T.F.P.
quinta-feira, 28 de dezembro de 2023
sexta-feira, 22 de dezembro de 2023
DOSSIER NATAL/2023
O PRIMEIRO PRESÉPIO:
«Este ano celebramos os 800 anos do Presépio criado pela primeira vez por São Francisco de Assis. Como é bom construir o presépio em família e recriar a atmosfera que São Francisco quis experimentar: a pobreza em que nasceu o Menino Jesus, a humildade e confiança de Maria e de José, o amor e a paz que emanavam da gruta de Belém».
BILHETINHO DE NATAL
Querido
Menino Jesus
Tenho de te pedir desculpa pois este ano, ao contrário do meu hábito, não vou ter uma poesia pronta para te oferecer no dia do teu Aniversário. O meu trabalho solitário tirou-me toda a disponibilidade para a poesia, e neste caso isso significa que me tirou toda a disponibilidade para ti, o que é muito mais grave. Avalias como é grande a minha ingratidão? Não, não avalias, eu sei. Porque tu és bom, porque tu és a própria Bondade, e já me tinhas perdoado antes mesmo de eu saber que este ano não escreveria a habitual poesia para te oferecer. Neste momento já nem te lembrarias disso se não se desse o caso de ser eu recordar-to. Mas eu, sim, eu avalio a minha própria ingratidão, por saber que te devo tudo, e que tudo o que te oferecesse seria pouco para saldar tão grande dívida. Devo-te esta vida e a promessa da vida que há de vir e a esperança de a poder vir a alcançar, para o que me basta seguir a tua lição tão simples: pensar menos em mim e mais nos outros. Mas que digo eu? A tua lição é simples, na verdade, mas nem assim eu consigo segui-la, e neste Natal deixei-me outra vez fechar sobre mim próprio. Mas agora reparo: que importância pode ter para ti o meu fechamento quando vês o mundo inteiro em convulsões de morte?! Por falar nisso, falta muito para o teu regresso à Terra, que nos prometeste há quase dois mil anos? Cada vez nos fazes mais falta, meu Menino! Este planeta está preso por um fio! Mas não te quero cansar mais. Bem hajas pela tua primeira vinda, cujo alento ainda hoje se faz sentir, ajudando-nos a conseguir ir sempre em frente. Quanto à segunda vinda, a definitiva, só tu e o teu Pai sabem qual a altura propícia para ela.
Aceita um grande abraço deste teu amigo,
«Então Herodes ficou muito irado e mandou matartodos os meninos de Belém e de todo o seu território,da idade de dois anos para baixo»Mateus 2,17
de Gaza. Hoje. Porque o tempo parou em Herodes
da Judeia. Ontem. Parou nos seus sofismas de morte.
Hoje ou ontem, Herodes dá ordem para matar
como se fosse uma ordem para viver. O tempo passa
assim igual à crueldade, à indiferença.
E os Herodes ressurgem com outros nomes
num tempo a recusar estar para além dos Herodes
e de todos os seus seguidores.
Os novos Herodes ignoram a vida das crianças.
Imperturbáveis no delírio em que vivem,
nem sonham como se enganam.
Não veem os braços alquebrados
das mães sufocadas de lágrimas, nem
o choro dos pequeninos os alerta.
E o tempo novo vai ressuscitando
os Herodes que duvidam da própria morte
ao alcançarem os seus intuitos miseráveis.
São os dias carregados de impureza.
Os dias ensombrados e sem luz.
Os dias erguidos no altíssimo altar
de um outro Herodes ainda
mais ávido de sangue.
Mesmo que seja sangue
de inocentes a traçar
a escuridão na luz.
Natal de 2023
Teresa Ferrer Passos
*
"Ouviu-se uma voz em Ramá,uma lamentação e um grande pranto:É Raquel que chora os seus filhosporque já não existem"»Mateus 2, 18
segunda-feira, 11 de dezembro de 2023
Manuel Neto dos Santos na Apresentação de «Livro dos Regressos», em Memória de sua mãe. |
UM POEMA DO «LIVRO DOS REGRESSOS» de MANUEL NETO DOS SANTOS (Arandis Editora, 2023, p.199) apresentado pelo autor, em Alcantarilha (Dia de Nossa Senhora da Conceição):
quinta-feira, 30 de novembro de 2023
terça-feira, 28 de novembro de 2023
OS INOCENTES
Vejo pela janela indiscreta do escritório,
a tremer ainda na árvore. Estão demasiado
assustadas com o vento que as faz esvoaçar para a distância.
