Mostrar mensagens com a etiqueta praia. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta praia. Mostrar todas as mensagens

sexta-feira, 5 de abril de 2013

Um destino feito da forma das palavras
















De que palavras é feito o azul do mar?
Que sons conduzem ao fio do horizonte?
Que lendas dormem à espera de acordar
No dia em que a pena de um poeta as conte?

De que palavras é feito o cheiro a sal?
Qual é a cor dos sons que escorrem dos navios?
Que praia estenderá seu areal
Aos que um dia enfrentarão os céus sombrios?

Que alma habita a névoa leve, a rocha dura,
Com força de animal, ternura mais que humana?
– É a palavra passada e que é futura,
É o grito, é o langor, da língua lusitana…

27/11/2012

Fernando Henrique de Passos

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Apartamento em Lisboa


Uma praia veio aqui desaguar:

As areias, as águas, os rochedos,
O cheiro espumarento que sopra sobre o mar,
Naufrágios, piratas, monstros e sereias:

Todos os medos:

Rochedos e águas e areias,
A incerta e esponjosa substância
Que é o nevoeiro correndo pelas veias;
Aos nossos pés
Um torvelinho entrelaçado com a ânsia,
A lista das ondas e marés,
O sal colado à boca e às narinas,
O fundo escuro e acre das cavernas,
As medusas demasiado femininas,
Rasgões nos braços e nas pernas,
Sol aos golfões,
Arrastando cofres e jóias e dobrões
E os destroços antigos de velhas caravelas:

Tudo me entrou pelas janelas
Quando pegava na caneta
E procurava o frasco da tinta violeta
E o papel se entornou sobre o soalho
E das gavetas da mesa de trabalho
Saíram caranguejos
Enrolados em medusas e desejos
E as cores absurdas do sol unido ao mar
Misturavam o gelo do azul com a febre do vermelho a delirar…

Parei e respirei o cheiro a iodo:

E nessa altura possuí o mundo todo.

13/5/2012

Fernando Henrique de Passos

sábado, 26 de maio de 2012

Insónia das Galáxias

Quebram-se mastros
Contra os rochedos.
Esboroam-se astros
Entre os meus dedos.

Raios, trovões,
No mar, no espaço,
Nas vastidões
Por onde passo.

Praia encharcada,
Temporal escuro,
Água apressada
Que não seguro.

Os pés na areia
Pisando estrelas
E a maré cheia
Que vem varrê-las.

Cordas que estalam.
Estoira uma quilha.
Luzes que falam.
Noite que brilha.

Chovem planetas,
Chuva normal
E mil cometas
No areal.

Luas, poeira,
Estrelas-do-mar,
A praia inteira
A naufragar.

… Quebram-se mastros
Contra os rochedos...
... Esboroam-se astros
Entre os meus dedos…

26/5/2012

Fernando Henrique de Passos