Santuário de Fátima sem peregrinos, a 13 de Maio de 2020 |
OS PEREGRINOS NÃO ESTAVAM LÁ...
Nas suas casas, confinados à virtual
máquina, a projetar imagens muitas
mas sem dentro,
todas a sucederem-se ensurdecidas
no retângulo feito de mudez,
nulo de sacralidade ou afeto. As imagens
dispersam-se na mente, in-significantes,
des-carnadas, a deixar os olhos escassos
e abismados frente a um espaço estéril.
São imagens do ecrã a que falta
a doce sensação do lugar,
a que falta a Mãe que lhes sorri,
a que falta o som das suas palavras
a inscreverem-se no olhar dos peregrinos
desde Maio de 1917.
São imagens a que falta
a azinheira amada salpicada
pela chuva intensa da manhã,
a que falta o cheiro das velas
acesas nos olhos ávidos apesar da névoa
e mais que tudo, a que falta oferecer
o louvor grato à Mãe serena, pronta,
esperando à porta da capelinha
os mais pequeninos do mundo.
São imagens a que falta
da Mãe poderem receber a bênção ansiada.
Uma simples folha, uma pedra ou
uma partícula de vento,
tocada pelo divino, torna-se abençoada.
Porque só nela há o encontro da sobrenaturalidade
e porque só nela os peregrinos
sentem regressar a casa regenerados.
14 de Maio de 2020
Teresa Ferrer Passos
14 de Maio de 2020
Teresa Ferrer Passos
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