domingo, 2 de março de 2025

O CANTO DA PAZ  

um mundo em turbilhão sacode as mentes.
bruscamente.
o ânimo e a vontade vacilam.
a sociedade está desavinda.
palavras soltam-se esfomeadas como nunca antes,
comentadores de televisão esgrimem razões
marcadas de esterilidade.
ouço raras palavras lúcidas. sem eco.
o ambiente é todo obscuridade.
a ideia de paz desmorona-se na areia movediça
e cai num abismo mórbido.
como encontrar a paz perguntam alguns?
nos corações não se oculta 
como poderíamos acreditar.
as boas intenções começam
a perder-se de sentido
e os diálogos já não fazem
nascer o pão da espera.
novas discórdias erguem-se com vozes
a atropelarem-se. avança a dureza dos derrotados.
a beleza do bem é adiada. estão encerradas
as portas da paz. a guerra alastra. indiferente.
o nosso ser e a nossa confiança não se tocam.
será que a morte os viu algures?
dormem um sono sem regresso?
ou afastaram-se do mundo por cansaço?
para sempre? alguém o saberá?
...ouço em intervalos breves
o chilreio de um melro a cantar a paz.
cantava a saltitar num jardim da cidade 
habitada por gente arrogante que clamava:
armas, armas precisam-se!
só o som dos tambores da guerra soava
sem sombra de piedade.

2/Março/2025
                                     Teresa Ferrer Passos



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