Na planície quieta sob o sol
O sonâmbulo carro sobre a estrada.
O ar está quebradiço como palha.
Os corvos regressaram de manhã
Depois dos longos anos de degredo.
O som de um avião no céu brilhante
Irrompe no ofício de existir.
Sobressalto dos lagos ressequidos.
A cratera de fogo no trigal
Mistura o fumo lento com o sono
E a ferida que se abriu no fio do tempo
Palpita cada vez mais devagar
E seca entre raízes e torrões.
Agora a terra engole os poucos traços
Da última ameaça aos negros reis.
10/7/2012
Fernando Henrique de Passos
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