Ilha de Helgoland (Alemanha) |
QUANDO ESTE SE ENCONTRAVA EM HELGOLAND
As raízes da razão mergulham na loucura
Como tentáculos descendo um precipício:
A primeira esteve no início
E a segunda estará no fim desta procura.
Não esperes clarões nem fogo-de-artifício:
A gruta da serpente é infinitamente escura
E deverás proceder ao sacrifício
Do resto de luz que em ti perdura.
9/1/2015
ÀS PORTAS DO MISTÉRIO
Estou na superfície do sol e chove intensamente.
Termina aqui o mapa que encontrei
Quando passeava no sótão de um chalé
Onde memórias de laços e de rendas
Jogavam uma partida de canasta
Entre teias de aranha e maços de jornais
Com numerações mais baixas do que o zero.
A mensagem cifrada fala em caves
Onde se guardam bibliotecas
De livros interditos a adultos.
Presumo então que devo mergulhar
E procurar debaixo das lagoas
Onde borbulha o ouro liquefeito
A sombria raiz do arco-íris.
12/1/2015
À TRANSPARÊNCIA
A madrugada despe-se dos medos.
Vejo-a pela praia entreaberta,
Quase ao alcance dos meus dedos,
Já só coberta
Por translúcidos sussurros e segredos.
A brisa está alerta
E a água que corre entre os rochedos
Aguarda a hora ‒ imprevisível e contudo certa ‒
Em que os meus sonhos serão como brinquedos
Nas mãos da luz então por fim desperta.
14/1/2015
Fernando Henrique de Passos
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