos e não
penso em velhice. E digo prá você: não pense. Nunca diga estou envelhecendo ou
estou ficando velha. Eu não digo. Eu não digo que estou ouvindo pouco. É claro
que quando preciso de ajuda, eu digo que preciso.
Procuro sempre ler e estar
atualizada com os fatos e isso me ajuda a vencer as dificuldades da vida. O
melhor roteiro é ler e praticar o que lê. O bom é produzir sempre e não dormir
de dia. Também não diga prá você que está ficando esquecida, porque assim você
fica mais.
Nunca digo que estou doente, digo
sempre: estou ótima. Eu não digo nunca que estou cansada. Nada de palavra
negativa. Quanto mais você diz estar ficando cansada e esquecida, mais
esquecida fica.
Você vai se convencendo daquilo e
convence os outros. Então silêncio! Sei que tenho muitos anos. Sei que venho do
século passado, e que trago comigo todas as idades, mas não sei se sou velha
não. Você acha que eu sou?
Tenho consciência de ser
autêntica e procuro superar todos os dias minha própria personalidade,
despedaçando dentro de mim tudo que é velho e morto, pois lutar é a palavra
vibrante que levanta os fracos e determina os fortes.
O importante é semear, produzir
milhões de sorrisos de solidariedade e amizade.
Procuro semear otimismo e plantar
sementes de paz e justiça. Digo o que penso, com esperança. Penso no que faço
com fé. Faço o que devo fazer, com amor. Eu me esforço para ser cada dia
melhor, pois bondade também se aprende."
Cora
Coralina*
* Poetisa brasileira (1889-1985)
que publicou o seu primeiro livro, Poemas
dos Becos de Goiás e Estórias Mais, aos 76 anos. Foi considerada uma das
obras mais importantes do século XX.
Sem comentários:
Enviar um comentário
Deixe aqui o seu comentário