«Tem os lábios cerzidos, a face macilenta. Dá a volta à casa pela frente, vejo-a agora de costas, desliza como aragem pelo chão. Em volta, o jardim imóvel no silêncio. Mas de súbito, aponta de novo à esquina da casa, vem de novo para mim, vem crescendo como um susto. Mas não me olha, não me fala. Vejo-a de costas outra vez, desaparece atrás da casa. É uma tarde de Verão, ergue-se de horizonte a horizonte. Uma voz canta ao longe, na dispersão do entardecer. Vem do fundo da terra, sobe em círculos pelo ar, evola-se na distância. Fico a ouvi-la no silêncio em redor.»
Vergílio Ferreira, Para Sempre, Bertrand Editora, 8ª edição, 1991, p. 10 (1ª edição, 1983).
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