Quase impossível
Escutar o murmúrio das estrelas
Por entre o estrondo do choque dos planetas
E o som dos phones
nos ouvidos.
No tilintar seco das grilhetas
Há horizontes divididos,
Há lugares santos profanados,
E ao pé da Cruz há mais soldados
Jogando a túnica inconsútil
E sempre que lançam os seus dados
É pus que cospem nos olhos de crianças.
Há o cinzento dos céus mais desolados,
Vermes viscosos fazendo o ninho em tranças
De jovens virgens, quase pueris
(E vós, pais, vós consentis!),
Ritos satânicos, raiva ao som de danças,
E as cores mais brandas
Tornadas negro, tornadas visco, tornadas vis.
Quase impossível achar os termos certos
Por entre os gritos fechados nas gavetas,
Quando a extensão infinita dos desertos
Polui a água dos cânticos libertos,
Chupada por milhões de poros e de gretas,
Tornada lama correndo nas valetas.
18/6/2014
Fernando Henrique de Passos
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