ALTAR DIVINO
a leveza do fruto tão pequenino
tão cheio de sobriedade
a esconder-se na pinha que o resguarda
com um carinho de mãe.
sôfrega dos seus filhos multiplica-os nas suas pregas
fortíssimas antes que caiam na terra.
essa mãe está atenta ao seu crescer
lento e manso.
e os pinhões ansiosos soltam-se
do pinheiro em instantes inesperados.
únicos. são filhos de um Deus imenso
de raízes transcendentes e capaz de os dotar
de liberdade.
num abismo são projetados.
num mundo áspero ficam. a indiferença
é brutal, alheia ao destino dos pinhões.
que delícia se uma criatura os encontra entre
as folhas simples, essas agulhas verdejantes,
a distinguirem-se das folhas de todas as outras árvores.
na paradisíaca planície das areias macias,
amarelecidas pelo sol ardente
e poderoso como fantástica muralha
de denso mármore repousa o pinheiro.
oh idílica árvore que o vento verga até à terra
sem a fazer perder o altar divino do seu tronco
e das suas agulhas de uma idade longa. sem conta.
21/3/2025
Teresa Ferrer Passos
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