Vejo a sua amargura, vejo a sua incredulidade.
E lembro-me das crianças inquietas,
das crianças a perderem-se do pão e do abrigo certo da casa,
das crianças nascidas para a vida na Faixa de Gaza.
Como as folhas secas não entendem o vento
as crianças não sabem que deixaram
A morte espreitou-as e ali ficou no seu corpo pequenino,
As folhas secas são velhas. Mas as crianças não.
que deixaram de crescer com o dourado do sol,
Enregelando nos escombros empilhados,
caldeiras fumegantes acesas pelo ódio.
Dormem agora, as crianças, como folhas secas.
Como as folhas secas as crianças tombaram
de uma vontade, apenas e só, desumana?
domingo, 19 de novembro de 2023
DIA MUNDIAL DA POBREZA
O POBRE
quarta-feira, 15 de novembro de 2023
CAMINHAR AINDA
sábado, 11 de novembro de 2023
*
A mãe, a raiz de que não podemos abdicar, porque foi dela que irrompemos um dia.
domingo, 5 de novembro de 2023
UM POEMA
Buçaco, Agosto de 2000 |
Esperamos calmamente o fim do mundo.
Não somos notícia, podemos esperar.
Tempestades, secas, desastres financeiros.
Não somos notícia e não temos pressa.
As notícias lutam entre si para acontecer primeiro:
Guerras, epidemias, terramotos.
Que deixará de existir quando parar o tempo.
Erupções vulcânicas, descarrilamentos de comboios.
Murmurando doçuras um ao outro.
As notícias gritam! As notícias choram!
As notícias gemem! As notícias uivam!
Meu amor… meu amor… meu terno e doce amor…
UM POEMA
Aguarela |
CONSTÂNCIA
No 30º aniversário do nosso noivado
«Nem as águas caudalosas conseguirão apagar o fogo do amor,nem as torrentes o podem submergir.»Cântico dos Cânticos, 8, 7
As folhas tocam-se nos plátanos encandeados de vento.
São ténues as suas feridas curadas
num verão doce, sob um sol abrasado na larga viagem.
Entre os nossos os dias amadurecidos na esperança,
um novo rebento devia florescer nas linhas nevoentas
que escrevemos no vagar das sombras
que nos abraçam caprichosas.
Num instante, parecem abrir-se as portas sem trinco
e gritamos a calma e o calor como se fosse anjos protetores.
Agora é já novembro, tudo tão perto, tudo tão perto.
E adormecemos na fé precária de um caminho,
dando as mãos enrugadas pelo tempo, as trevas, a dor.
Continuamos. Continuamos peregrinos, de mãos dadas,
à espera de uma via mais sólida que rompa os muros
erguidos por cada folha ainda a esvoaçar
ao som brutal do vento.
5/11/2023
Teresa Ferrer Passos
sexta-feira, 3 de novembro de 2023
DIA DE FINADOS
TEMPO ESCASSO
quarta-feira, 1 de novembro de 2023
DIA DE TODOS OS SANTOS
domingo, 29 de outubro de 2023
DOIS POEMAS
O paradoxo é fértil e floresce
E assusta o mundo
E é de noite que amanhece
E quanto mais tarde mais fecundo.
No dia em que a luz amou o nevoeiro
Abriu-se uma janela no destino
Por onde entrou de supetão
Uma rajada de ar frio e cristalino.
Um frio de fazer forte o mais cobarde,
Um ar cristalino onde vibrava Cristo,
Um novo destino dizendo: “Não é tarde
Para tudo correr como previsto.”
O nevoeiro, amado, fez-se luz,
Igual à luz da sua amada,
E o amor de ambos não sabe o que é o fim
Pois quem tem tudo não tem medo do nada.
29/10/2023
Fernando Henrique de Passos
INFINITO OLHAR
nas arribas do mar olho a voz da espuma.
