Mostrar mensagens com a etiqueta Agosto. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Agosto. Mostrar todas as mensagens

sábado, 9 de agosto de 2014

Nove de Agosto


Conheço cada idade tua,
E todos os anos até te conhecer.
Conheço o espaço capicua
Que vai do teu amanhecer
À promessa que luta por nascer
No tardio céu da nossa rua.

(falo-te de fadas e de fogo
de escadas que sobem às estrelas
de velas que iluminam os altares de Agosto
de luzes que lambem liturgias mornas
de cânticos idênticos a cardume alado
enchendo de prata as noites perfumadas
pela poesia mansa dos pinheiros doces)

Conheço as manhãs e as noites deste dia
E amo tudo nelas
E sofregamente lhes sorvo tristeza e alegria
E ambas me dão forças para abrir janelas
Donde avisto Vénus, Sol e Lua…

…E esperam só Mercúrio, as três sentinelas
Do deslumbrante céu da nossa rua.

9/8/2014

Fernando Henrique de Passos

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Neste dia

Fotógrafo numa rua de Lisboa em 1948

Olha:
Entre as palavras desmanchadas de um poema anónimo
(Agosto é um lago no meio dos lírios)
Brotou uma nascente de água fresca
(Delírios de luz a lavar Lisboa)
És tu – nasceste

Vejo-te em sucessivas idades sobrepostas
(Num largo parado à espera de vento)
Tens quinze anos e vejo-te dançar
(Grandes monumentos projectando sombra)

É noite – é ontem – a pura nudez da vinda ao mundo
(Agosto é parar, respirar murmúrios)

Vejo-te nos sucessivos delírios da luz desta jornada
(Agosto é um lago liberto das margens)
Na sombra estreita das ruas de Lisboa quando são duas da tarde
(Secreta viagem ao centro do tempo)
E na resposta a todas as perguntas mais antigas:
Nasceste – é hoje – és tu

9/8/2013

(Poema inédito)

              Fernando Henrique de Passos