O POBRE
Ignorado, espezinhado.
Sem voz nem alma, vegeta nas ruas como erva ruim.
Incomoda quem o vê recôndito como um impossível.
Passa com uma contida existência,
arrastando-se como se não fosse alguém.
Na era da abundância, abundância guardada
ciosamente só para alguns aventurados
avaros demais, sem margem de consciência
e sem um olhar largo capaz de chegar ao outro.
Miserável, passa escasso. Não pede. Não sabe pedir.
E vive? Vive das sobras vazadas na tigela quase vazia.
É indigente, dizem.
E a sua voz nada entoa. Sente por dentro somente.
A cada hora. Ninguém escuta o fracasso.
Ele é apenas um silêncio vago a vogar na indiferença,
um silêncio de infinito e de opaco nevoeiro.
Teresa Ferrer Passos
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