(A foto da manhã
seguinte era um buraco na folha do jornal.
Ninguém podia
olhar sem cair lá dentro.)
flash!
Pedaços de um sonho
No meio da noite
O asfalto molhado
A chuva miúda
E eu de pijama
No centro do medo
Debaixo do néon
No gelo da luz
flash!
Os faróis de um carro
(Restos de outros sonhos)
Relâmpagos mortos
Silêncios aquosos
Sem luz os semáforos
Há um cruzamento
Na esquina das horas
Choque de minutos
Na urbe deserta
flash!
E passam destinos
Nas luzes do céu
(Luzes de avião?
Rastos de cometa?)
Trovões muito ao longe
Nuvens soterradas
Espasmos do negrume
flash!
Faróis de outro carro
E o som ancestral
E reconfortante
Dos pneus embebidos
Da água da estrada
flash!
Luz de uma lanterna
Ronda do acaso
Pisando palavras
Rostos desbotados
Flocos de papel
flash!
Um ponto vermelho
Brasa de um cigarro
Alguém que vem lá
flash!
A luz que me cega
Que estala no ar
Bate nas paredes
Faz fendas no chão
A fúria do vento
A água que fere
Os gritos do céu
A terra a uivar
Luz por todo o lado
Luz que faz doer
Nas casas nas portas
Janelas jardins
flash!
Um túnel na luz
Um golpe no espaço
Luz que é mais que luz
O Sol a um passo
FLASH!
27/10/2013
(Poema inédito)
Fernando Henrique de Passos
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