SALVADOR DALI, «A Persistência da Memória» (Barcelona, 1931) - A paisagem representa os penhascos e o mar perto da casa de Dalí, em Barcelona. O pintor ilumina-os com uma luz transparente e serena. |
No dia 1 de Outubro, a resposta de Rajoy foi excessiva ao chamar a policia de choque para reagir à desobediência de milhares de catalães (quase 900 feridos) - um referendo para votarem com vista à independência política da Catalunha. Não nos podemos esquecer que o condado da Catalunha (séc. IX), dirigido então pelo conde de Barcelona Raimundo, não tem uma história muito diferente da história do condado portucalense (séc. XI-XII), mais tardio, portanto. A história da luta do condado de Barcelona pela autonomia é multi-secular e bem mais antiga do que a própria luta do conde D. Henrique (o herdeiro do condado portucalense) e de D. Afonso Henriques.
A vitória de Afonso Henriques sobre sua mãe, D. Teresa e o seu partidário, conde de Trava (favoráveis à subordinação dos portucalenses à Galiza) na batalha de S. Mamede (Guimarães), em 1128, marcou o dia da primeira tarde portuguesa, como sublinhou o historiador Damião Peres. No ano de 1139 (ou 1140), já Afonso Henriques usava o título de rei de Portugal. E, em 1143, é reconhecido com esse título por Afonso VII de Castela (de quem era vassalo).
A vitória de Afonso Henriques sobre sua mãe, D. Teresa e o seu partidário, conde de Trava (favoráveis à subordinação dos portucalenses à Galiza) na batalha de S. Mamede (Guimarães), em 1128, marcou o dia da primeira tarde portuguesa, como sublinhou o historiador Damião Peres. No ano de 1139 (ou 1140), já Afonso Henriques usava o título de rei de Portugal. E, em 1143, é reconhecido com esse título por Afonso VII de Castela (de quem era vassalo).
Agora, o sentimento patriótico do povo catalão mostra que, sendo muito antigo, continua vivo (apesar da passagem de séculos, com altos e baixos autonómicos) entre tantos reveses da história. Nesta conformidade, o governo central de Espanha não deveria esquecer esse perfil histórico da região catalã. Deveria sujeitar-se à decisão, nas assembleias de voto, do povo catalão. Deveria ouvir, democraticamente, a vontade popular. Não o quis, desbaratando as caixas com os boletins de voto, poucos dias antes da data para a votação, em 1 de Outubro. Não o quis, ao usar a força policial contra aqueles que queriam exercer o direito de votar pró ou contra a independência. Como nos ensina a história, não se brinca com a vontade independentista dos povos. Rara tem sido, a vitória final daqueles que a querem impedir.
Lembramos que foi, em 1640, que as rebeliões catalãs deram a Portugal uma excelente oportunidade para repudiar a dominação espanhola não desejada pelos Portugueses (domínio filipino de 1580 a 1640). Nesses anos subsequentes a 1640, o apoio do rei inglês (e de outros reis da Europa) acabaria por reconhecer a auto-proclamada independência de Portugal, não aceite por Filipe IV. A Espanha manteve a guerra contra Portugal até 1668, durante quase 30 anos. A nossa independência já fora posta em grande perigo na crise dinástica de 1383-1385, em que se notabilizaram D. João, Mestre de Avis (D. João I) e D. Nuno Álvares Pereira, pela acesa e guerreira luta para a restaurar.
Lembramos que foi, em 1640, que as rebeliões catalãs deram a Portugal uma excelente oportunidade para repudiar a dominação espanhola não desejada pelos Portugueses (domínio filipino de 1580 a 1640). Nesses anos subsequentes a 1640, o apoio do rei inglês (e de outros reis da Europa) acabaria por reconhecer a auto-proclamada independência de Portugal, não aceite por Filipe IV. A Espanha manteve a guerra contra Portugal até 1668, durante quase 30 anos. A nossa independência já fora posta em grande perigo na crise dinástica de 1383-1385, em que se notabilizaram D. João, Mestre de Avis (D. João I) e D. Nuno Álvares Pereira, pela acesa e guerreira luta para a restaurar.
4 de Outubro de 2017
Teresa Ferrer Passos
Nota: Parte deste texto foi publicado como comentário na postagem de Miguel Castelo Branco (Facebook) em 3 de Outubro de 2017
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