Constelações
de fogo
Altares
suspensos sobre o espaço
Sangue
nobre colhido em taças de oiro
Espasmo
do mármore ao toque azul da hóstia
Desertos
negros riscados pela prata
O
contacto da pele do pensamento
Com a
carne hesitante e nervosa da existência efémera
Abala
a estrutura rígida das coisas
Provoca
a mudança de estado do real
Derrete
a solidez satisfeita do sensível
Que,
agora liquefeito, alaga violentamente
As
margens demarcadas da lógica clássica
(O
Estagirita esbraceja e S. Tomás
Debalde
enseja lançar-lhe o seu auxílio.
Platão
serve a Plotino,
Que
sorve o suco dos frutos mais exóticos,
O
açúcar do riso dos profetas
E a
verde humidade das florestas
Onde o
calor cozinha a novidade)
O Céu
abriu-se na noite de Saint John
Entresílabas
de séculos passados
E
coches carregados de esmeraldas
E
línguas de terras de além-mar
E
cofres e caixas de Pandora
E o
selo número sete protege o formigueiro
Mas eu
suspeito que alguém já o quebrou
O Céu
abriu-se, abriu-se tanto
Que
nada já parece inteiro
Mas no
auge do trágico e do espanto
Chegou
ao fim a tinta no tinteiro
25/6/2014
Fernando Henrique de Passos
* “Vereis o Céu aberto
e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do Homem.” (Jo 1, 51)
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