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quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

1º Centenário do Nascimento de Vergílio Ferreira

Casa onde nasceu Vergílio Ferreira, em Melo (Gouveia)

«Era a alegria, a vida inteira ali. Inteira perfeita, mas não eras só tu. O teu corpo não era só tu. Havia nele o mar e a areia e tudo o que convergia para a tua vitalidade a transbordar. Porque um corpo perfeito, querida, precisa de muito espaço à volta para irradiar a sua perfeição. Deus está em todo o lado por isso. Havia uma ligação de ti com as coisas, com as mais distantes, para se cumprir a tua divindade.»

Vergílio Ferreira, Em nome da terra, Bertrand Editora, Lisboa, 1990, p. 56.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

Linhas de um dos seus romances...

Vergílio Ferreira (1916-1996)

«Debruçámo-nos da janela e o mar existiu logo na transcendência de nós, no sem-fim espraiado e todavia apaziguado da sua inquietação. Víamo-lo em baixo, aberto de toalhas rendadas de espuma para o invisível da graça que devia sorrir em nós. E havia o azul intenso da sua origem. E havia em nós o silêncio para tudo poder falar»

           Vergílio Ferreira, «Na tua Face», Bertrand, 1993, p.184

sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Para Sempre



«Tem os lábios cerzidos, a face macilenta. Dá a volta à casa pela frente, vejo-a agora de costas, desliza como aragem pelo chão. Em volta, o jardim imóvel no silêncio. Mas de súbito, aponta de novo à esquina da casa, vem de novo para mim, vem crescendo como um susto. Mas não me olha, não me fala. Vejo-a de costas outra vez, desaparece atrás da casa. É uma tarde de Verão, ergue-se de horizonte a horizonte. Uma voz canta ao longe, na dispersão do entardecer. Vem do fundo da terra, sobe em círculos pelo ar, evola-se na distância. Fico a ouvi-la no silêncio em redor.»

Vergílio Ferreira, Para Sempre, Bertrand Editora, 8ª edição, 1991, p. 10 (1ª edição, 1983).