quinta-feira, 8 de outubro de 2020

CAMINHOS: Entre os homens, numa terra árida (2)


«As gerações humanas tinham esquecido a imagem de Deus. Por este meio, dava-se a conhecer, guiado só pelo amor às criaturas. Esta mulher chamada Maria, no centro de uma epifania era a bendita entre todas as mulheres. A sua disposição para aceitar um tal nascimento, a partir das suas entranhas, estava para além do sentido humano. Eu seria o primeiro ser humano a nascer fora das leis da natureza.
As leis da procriação, que Maria julgava imutáveis iam ser transgredidas pelo próprio Criador. A maternidade santa de minha mãe era apenas um acidente na evolução do mundo humano. Uma honra valiosa demais para ela, mas que estava disposta a assumir como um serviço a Deus e à humanidade.
O Criador de tudo o que existe convidara-a para ser a arca da sua encarnação humana. Deus a tornar-se humano, no corpo de Maria.
Como não havia de ser ditosa, entre todas as mulheres?»

Teresa Ferrer Passos, «Jesus até ao Fundo do Coração» (romance), Chiado, 2016, pág. 36.

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