no dia 13 de Maio de 1917
Vós acedestes aos espaços que transgridem
As leis ordinárias da matéria;
Onde as ideias não referem substâncias,
Onde o fluir não tem fluente,
Onde as imagens não se casam com palavras,
Onde os sons não podem verberar,
Onde a luz se cristaliza nas pupilas.
Presenciastes a forma inominável,
A forma onde cabe o mundo inteiro.
Respirastes um ar não feito de moléculas,
Sentistes calor sem vibração dos átomos.
Tudo era ternura, tudo era presença.
Lágrimas sem água corriam por vós e sobre vós.
A mão meiga e sem carne era etérea seda em vossas faces.
O olhar transparente deixava ver as estrelas incontáveis.
Doçura em estado puro correu em vossas veias como um mel,
Sem a mediação que deve percorrer distâncias.
Um sentido, um caminho, uma vontade,
Eram enxertados em vós como videira.
E quando esse vento imóvel vos deixou,
Permanecendo em vós ao mesmo tempo
Por um sortilégio dos espaços abstractos,
Vós dissestes:
Mãe!
11/5/2012
Fernando Henrique de Passos
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