Fotógrafo numa rua de Lisboa em 1948 |
Olha:
Entre as palavras desmanchadas de um poema anónimo
(Agosto é um lago
no meio dos lírios)
Brotou uma nascente de água fresca
(Delírios de luz
a lavar Lisboa)
És tu – nasceste
Vejo-te em sucessivas idades sobrepostas
(Num largo parado
à espera de vento)
Tens quinze anos e vejo-te dançar
(Grandes
monumentos projectando sombra)
É noite – é ontem – a pura nudez da vinda ao mundo
(Agosto é parar,
respirar murmúrios)
Vejo-te nos sucessivos delírios da luz desta jornada
(Agosto é um lago
liberto das margens)
Na sombra estreita das ruas de Lisboa quando são duas da
tarde
(Secreta viagem
ao centro do tempo)
E na resposta a todas as perguntas mais antigas:
Nasceste – é hoje – és tu
9/8/2013
(Poema inédito)
(Poema inédito)
Fernando Henrique de Passos
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