Que voz desconhecida,
que voz de silêncio, imperturbável.
Que voz inesperada agita súbito
o meu coração desvairado e num torpor
só semelhante a um animal perdido e sem alento.
Sinto a espuma em flocos cair sobre os meus olhos
e vejo nela a eternidade toda a transfigurar-se
no teu infinito olhar.
29 de Outubro de 2023
Teresa Ferrer Passos
sábado, 28 de outubro de 2023
FRAGMENTO 6
Se houvesse televisão desde há quase dois mil anos até ao holocausto na 2ª Guerra Mundial, perpetrado por um Estado nazi, racista e xenófobo, imagens idênticas e muito mais graves podiam surgir sobre o que fizeram aos judeus e a Israel, em muitos momentos da sua longa História. Talvez este Povo esteja farto de tantas agressões e, quem sabe, se a dizer apenas aos seus vizinhos: BASTA!
28/10/2023
Teresa Ferrer Passos
quarta-feira, 25 de outubro de 2023
Uma passagem de «Anunciação», romance que publiquei em 2003, Universitária Editora, pág.17:
sábado, 21 de outubro de 2023
A GUERRA TELEVISIONADA
terça-feira, 17 de outubro de 2023
CAMPO DO MUNDO
quinta-feira, 12 de outubro de 2023
HOMENAGEM e MEMÓRIA
segunda-feira, 9 de outubro de 2023
FRAGMENTO 5
Ali onde a ciência vê um muro;
Entro no Horto da Verdade
Para a colher qual fruto bem maduro.
Mastigo-lhe a polpa suculenta,
O sumo escorre-me das mãos;
Vou contar a novidade violenta
A todos os humanos, meus irmãos:
Não procureis uma chave arrevesada,
Nem uma porta que custe a ser aberta;
O Jardim tem a porta escancarada
A quem olhar da maneira certa.
Fernando Henrique de Passos
(«Ecos Abaixo do Audível», Leiria, Hora de Ler, 2020, p.9)
domingo, 1 de outubro de 2023
EMMANUEL LEVINAS (1906-1995), Filósofo de ascendência judaica e da Lituânia recebeu a influência de Descartes, da fenomenologia de Husserl e da ética de Martin Büber.
"A unidade da pluralidade é a paz, e não a coerência de elementos que constitui a pluralidade. A paz não pode, pois, identificar-se com o fim dos combates por falta de combatentes, pela derrota de uns e a vitória dos outros, isto é, com os cemitérios ou os impérios universais futuros".
Emmanuel Levinas, «Totalidade e Infinito», Edições 70, 1988 , p.286 («Totalité et Infini»,1ª edição, 1980).
quarta-feira, 27 de setembro de 2023
CAPELINHA DAS APARIÇÕES À NOITE NA COVA DE IRIA
ECOLOGIA
De troncos ressequidos, de folhas velhas, decadentes, de frutos
apodrecidos na terra árida, se construiu e reconstruiu o mundo.
T.F.P.
domingo, 24 de setembro de 2023
DIA MUNDIAL DOS MIGRANTES E REFUGIADOS
sábado, 23 de setembro de 2023
RECORDANDO O DIA DA MORTE DO POETA
ANTÓNIO RAMOS ROSA (1924, 17/10-2013, 23/9) - Tendo recebido o PRÉMIO PESSOA, o PRÉMIO NACIONAL DE LITERATURA, entre outros, fundou e colaborou com ensaios literários nas revistas Cassiopeia, Árvore e Cadernos do Meio-Dia. Além de uma vasta e polimórfica obra poética, cultivou o ensaio literário e ideológico sobretudo na obra Poesia Liberdade Livre.
da pedra negra e alta
da matéria da linguagem e nos lábios
feridos da pureza numa festa.
Festa do mar e da palavra livre
que festa seria do corpo libertado?
Aqui cintila a coluna do não-ser
aqui se perde a pedra e o fogo livre.
de um outro fogo do mar de uma outra festa
que viria da palavra de outro ser.»
António Ramos Rosa, O Incêndio dos Aspectos, A Regra do Jogo Edições, Lisboa, 1980, p.83.