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quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Rescaldo

Do grande incêndio de há quase dois mil anos
Que calcinou vontades egoístas
Libertando dos seus interiores sujos
Milhares de diamantes de pureza;
Do terramoto que fez ruir palácios
Mais cedo que o previsto
Salvando assim da morte os ocupantes;
Do vendaval escaldante
Que arrancou dos corpos suas vestes
E nus os lançou no longo caminho de regresso a casa;
Da cheia cujas águas cintilantes
Lavaram tanta chaga e podridão;
Do grande incêndio de há quase dois mil anos,
Do grande tumulto na ordem lógica das coisas,
Já só restam carvões quase apagados,
E por todo o lado despontam mais palácios,
E as roupagens cada vez mais ricas
Ocultam feridas tanto mais temíveis.

Senhor, porque não voltas?


16/10/2014

Fernando Henrique de Passos

quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Soneto novo

o incêndio de luz que se estende em todos os sentidos
dentro de mim fora de mim
purificando o já agora
e todo o tempo passado e que há-de vir

o crepitar voraz silencioso
a voz que fala sem palavras
a sabedoria dos cadernos virgens
a liquidez lúcida do espaço entre as ideias

escreve na linha interrompida!
põe mais uma letra!
lança a corda sobre o abismo inominável!

tacteia a luz se o brilho é muito forte
escorrega nos arcos e volutas
mastiga o som do éter luminífero


3/8/2014

Fernando Henrique de Passos