quinta-feira, 3 de maio de 2012

O Legado de Pitágoras



Os enxames de areia na cabeça
Do velho que só sabe matemática.
O interior de uma praia abandonada.
Os inúmeros choques das ínfimas partículas
De encontro às cavernosas paredes do seu crânio.
As asas de pedra laceradas que raspam no vazio.
Desertos corredores com noite ao fundo.
Símbolos e múmias.
Luzes de néon a brilhar no fim do Espaço.
Silenciosas palavras geométricas:
Rectas, quase sempre, e alguns círculos.
Os zumbidos dos fósseis dos insectos.
A casa assombrada ao meio-dia
Quando o centro de um eclipse precoce
Cobre de gelo os seus espelhos.

… a mão estendida para o nada
Agarra um poema.
E o poema sangraria
Se tivesse sangue.

2/5/2012

Fernando Henrique de Passos


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